quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Resolução de Ano Novo em favor dos tubarões e dos oceanos

Pessoal, vamos fazer uma Resolução de Ano Novo em favor dos tubarões e dos oceanos: NÃO COMER MAIS ATUM. A pesca industrial de atum e demais tunídeos mata não apenas milhares de tubarões, mas também  tartarugas-marinhas e albatrozes, e é absolutamente insustentável. No Brasil, com o arrendamento (= prostituição) de  nosso mar pra barcos japoneses pra massacrar a fauna aqui, pior ainda! Vamos fazer nossa parte em 2012 nos recusando a comer atum. Acabar com essa matança depende só de cada um de nós!!! Tome uma atitude, e divulgue pros amigos!
Abrz.,
TJ

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Demonstração de (in)consciência brasileira

Hoje amanheceu chovendo, na realidade, choveu a noite toda. As calçadas estão molhadas e cheias de folhas e flores, já que é primavera. 

Mas como dá trabalho e é chato varrer essas folhas, fica mais fácil mandá-las para os esgotos, junto com papeis, cigarros e todas as porcarias que os humanos insistem em jogar nas calçadas. Afinal, água tem bastante e é "barata", além disso, a máquina é "ecológica", pois consome pouca energia e mesmo água, se fosse só com a manqueira, aó sim seria um desperdício.

Mas o trabalho ficou perfeito, se não estivesse duplamente molhada, pela chuva e pela máquina, daria para comer na calçada, como diria a minha avó, ficou um brinco de tão limpa.

Essa demonstação de (in)consciência, aconteceu na capital "ecológica" do brazil, hoje, 28/12/2011, de manhã cedinho, mas com certeza aconteceu no brasil inteiro, afinal, prá que ter trabalho de varrer se dá prá lavar e mandar tudo para o esgoto. O máximo que pode acontecer é entupir de vez em quando, mas lá pra baixo, porque aqui é alto, nunca acontece.


Comentários Politicamente (IN)Corretos

O Homo sapiens como espécie é bem estúpida, mas culpem a evolução, que falhou e não transformou a burrice e estupidez em gene letal. Pior que o planeta vai pagar uma conta bem alta até eliminar a praga.

China, emissões de carbono e essa mixórdia toda

A China e o Brasil foram parceiras numa encenação na COP 17 em Durban, muitas das pessoas e membros de ONGs que participaram, numa tentativa de justificar o passeio escreveram que algumas coisas foram positivas. Desde o primeiro momento eu, e alguma pessoas que conhecem esse teatro, visualizaram o resultado.

Tirando alguns (bem poucos), paises europeus e algumas outras nações que estão preocupadas com as projeções, todo mundo tirou o seu da reta, os americanos por ideologia, os canadenses para garantir o lixo que é a exploração de petróleo do xisto, e uma grande parte em função da crise econômica (mais uma).

Nessa mixórdia toda, dois países se apresentaram como salvadores do encontro, o Brasil, que em plena substituição do seu código florestal por um de incentivo agrícola, com novos desmatamentos, anistia aos criminosos ruralistas que desmataram ilegalmente e com previsão de deixar um deficit de florestas na faixa entre 30 e 40 milhões de ha e outras coisas que aumetarão as emissões exponencialmente e a China, que já é a lider global em emissões de carbono, em função de sua matriz energética e da sua ridícula legislação ambiental. Tudo para encenar uma tentativa de parecer como os bonzinhos da história e fingir que tentavam  salvar um encontro que já começou morto.

Mas falemos da China, que não satisfeita em liderar as emissões de carbono, consome mais de 50% de todo o carvão produzido no mundo.


A demanda da ásia pelo pior dos combustíveis aumentou 5 vezes na última década, graças a China e sua pretensão de ser a única fornecedora de bugigangas para o ocidente, o que está levando a desendustrialização e desemprego no lado de cá do planeta. Tudo com o aval das lideranças capitalistas ocidentais, que só conseguem enxergar o aumento de lucros a curto prazo.

Comentários Politicamente (IN)Corretos

Mas palmas para os Chineses, que em algumas décadas vão conseguir dois feitos, o primeiro é ter um papel fundamental para o fim da economia capitalista e da democracia do resto do mundo e, a longo prazo e de forma bem mais eficiente, o fim do planeta como hoje conhecemos.

O Homo sapiens como espécie é bem estúpida, mas culpem a evolução, que falhou e não transformou a burrice e estupidez em gene letal. Pior que o planeta vai pagar uma conta bem alta até eliminar a praga.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Anti-whaling activists' drone tracks Japan fleet


(AFP) – SYDNEY

Anti-whaling activists intercepted Japan's harpoon fleet far north of Antarctic waters on Sunday, they said, with the help of a military-style drone.
Sea Shepherd Conservation Society spokesman Paul Watson said the unmanned long-range drone, launched from the anti-whaling ship the Steve Irwin, had located the Japanese fleet and relayed the coordinates back to the activists.
Watson said Sea Shepherd, a militant activist group which regularly shadows and harasses the Japanese whalers, had caught up with the fleet at 37 degrees south, 1,000 miles (1,600 kilometres) above Antarctic waters.
No whales had been killed so far, he added.
"This is going to be a long hard pursuit from here to the coast of Antarctica," said Watson.
"But thanks to these drones, we now have an advantage we have never had before -- eyes in the sky."
Three Japanese security vessels were tailing the Steve Irwin to prevent it from following the Nisshin Maru factory ship, Watson said.
But he said the activists had established the upper hand with their two drones, donated by Moran Office of Maritime and Port Security (MOMPS), a private US firm.
Fitted with cameras and detection equipment, the drones have previously been used to combat bluefin tuna poaching off Libya.
Unmanned aircraft are most notably used by US forces in Pakistan and Afghanistan.
The Sea Shepherd drones were developed by New Jersey-based MOMPS, which is described as working to enforce international maritime and fisheries rules and "helping to prevent acts of terrorism and piracy worldwide".
Watson said: "We can cover hundreds of miles with these drones and they have proven to be valuable assets for this campaign."
While the Steve Irwin was being tailed by the harpooners' security detail he said Sea Shepherd's other vessels the Bob Barker and Brigitte Bardot -- which can travel faster than the whalers -- were free to chase the Japanese south.
Commercial whaling is banned under an international treaty but Japan has since 1987 used a loophole to carry out "lethal research" in the name of science -- a practice condemned by environmentalists and anti-whaling nations.
Australia, New Zealand, the United States and the Netherlands issued a joint statement earlier this month expressing their "disappointment" at the annual hunt and warning against violent encounters.
Confrontations with the increasingly sophisticated Sea Shepherd group have escalated in recent years, with one clash sinking an activist powerboat and a protester arrested for boarding a Japanese ship.
Sea Shepherd harassment saw the Japanese cut their hunt short last season, and they are now suing the activists in Washington seeking an injunction against what they say is a "life-threatening" campaign.
Japan's coastguard has deployed an unspecified number of vessels to protect the whaling ships, and Tokyo has confirmed it will use some of the public funds earmarked for tsunami reconstruction to boost security for the hunt.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O Supremo fica bem mais sensato com uma faca imaginária no pescoço

