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Não tenho ido muito ao cinema, não por vontade ou qualquer outra razão, mas por falta de opção, tenho achado muito poucos filmes que valham a pena. Olha que adoro cinema, uma das razões que me fizeram desistir da faculdade de economia, onde fazia turismo.
parágrafo primeiro. No meu caminho para a faculdade havia um cinema, hoje é um estacionamento, pelo menos não virou uma igreja. Era o Cine Baltimore, que tinha várias salas, uma delas de nome Bristol, o cara que fazia a programação lá era um gênio. Me lembro dos ciclos de cinema, cada um durava uma ou duas semanas, era ciclo do cinema noir, guerra do Vietnam (Apocalipse Now, Cia. Charlie, etc.), filmes pacifista (Johnny vai a guerra, Nada de Novo no Front, etc.); Truffaut em preto e branco (Amor aos 20, Jules e Jim, Os Incompreendidos), clássicos da ficção (Guerra dos Mundos, Metrópolis, O Dia que a Terra Parou, até Barbarella, com a Jane Fonda aos 20), cada semana um ciclo novo e cada dia um novo filme, sinto uma falta grande disso e, convenhamos que era bem melhor que estudar futurologia na faculdade de economia.
Voltando, assim, na pausa da briga com o computador, fui convencido por minha mulher a assistir "Quem quer ser um milionário", fui cabreiro, com o preconceito do Oscar, mas confesso que o filme me impressionou.
Em primeiro lugar quero dizer que gostamos do filme, é um filme triste, interessante, com um roteiro, seqüência e montagem excelentes, mas acima de tudo cru, extremamente cru ao mostrar a miséria favelizada com o contraste da Índia Brâmane e pós moderna, paraíso do capitalismo. A Índia que agora vira coisa glamurosa na novela da globo.
parágrafo segundo. Falem o que quiserem, favela é uma coisa miserável, tinha uma professora de citologia que dizia que a forma é expressão plástica da função (os arquitetos, em especial o Niemayer, deveriam se dar conta disso), e a favela é isso e apenas isso, a expressão plástica da miséria em seu mais elevado grau.
Não tenho ido muito ao cinema, não por vontade ou qualquer outra razão, mas por falta de opção, tenho achado muito poucos filmes que valham a pena. Olha que adoro cinema, uma das razões que me fizeram desistir da faculdade de economia, onde fazia turismo.
parágrafo primeiro. No meu caminho para a faculdade havia um cinema, hoje é um estacionamento, pelo menos não virou uma igreja. Era o Cine Baltimore, que tinha várias salas, uma delas de nome Bristol, o cara que fazia a programação lá era um gênio. Me lembro dos ciclos de cinema, cada um durava uma ou duas semanas, era ciclo do cinema noir, guerra do Vietnam (Apocalipse Now, Cia. Charlie, etc.), filmes pacifista (Johnny vai a guerra, Nada de Novo no Front, etc.); Truffaut em preto e branco (Amor aos 20, Jules e Jim, Os Incompreendidos), clássicos da ficção (Guerra dos Mundos, Metrópolis, O Dia que a Terra Parou, até Barbarella, com a Jane Fonda aos 20), cada semana um ciclo novo e cada dia um novo filme, sinto uma falta grande disso e, convenhamos que era bem melhor que estudar futurologia na faculdade de economia.
Voltando, assim, na pausa da briga com o computador, fui convencido por minha mulher a assistir "Quem quer ser um milionário", fui cabreiro, com o preconceito do Oscar, mas confesso que o filme me impressionou.
Em primeiro lugar quero dizer que gostamos do filme, é um filme triste, interessante, com um roteiro, seqüência e montagem excelentes, mas acima de tudo cru, extremamente cru ao mostrar a miséria favelizada com o contraste da Índia Brâmane e pós moderna, paraíso do capitalismo. A Índia que agora vira coisa glamurosa na novela da globo.
parágrafo segundo. Falem o que quiserem, favela é uma coisa miserável, tinha uma professora de citologia que dizia que a forma é expressão plástica da função (os arquitetos, em especial o Niemayer, deveriam se dar conta disso), e a favela é isso e apenas isso, a expressão plástica da miséria em seu mais elevado grau.
parágrafo terceiro. Os brasileiros, em especial os cariocas, são os únicos que glamourizam a favela, em seus filmes, seus programas e suas celebridades da casa de caras. Lembram um quadro do fantástico que dizia que favela é uma coisa legal. Não sei se é a linha política da globo, de tentar emplacar o Rio de Janeiro como uma coisa ainda maravilhosa ou se é pela vergonha pelo que deixamos acontecer.
Voltando mais uma vez, não vou entrar em detalhes, mas o filme é a trajetória de 3 crianças, até tornarem-se jovens, cuja vida começa a ficar pior a partir de um massacre, de razões religiosas (tudo vale em nome de deus), e cometido sob olhar e complacência da polícia.
Mas o filme poderia ter sido feito em qualquer favela do mundo, a da Maré no Rio de Janeiro, Maria Degolada em Porto Alegre, Paraisópolis em São Paulo, Vila Oficinas em Curitiba ou Estrella em Bogotá. Os cenários miseráveis são os mesmos, como é a mesma corrupção e tortura policial, os mesmos bandidos são lei, juízes e carrascos e, acima de tudo, a indiferença e preconceito dos que tem contra os que não tem, é igualzinho, em todos os cantos desse mundo mundial global.
Assistam o filme, tem um pós final (quando aparecem os créditos), absolutamente indiano!
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