 Augusto Nunes da VEJA

Às nove e meia da noite de 28 de agosto de 2007, o ministro Ricardo Lewandowski chegou ao restaurante em Brasília ansioso por comentar com alguém de confiança a sessão do Supremo Tribunal Federal que tratara da denúncia do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, sobre o escândalo do mensalão. Por ampla maioria, os juízes endossaram o parecer do relator Joaquim Barbosa e decidiram processar os 40 acusados de envolvimento na trama. Sem paciência para esperar o jantar, Lewandowski deixou a acompanhante na mesa, foi para o jardim na parte externa, sacou o celular do bolso do terno e, sem perceber que havia uma repórter da Folha por perto, ligou para um certo Marcelo. Como não parou de caminhar enquanto falava, a jornalista não ouviu tudo o que disse durante a conversa de 10 minutos. Mas qualquer das frases que anotou valia manchete.
“A tendência era amaciar para o Dirceu”, revelou de saída o ministro, que atribuiu o recuo dos colegas a pressões geradas pelo noticiário jornalístico. “A imprensa acuou o Supremo”, queixou-se. Mais algumas considerações e o melhor momento do palavrório: “Todo mundo votou com a faca no pescoço”.  Todo mundo menos ele: o risco de afrontar a opinião pública não lhe reduziu a disposição de amaciar para José Dirceu, acusado de “chefe da organização criminosa”. Só Lewandowski ─ contrariando o parecer de Joaquim Barbosa, a denúncia do procurador-geral e a catarata de evidências ─ discordou do enquadramento do ex-chefe da Casa Civil por formação de quadrilha. “Não ficou suficientemente comprovada  a acusação”, alegou. O mesmo pretexto animou-o a tentar resgatar também José Genoíno. Ninguém divergiu tantas vezes do voto de Joaquim Barbosa: 12. Foi até pouco, gabou-se na conversa com Marcelo: “Tenha certeza disso. Eu estava tinindo nos cascos”.
Ele está tinindo nos cascos desde 16 de março de 2006, quando chegou ao STF 26 dias antes da denúncia do procurador-geral. Primeiro ministro nomeado por Lula depois do mensalão, Lewandowski ainda não aprendera a ajeitar a toga nos ombros sem a ajuda das mãos quando virou doutor no assunto. Para tornar-se candidato a uma toga, bastou-lhe a influência da madrinha Marisa Letícia, que transmitiu ao marido os elogios que a mãe do promissor advogado vivia fazendo ao filho quando eram vizinhas em São Bernardo. Mas só conseguiu a vaga graças às opiniões sobre o mensalão, emitidas em encontros reservados com emissários do Planalto. Ele sempre soube que Lula não queria indicar um grande jurista. Queria um parceiro de confiança, que o ajudasse a manter em liberdade os bandidos de estimação.
Passados mais de quatro anos, Lewandowski é o líder da bancada governista no STF ─ e  continua tinindo nos cascos, comprovou a  recente entrevista publicada pela Folha. Designado revisor do voto do relator Joaquim Barbosa, aproveitou a amável troca de ideias para comunicar à nação que os mensaleiros não seriam julgados antes de 2013. “Terei que fazer um voto paralelo”, explicou com o ar blasé de quem chupa um Chicabon. “São mais de 130 volumes. São mais de 600 páginas de depoimentos. Tenho que ler volume por volume, porque não posso condenar um cidadão sem ler as provas. Quando eu receber o processo eu vou começar do zero”. Como o relatório de Joaquim Barbosa deveria ficar pronto em março ou abril, como precisaria de seis meses para cumprir a missão, só poderia cloncluir seu voto no fim de 2012. O atraso beneficiaria muitos réus com a prescrição dos crimes, concedeu, mas o que se há de fazer? As leis brasileiras são assim. E assim deve agir um magistrado judicioso.
A conversa fiada foi bruscamente interrompida por Joaquim Barbosa, que estragou o Natal de Lewandowski e piorou o Ano Novo dos mensaleiros com o presente indesejado. Nesta segunda-feira, o ministro entregou ao revisor sem pressa o relatório, concluído no fim de semana, todas as páginas do processo e um lembrete desmoralizante: “Os autos do processo, há mais de quatro anos, estão digitalizados e disponíveis eletronicamente na base de dados do Supremo Tribunal Federal”, lembrou Barboza. Lewandowski, portanto, só vai começar do zero porque quis. De todo modo, o que disse à Folha o obriga a terminar a tarefa no primeiro semestre. Se puder, vai demorar seis meses para formalizar o que já está resolvido há seis anos: vai absolver os chefes da quadrilha por falta de provas.
As sucessivas manobras engendradas para adiar o julgamento confirmam que os pecadores não estão convencidos de que a bancada governista no STF é majoritária. Ficarão menos intranquilos se Cezar Peluso e Ayres Brito, que se aproximam da aposentadoria compulsória, forem substituídos por gente capaz de acreditar que o mensalão não existiu. Para impedir que o STF faça a opção pelo suicídio moral, o Brasil decente deve aprender a lição contida na conversa telefônica de 2007. Já que ficam mais sensatos com a faca no pescoço, os ministros do Supremo devem voltar a sentir a carótida afagada pelo fio da lâmina imaginária.

Comentários Politicamente (IN)Corretos

Quem sabe se a faca deixar de ser no sentido figurado a coisa não começe a funcionar?

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Ministro do Supremo beneficiou a si próprio

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Essa é uma das notícias da Folha de São Paulo:

O ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski está entre os magistrados do Tribunal de Justiça de São Paulo que receberam pagamentos que estavam sob investigação do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), informa reportagem de Mônica Bergamo, publicada na Folha desta quarta-feira.

Se nós tivéssemos um judiciário com vergonha na cara e com o mínimo de decência, essa decisão já teria sido cassada e Lewandowski estaria afastado, sem remuneração.

Mas no país onde o judiciário é somente uma parte interessada, somos obrigados a assistir tudo isso e sustentar (muito bem), bandidos de todos os tipos.

Esse juiz é o mesmo que já avisou que os crimes do mensalão, vão prescrever .

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O judiciário virou uma máfia, não tenho mais dúvidas

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Confesso que algum tempo atrás, eu respeitava de verdade o judiciário e respeitava muito o ministério público, mas isso é passado.

Uma das razões da perda (se eu fosse paulista escreveria "perca"), de confiaça, é defesa que a associação dos magistrados do brasil e o próprio ministério público, faz de seus "associados", incluindo aqueles pegos comentendo um crime. E essa defesa já atingiu um ponto que a torna perigosa para esse, ainda, arremedo de democracia que temos.

Arremedo porque não conta com nenhuma instituição confiável, instituições que usam comportamentos mafiosos de pressão e que usam os mecanismos democráticos da constituição de forma absolutamente mesquinha (isso na melhor adjetivação). Mas no fundo sabemos que os usam é de forma criminosa mesmo, apenas para defender interesses dos colegas bandidos.

Os grupos que deveriam ser os guardiões da lei e a da balança neutra, se tornam meros defensores de seus privilégios e pior ainda, defensores dos seus membros criminosos. Estamos numa situação em que parece que o número de bandidos e omissos nessas instituições é superior aos honestos. E num beco sem saída, pois o topo da pirâmide, o STF é um dos exemplos mais marcantes de como usar a lei para saquear os cofres públicos. Além desse clientelismo explícito, tem a questão da criminalidade entre os juizes.

Há alguns anos atrás, almoçava com um amigo advogado (não se preocupem, minha carteira estava em bolso fechado a chaves). Como todo advogado, queria aparecer e me levou num dos, segundo ele, o melhor e o restaurante preferido dos pseudo doutores (advogados e juizes), no centro do Rio de Janeiro.

parágrafo: Interessante que de todos os presentes, naqueles quase 40 graus, eu era o único que não usava gravata.

Voltando ao assunto, na mesa do lado, um advogado de cabelos grisalhos falava com alguns colegas mais jovens, que mais pareciam seus pupilos. Ele disse literalmente: "Está muito fácil comprar um juiz ou um promotor". Quem não gostar dessa afirmação, procure o advogado ou seus pupilos. Pode também me acusar de muitas coisas, mas não de mentiroso.

Parece que essa cruzada da AMB contra o CNJ corrobora um pouco a afirmação daquele advogado. Afinal, quem não deve não teme. Porque os juizes e promotores resistem tanto a quebra de suas movimentações financeiras ou a investigação de seus atos (que são públicos).

Por que a AMB tem essa cruzada contra o CNJ, afinal, esse Conselho está fazendo (e fazendo pouco), o que os tribunais de justiça deveriam fazer. Mas não o fazem porque, como dizia a minha avó, lobo não come lobo e bandido protege bandido.O número de desembargadores acusados de corrupção e crimes variados é grande. Em números absolutos e relativos. Em um estado do norte, 10 entre 12 desembragdores estão sendo acusados de venda de sentenças e outros crimes.

Quem poderia fazer alguma coisa seria o congresso, mudando a constituição e delimitando, através de leis, as funções de alguns órgãos e retirando privilégios pessoais e administrativos dos membros das funções de estado, incluindo a vitaliciedade. Mas não vai fazer, pois os acordos feitos entre o legislativo e o judiciário garantiu que, em 40 anos, nenhum político, incluindo condenados por assassinato, fosse mandado para a cadeia pelo STF.

Comentários Politicamente (In)Corretos

Essa E$bórnia chamada brazil tem três poderes independentes, o executivo, o legislativo e a parte interessada.
Você vai ser mandado para uma ilha deserta e tem que escolher uma, entre duas pessoas, que vai levar para ilha: um serial killer ou um juiz, qual vocês escolhe?
O serial killer é obvio, pois é o único que você pode prever o comportamento.

domingo, 18 de dezembro de 2011

A que ponto chega a imbecilidade humana.

 Mulher é filmada espancando um cão yorkshire até a morte em Goiás.



Essa coisa, tem 22 anos, é enfermeira, casada com um médico e pariu dois filhos, mora em Goiânia e trabalha em Formosa.
Interessante que as agressões são feitas em absoluto silêncio. Não tem demonstração de raiva ou qualquer coisa, é crueldade pura.
Coisa de quem tem uma patologia social, coisa de psicopata.





quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Japão promove caça de baleias com verba de ajuda pós-tsunami

A AVAAZ está fazendo uma campanha contra o uso de fundos de ajuda as vítimas do tsunami no Japão para ajudar a frota baleeira.

Assine a petição online contra mais essa cretinice do governo japones.


da Folha de São Paulo

O governo japonês tem usado fundos destinados à recuperação de áreas atingidas pelo terremoto e tsunami no começo do ano para subsidiar um programa anual de caça às baleias, segundo acusação da ONG Greenpeace, citada pela emissora britânica de TV BBC.
De acordo com a organização, cerca de US$ 30 milhões estão sendo usados para arcar com gastos de medidas extras de segurança para a frota baleeira. As autoridades japonesas se defenderam dizendo que a atividade ajuda na recuperação das comunidades costeiras.
Relatos não confirmados pelo governo dão conta de que os caçadores partiram para as águas do oceano Antártico nesta semana.
O comércio de carne de baleia e outros produtos derivados do animal é banido há cerca de 25 anos, mas o Japão continua capturando aproximadamente mil baleias a cada ano em um programa que, segundo o país, tem o intuito de promover pesquisas científicas.
Mais cedo neste ano, a Agência de Pesca Japonesa entrou com um pedido para obter verba extra do governo para o programa de caça proveniente do orçamento de emergência, criado para ajudar na recuperação de comunidades devastadas pelo terremoto e tsnunami ocorridos em março.
Segundo a agência, algumas das localidades atingidas dependem justamente da atividade de caça às baleias.
Ativistas, porém, afirmam que o fundo foi aprovado e está sendo usado para custear medidas extras de segurança e para saldar dívidas acumuladas.
Um abalo de magnitude 8,9 criou um enorme tsunami no Pacífico que devastou o noroeste do Japão e matou mais de 15 mil pessoas em 11 de março deste ano. A onda atingiu as usinas de Fukushima, causando vazamento e uma crise nuclear.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Onde estão os estudos que embasaram o novo código flroestal

Na recente palestra, Alceo Magnanini faz algumas perguntas chaves, uma delas é: onde estão os falados estudos (técnicos), que embasam esse código agrícola que substitui o código florestal? A Katia Abreu (que ficou pior depois da plástica) e a quadrilha ruralista falam muito em bases técnicas, mas nunca mostraram nada.

Até imagino que tenha havido algum tipo de estudo, afinal, a grana e os interesses políticos falam mais alto, mas se teve alguém de renome que vendeu os serviços aos ruralistas, teve vergonha de assumir e assinar.


Para saber mais sobre essa grande figura, leia a entevista dada ao site O Eco em fevereiro de 2005.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Me pegue aqui, me pegue agora

Não sou puritano, muito menos hipócrita, olho pornografia de vez em quando (estou velho mas a testosterona ainda fala alto), gosto de ver e tirar fotos de nus em preto e branco, gosto de trabalhar com a sombra e com a luz, coisa que a fotografia digital e os fotógrafos que nunca entraram em um laboratório perderam. Mas vamos ao que interessa.

Vamos falar de hipocrisia, vamos falar de erotismo e vamos falar da coisa mais pornografia que existe, a religião.


"Me chame de vagabunda”, “A prostituta do advogado”, “Me pegue aqui, me pegue agora”, são os títulos de algumas obras literárias publicadas pela Editora Weltbild, segunda maior editora da Alemanhã, com um acervo de 2500 títulos, mais direitos de CDs, DVDs e 6400 empregados.

A dona da Weltbild é nada mais nada menos que a igreja católica apostólica romana que, depois de descoberta, decidiu retirar as obras e rever seu acervo.

Enquanto os pastores evangélicos  roubam descaradamente seus trouxas, digo fiéis, com dízimos, bízimos e trízimos, os padres são mais discretos e também mais hipócritas, vendem, anonimamente, os objetos de desejos mais obscuros, para seus pobres pecadores.

E deles será  reino dos céus.

 O primeiro passo para o mundo evoluir e se aperfeiçoar é enforcar o último político nas tripas do último religioso.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

ENTENDENDO O TROCA-TROCA NA GLOBO

Bastidores da troca no “JN”


www.rodrigovianna.com.br

A Globo confirma a saída de Fátima Bernardes do “JN”. No lugar dela entra Patricia Poeta – atual apresentadora do “Fantástico”.
Fiz hoje pela manhã – no twitter e no facebook – algumas observações sobre a troca; observações que agora procurarei consolidar nesse post. Vejo que há leitores absolutamente céticos: “ah, essa troca não quer dizer nada”. Até um colunista de TV do UOL, aparentemente mal infomado, disse o mesmo. Discordo.
Primeiro ponto: a Patricia Poeta é mulher de Amauri Soares. Nem todo mundo sabe, mas Amauri foi diretor da Globo/São Paulo nos anos 90. Em parceria com Evandro Carlos de Andrade (então diretor geral de jornalismo), comandou a tentativa de renovação do jornalismo global. Acompanhei isso de perto, trabalhei sob comando de Amauri.
A Globo precisava se livrar do estigma (merecido) de manipulação – que vinha da ditadura, da tentativa de derrubar Brizola em 82, da cobertura lamentável das Diretas-Já em 84 (comício em São Paulo foi noticiado no “JN” como “festa pelo aniversário da cidade”), da manipulação do debate Collor-Lula em 89.
Amauri fez um trabalho muito bom. Havia liberdade pra trabalhar. Sou testemunha disso. Com a morte de Evandro, um rapaz que viera do jornal “O Globo”, chamado Ali Kamel, ganhou poder na TV. Em pouco tempo, derrubou Amauri da praça São Paulo.

Patricia Poeta no “JN” significa que Kamel está (um pouco) mais fraco. E que Amauri recupera espaço. Se Amauri voltar a mandar pra valer na Globo, Kamel talvez consiga um bom emprego no escritório da Globo na Sibéria, ou pode escrever sobre racismo, instalado em Veneza ao lado do amigo (dele) Diogo Mainardi.
Conheço detalhes de uma conversa entre Amauri e Kamel, ocorrida em 2002, e que revelo agora em primeira mão. Amauri ligou a Kamel (chefe no Rio), pra reclamar que matérias de denúncias contra o governo, produzidas em São Paulo, não entravam no “JN”. Kamel respondeu: “a Globo está fragilizada economicamente, Amauri; não é hora de comprar briga com ninguém”. Amauri respondeu: “mas eu tenho um cartaz, com uma frase do Evandro aqui na minha sala, que diz – Não temos amigos pra proteger, nem inimigos para perseguir”. Sabem qual foi a resposta de Kamel? “Amaury, o Evandro está morto”.
Era a senha. Algumas semanas depois, Amauri foi derrubado.
Kamel foi o ideólogo da “retomada consevadora” na Globo durante os anos Lula. Amauri foi “exilado” num cargo em Nova Yorque. Patricia Poeta partiu com ele. Os dois aproveitaram a fase de “baixa” pra fazer “do limão uma limonada”. Sobre isso, o Marco Aurélio escreveu, no “Doladodelá”.

Alguns anos depois, Amauri voltou ao Brasil para coordenar projetos especiais; Patricia Poeta foi encaixada no “Fantástico”. Só que Amauri e Kamel não se falavam. Tenho informação segura de que, ainda hoje, quando se cruzam nos corredores do Jardim Botânico, os dois se ignoram. Quando são obrigados a sentar na mesma mesa, em almoços da direção, não dirigem a palavra um ao outro. Amauri sabe como Kamel tramou para derrubá-lo.

Pois bem. Já há alguns meses, logo depois da eleição de 2010, recebemos a informação de que Ali Kamel estava perdendo poder. Claro, manteria o cargo e o status de diretor, até porque prestou serviços à família Marinho – que pode ser acusada de muita coisa, mas não de ingratidão.
Otavio Florisbal, diretor geral da Globo, deu uma entrevista ao UOL no primeiro semestre de 2011 dizendo que a Globo não falava direito para a classe C (o Brasil do lulismo). Por isso, trocou apresentadores tidos como “elitistas” (Renato Machado saiu pra dar lugar ao ótimo Chico Pinheiro – aliás, também amigo de Amauri). A  Globo do Kamel não serve mais.
Lembremos que, desde o começo do governo Lula, a Globo de Kamel implicava com o “Bolsa-Família”. Kamel é um ideólogo conservador. Por isso, nós o chamávamos de “Ratzinger” na Globo. É contra quotas nas universidades, acha que racismo não existe no Brasil. Botou a Globo na oposição raivosa, promoveu a manipulação de 2006 na reeleição de Lula (por não concordar com isso, eu e mais três ou quatro colegas fomos expurgados da Globo em 2006/2007). E promoveu a inesquecível cobertura da “bolinha de papel” em 2010 – botando o perito Molina no “JN”. Nas reuniões internas do “comitê” global, ao lado de Merval Pereira, tentava convencer os irmãos Marinho dos “perigos” do lulismo.
Lula sabe o que Kamel aprontou. Tanto que no debate do segundo turno, em 2006, nem cumprimentou Kamel quando o viu no estúdio da Globo. Isso me contou uma amiga que estava lá.
Os irmãos Marinho parecem ter percebido que Kamel os enganou. O lulismo, em vez de perigo, mudou o Brasil pra melhor. Mais que isso: a Globo agora precisa de Dilma para enfrentar as teles, que chegam com muito dinheiro e apetite para disputar o mercado de comunicação. Kamel já não serve para os novos tempos. Assim como os “pitbulls” Diogo Mainardi e Mario Sabino não servem para a “Veja”.
Dilma buscou os donos da mídia, passada a eleição, e propôs a “normalização” de relações. O governo seguiu apanhando, na área “ética” – é verdade. O que não atrapalha a imagem de Dilma. Há quem veja na tal “faxina” um jogo combinado entre a presidenta e os donos da mídia. Será? Dilma tiraria as “denúncias” de letra (o custo ficaria para Lula e os aliados). Do outro lado, os “pitbulls” perderiam terreno na mídia. É a tal “normalização”. Considero um erro estratégico de Dilma. Mas quem sou eu pra achar alguma coisa. O fato é que a estratégia hoje é essa!
Patricia Poeta no “JN” parece indicar que a “normalização” passa por Ali Kamel longe do dia-a-dia na Globo (ele ainda tenta manobrar aqui e ali, mas já sem a mesma desenvoltura). Isso pode ser bom para o Brasil.
Não é coincidência que a Globo tenha permitido, há poucos dias, aquela entrevista do Boni admitindo manipulação do debate de 89. A entrevista (feita pelo excelente jornalista Geneton de Moraes Neto) foi ao ar na “Globo News”. Alguém acha que iria ao ar sem conhecimento da família Marinho? Isso não acontece na Globo!
Durante os anos de poder total de Kamel, a Globo tentou “reescrever” o passado – em vez de reconhecer os erros. Kamel chegou a escrever artigo hilário, tantando negar que a Globo tenha manipulado a cobertura das Diretas. Virou piada. Até o repórter que fez a “reportagem” em 84 contou pros colegas na redação (eu estava lá, e ouvi) – “o Ali é louco de tentar negar isso; todo mundo viu no ar”.
Ali Kamel nega o racismo, nega a manipulação, nega a realidade. Freud explica.
Agora, Boni reconhece que a Globo manipulou em 89. Isso faz parte do movimento de “normalização”. O enfraquecimento de Kamel também faz.
Tudo isso está nos bastidores da troca de apresentadores do “JN”. Mas claro que há mais. Há a estratégia televisiva, pura e simples. Fatima Bernardes deve comandar um programa matutino na Globo. As manhãs são hoje o principal calcanhar de aquiles da emissora carioca. A Record ganha ou empata todos os dias. Com o “Fala Brasil”, e com o “Hoje em Dia”. Ana Maria Braga não dá mais conta da briga – apesar de ainda trazer muita grana e patrocinadores.
Fatima deve ter um novo programa nas manhãs. Ana Maria será mantida. Até porque na Globo as mudanças são sempre lentas – como no Comitê Central do PC da China. A Globo é um transatlântico que se manobra lentamente.
Se a Fátima emplacar, pode virar uma nova Ana Maria. O programa dela deve contar com outras estrelas globais (Pedro Bial, quem sabe?).
A mudança de apresentadores tem esse duplo sentido: enfraquecimento de Kamel (que continuará a ter seu camarote no transatlântico global, mas talvez já não frequente tanto a cabine de comando); e estratégia pra recuperar audiência nas manhãs.A conferir.

Sobre nazistas, corruptos e imbecis similares.

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Tenho duas pastas de favoritos, uma com jornais brasileiros e uma com jornais de alguns lugares do mundo. Faz algumas semanas que abro ambas, ocasionalmente. Falta de saco, as vezes, quando abro todos os dias, tenho que conferir para ver a data das notícias, pois fico com aquela sensação de deja vu. Isso se agrava quando leio os noticiários políticos do brazil. São sempre as mesmas moscas em volta da mesma coisa. O saco explodiu com os escândalos ministeriais. Parece que todo o dia tem notícia requentada. Agora li que o Palocci quer voltar a vida política. Notícias requentadas ou seriam bandidos requentados?

Depois caiu na minha mão a Clio, não o carro, mas a revista espanhola. Traz uma matéria com o título: La Corrupción - Un motor de la história? Mostra que os registros de corrupção coincidem com a invenção da escrita, o que leva a crer que é anterior ao registro da própria história.Hamses, Júlio César, Carlos V, Luiz XIV, Napoleão e Fernando VII e etc., etc., etc. também foram corruptos ou tiveram problemas com corrupção, e populações inteiras sofreram (e ainda sofrem por isso).

Mas que tem a ver o título do post com a corrupção? A ligação é a história e o aprendizado. Tem um jornalistra que fala em alguma inserção de TV uma frase muito obvia e muito verdadeira: Povo que não conhece a sua história, tende a repeti-la.

Parece bobagem, mas é uma verdade. As lições da história, para a grande massa, nunca foram aprendidas, as vezes, nunca foram ensinadas. Um exemplo clássico para a humanidade são as guerras, mãe de grades flagelos. Ao invés de grandes esfoços para elimina-las, a força e os recursos vão para o sentido oposto, busca-se cada vez mais aperfeiçoa-las.

O mesmo com a corrupção, outra mãe de outros flagelos. Apesar dos pesares, corruptos são eleitos e reeleitos. No caso dos países subdesenvolvidos, os corruptos tem cadeiras cativas no poder e conseguem se transformam em simbiontes e parasitas eternos, vide o sarney, uma cadáver ambulante (no sentido físico) e um vampiro (bem vivo), quando se trata de sugar (usar e usufruir segundo suas palavras) dos bens públicos.

Mas indo para o título, hoje li o Spiegel, uma das matérias falava sobre uma provavel ligação dos membros de NPD, o nome atual do NSDAP (Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei), mais conhecido como partido nazista, com crimes, incluindo assassinatos, o que permitiria bani-lo das organizações políticas alemãs. Parece que os nazistas alemães partiram das ideias idiotas para as ações idiotas e criminosas.


Mas o preocupante não são as atividades criminosas de um bando de imbecis, o ponto chave é a ignorância da história e a aceitação do conceito e da ideologia nazista. Milhares de pessoas, na Alemanhã e em várias partes do mundo (incluindo o brazil), declaram-se "simpatizantes" com o nazismo. Há alguns anos, numa enquete entre alunos do Colégio Militar de Porto Alegre, Hitler foi eleito como uma das figuras admiráveis da história. Que imbecilidade doentil, genética ou adquirida, pode levar crianças a considerar um homem, que personifica uma ideologia que leva a morte 20 milhões de pessoas, destacando-se 6 milhões por razões religiosas, 100 mil por homofobia e, aproximadamente 1 milhão por racismo e preconceito social variado (ciganos e outras minorias). 


Em que ponto da evolução, o gene que leva alguns grupos a se considerar "superiores" ao resto se fixou e se tornou tão difícil de ser eliminado? Em que ponto da evolução, a corrupção e o direito de usufruir e roubar do coletivo se tornou uma vantagem competitiva?  Em qual ponto da evolução humana ficamos geneticamente bloqueados a aprender com erros da história? 

Pois se isso não é uma doença de origem genética, é por imbecilidade extrema, aí, só resta a extinção.

domingo, 11 de dezembro de 2011

O roubo descarado que os juizes fazem nos cofres públicos.

O roubo descarado que os juizes fazem nos cofres públicos e, por tabela, nos nossos bolsos.

Uma forma de corrupção que transfoma juizes em bandidos da pior espécie, pois vale lembrar que cada centavo roubado ou tirado dessa forma dos cofres públicos, equivale a menos hospitais, menos escolas, menos infra-estrutura e assim por diante, coisas que matam milhares de pessoas todos os anos por falta de atendimento médico decente, falta de saneamento, que transforma o brazil no país dos analfabetos funcionais e assim por diante.


Democracia e vergonha na cara, para os brazil e os brasileiros, virá somente com forceps ou, com sorte, com uma guerra civil.

Do Estadão

BRASÍLIA - Donos dos maiores salários do serviço público, magistrados espalhados por tribunais Brasil afora aumentam os vencimentos com benefícios que, muitas vezes, elevam os rendimentos brutos a mais de R$ 50 mil mensais. Levantamento feito pelo Estado nas últimas semanas adianta o que uma força-tarefa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) busca identificar nas folhas de pagamentos de alguns Estados do País.
A radiografia da folha dos tribunais revela centenas de casos de desembargadores que receberam nos últimos meses mais que os R$ 26,7 mil estabelecidos como teto - o salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal. Em setembro deste ano, por exemplo, 120 desembargadores receberam mais do que R$ 40 mil e 23 mais de R$ 50 mil. Um deles ganhou R$ 642.962,66; outro recebeu R$ 81.796,65.
Há ainda dezenas de contracheques superiores a R$ 80 mil e casos em que os valores superam R$ 100 mil. Em maio de 2010, a remuneração bruta de 112 desembargadores superou os R$ 100 mil. Nove receberam mais de R$ 150 mil.
Auxílios, abonos, venda de parte dos 60 dias de férias e outros penduricalhos, muitos isentos da cobrança de imposto de renda, fazem com que alguns tribunais paguem constantemente mais do que o teto de R$ 26,7 mil.
No Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, os pagamentos mensais superiores a R$ 50 mil são comuns (leia nesta página). Em determinados meses, os rendimentos de dezenas de desembargadores superam R$ 100 mil. Os casos de pagamentos elevados são mais comuns no Rio.
No Tribunal de Justiça de Mato Grosso, o pagamento de vantagens, inclusive auxílio-moradia, eleva o pagamento de desembargadores mês a mês a R$ 41.401,95. No Espírito Santo, lei aprovada pela Assembleia Legislativa garantiu aos desembargadores um pagamento de atrasados que aumentam os rendimentos para mais de R$ 30 mil.
Por serem auxílios que não são incorporados ao valor do subsídio dos magistrados, limitado a R$ 26,7 mil, as quantias não são abatidas pelo teto.
De acordo com os dados, há 19 benefícios previstos legalmente, como função gratificada, parcela autônoma de equivalência e pagamento por hora-aula que elevam os salários.
O Tribunal de Justiça do Rio, contactado oito vezes por e-mail e duas vezes por telefone, não se manifestou sobre os dados.
Auxílio-moradia
Em Mato Grosso, o pagamento de auxílio-moradia aos desembargadores, mesmo para os que já moravam no Estado, contribui para aumentar os rendimentos. Dos 26 desembargadores, 24 receberam R$ 41.401,95. Além do salário de R$ 24.117,64, os desembargadores recebem auxílio de R$ 11.254,90 e vantagens eventuais de R$ 6.029,41.
De acordo com a assessoria do tribunal, os valores correspondem a auxílio-moradia, parcelamento do 13.º salário, e abono de férias. O pagamento do auxílio, porém, está sendo contestado no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e no Supremo. Segundo o TJ, o benefício está lastreado em liminares concedidas pelo STF. Por serem decisões provisórias, o pagamento poderá ser julgado ilegal e suspenso.
O tribunal do Mato Grosso do Sul gastou R$ 723 mil em salário e R$ 914 mil em auxílios, vantagens e abonos.
No Tribunal de Santa Catarina, os desembargadores recebem R$ 2.211,13 de auxílio-moradia, além do subsídio de R$ 22.111,25. Apesar da exigência do Conselho Nacional de Justiça, o TJ não divulga quanto cada desembargador recebeu em vantagens e outros auxílios.
Regra
Pela Constituição, os desembargadores podem receber até 90,25% do que é pago a um ministro do Supremo. Mesmo não sendo obrigatório que recebessem o máximo possível. No Espírito Santo, a Assembleia garantiu o pagamento dessa diferença em 2011. De acordo com o tribunal, a lei atende à reivindicação antiga da magistratura.
Em duas frentes simultâneas, o CNJ está investigando as folhas de pagamento dos tribunais de todo o País.
Na semana passada, a Corregedoria Nacional de Justiça iniciou uma devassa na folha de pagamentos do Tribunal de Justiça de São Paulo. A partir de informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), a Corregedoria passou a investigar movimentações suspeitas de 17 magistrados.
A devassa vai se estender por 22 tribunais. Há suspeitas de que valores podem ter sido usados para comprar decisões judiciais.
Em outra frente, a Secretaria de Controle Interno do CNJ faz uma auditoria nas folhas de pagamento em busca de violações ao teto de R$ 26,7 mil. Conforme integrantes do Conselho, a investigação deve se encerrar em 2012 e já foram identificados casos de descumprimento do teto.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

O culpado é quem denuncia

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Nessa E$bórnia chamada brazil, o culpado é quem denuncia, não o criminoso.
Tem mais, o criminoso, que faz tráfico de influência com o nome de consultoria, é cotado para assumir outro cargo público.
Coisas do brazil dos PeTralhas

Vídeo do Estadão

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Salvemos Punta de Choros

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Não são somente os brasileiros que vão na contramão do planeta. Mais termoelétricas na américa latina.


sábado, 3 de dezembro de 2011

As 10 estratégias de manipulação midiática

Do Pravda - Russia

Adital - Tradução: ADITAL


O linguista Noam Chomsky, linguista, filósofo e ativista político estadunidense. Professor de Linguística no Instituto de Tecnologia de Massachusett elaborou a lista das "10 Estratégias de Manipulação" através da mídia.

1. A estratégia da distração. O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração, que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundação de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir que o público se interesse pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. "Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado; sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja com outros animais (citação do texto "Armas silenciosas para guerras tranquilas").

2. Criar problemas e depois oferecer soluções. Esse método também é denominado "problema-ração-solução". Cria-se um problema, uma "situação" previsa para causar certa reação no público a fim de que este seja o mandante das medidas que desejam sejam aceitas. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o demandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para forçar a aceitação, como um mal menor, do retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços púbicos.
3. A estratégia da gradualidade. Para fazer com que uma medida inaceitável passe a ser aceita basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, por anos consecutivos. Dessa maneira, condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990. Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que teriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.
  
4. A estratégia de diferir. Outra maneira de forçar a aceitação de uma decisão impopular é a de apresentá-la como "dolorosa e desnecessária", obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrificio imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Logo, porque o público, a massa tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que "tudo irá melhorar amanhã" e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isso dá mais tempo ao público para acostumar-se à ideia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.
  
5. Dirigir-se ao público como se fossem menores de idade. A maior parte da publicidade dirigida ao grande público utiliza discursos, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade mental, como se o espectador fosse uma pessoa menor de idade ou portador de distúrbios mentais. Quanto mais tentem enganar o espectador, mais tendem a adotar um tom infantilizante. Por quê? "Ae alguém se dirige a uma pessoa como se ela tivesse 12 anos ou menos, em razão da sugestionabilidade, então, provavelmente, ela terá uma resposta ou ração também desprovida de um sentido crítico (ver "Armas silenciosas para guerras tranquilas")".
  
6. Utilizar o aspecto emocional mais do que a reflexão. Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional e, finalmente, ao sentido crítico dos indivíduos. Por outro lado, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de aceeso ao inconsciente para implantar ou enxertar ideias, desejos, medos e temores, compulsões ou induzir comportamentos...
  
7. Manter o público na ignorância e na mediocridade. Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. "A qualidade da educação dada às classes sociais menos favorecidas deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que planeja entre as classes menos favorecidas e as classes mais favorecidas seja e permaneça impossível de alcançar (ver "Armas silenciosas para guerras tranquilas").
  
8. Estimular o público a ser complacente com a mediocridade. Levar o público a crer que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto.
  
9. Reforçar a autoculpabilidade. Fazer as pessoas acreditarem que são culpadas por sua própria desgraça, devido à pouca inteligência, por falta de capacidade ou de esforços. Assim, em vez de rebelar-se contra o sistema econômico, o indivíduo se autodesvalida e se culpa, o que gera um estado depressivo, cujo um dos efeitos é a inibição de sua ação. E sem ação, não há revolução!
  
10. Conhecer os indivíduos melhor do que eles mesmos se conhecem. No transcurso dosúltimos 50 anos, os avançosacelerados da ciência gerou uma brecha crescente entre os conhecimentos do público e os possuídos e utilizados pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o "sistema" tem disfrutado de um conhecimento e avançado do ser humano, tanto no aspecto físico quanto no psicológico. O sistema conseguiu conhecer melhor o indivíduo comum do que ele a si mesmo. Isso significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos, maior do que o dos indivíduos sobre si mesmos.

Comentários Politicamente (In)Corretos
Nossos políticos e meios de comunicação em massa utilizam os itens 6, 7 e 8 como estratégia predileta e o nivel do populacho da E$bórnia chamada brazil, facilita muito.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A situação das florestas do mundo

A FAO publicou o relatório: The State of World's Forest 2011. As maiores perdas se concentram na América do Sul (e graças ao ruralistas brasileiros vai ficar pior) e Africa.

Vendo alguns dados, até poderíamos inferir um paralelo entre destruição de recursos naturais e corrupção, interessante.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Como nasceu o gaúcho

Poucos sabem que os gaúchos não surgem de nenhum grande feito heróico, mas foram os remanescentes de um dos maiores e mais vergonhosos massacres feitos no Uruguay e no próprio Rio Grande do Sul.

Me mandaram esse interessante texto de Selvino Heck sobre o assunto

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Como nasceu o gaúcho

Selvino Heck

Sou gaúcho, em termos gerais. Nascido no Rio Grande do Sul.

Gaúcho-alemão, quem sabe. Alguém que hoje só fala alemão com sua mãe de 82 anos, cresceu no meio de uma comunidade brasileira-gaúcha-alemã, aprendeu a falar português aos 7 anos quando foi para a escola e tem muitos dos hábitos da agricultura familiar tal como vieram da Alemanha no século XIX, mas que incorporou o sotaque dos gaúchos (em qualquer lugar do Brasil que eu chegue, digo duas palavras e as pessoas já perguntam ‘você é gaúcho, não?’), um certo jeito de ser e reagir, um machismo particular, alguns valores bem típicos, amor especial à terra ou ao pago, etc., etc.

Agora, está-se descobrindo como, onde e quando surgiu esse gaúcho celebrado e cantado em prosa e versos. É uma história triste, muito triste.

Os charruas, grupo indígena cultuado na Argentina, no Rio Grande do Sul e no Uruguai - que usa seu nome quase como gentílico - foram dizimados em 11 de abril de 1831, nos descampados de Salsipuedes. Poucos escaparam do genocídio premeditado, restando posteriormente os mestiços, chamados de gaúchos, nome emprestado ao homem do Pampa. Dos sobreviventes charruas puros, crianças e mulheres foram levadas a Montevidéu, onde famílias abastadas daqueles tempos de fertilidade e fartura as tomaram como criadas (Léo Guerchmann, "O fim chegou em Salsipuedes", Zero Hora, Caderno de Cultura, 12.09.09).

Eduardo Picerno, pesquisador uruguaio, que está lançando ‘El Genocídio de la Población Charrua’, diz: "Tenho um documento do presidente Rivera (do Uruguai) no qual ele pede às autoridades brasileiras que exterminem todos os charruas que escapassem do Uruguai. Não se esqueça: não havia limites territoriais, vários charruas que estiveram em Passo Fundo, por exemplo, e deixaram descendentes. Mas dos que foram atacados em 1831 poucos sobreviveram."

Antecipando uma Operação Condor dos tempos recentes de governos militares, Rivera enviou carta a Bento Manuel Ribeiro, militar brasileiro responsável pela fronteira, em Alegrete, Rio Grande do Sul. E pediu: "Solicitamos cooperar com seus militares para a destruição total do resto dos charruas, como também contra militares sediciosos que poderiam se refugiar ultrapassando a fronteira."

Assim aconteceu. Diz Picerno: "Entre 1831 e 1834, os charruas que sobreviveram se esconderam ou se misturaram com os brancos. Como mulheres sobreviveram mais que homens, e se misturaram aos europeus forjando o gaúcho, existem descendências espalhadas pelos nossos países. Charruas, puros, não sobreviveram. Passaram a ser mestiços e foram chamados de gaúchos, (o famoso personagem pampeano que deu origem ao gentílico sul-rio-grandense)." Calcula-se, hoje, que, entre Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina, haja 6 mil descendentes de charruas. No Estado do Rio Grande do Sul, são 400, entre a região das Missões e Porto Alegre (Léo Guerchmann).

A informação saiu em plena Semana Farroupilha. 20 de setembro é a data máxima dos gaúchos. Feriado, é quando se comemora a Revolução Farroupilha que, de 1835 a 1845, chegou a fundar a República do Piratini, República independente dos gaúchos. Por isso, dizem alguns, o Estado do Rio Grande do Sul e o gaúcho escolheram ser brasileiros.

Na Semana Farroupilha, os festejos se espraiam por todo Rio Grande, e hoje Brasil afora, em todos os lugares onde há gaúchos espalhados abrindo fronteiras. Acontece também o acampamento de milhares de pessoas em Porto Alegre, no Parque da Harmonia, no centro da capital. Durante um mês, famílias inteiras transferem seu lar para o acampamento, que se torna uma grande confraternização de tradições. Inúmeras cavalgadas de centenas de quilômetros são feitas para celebrar o gaúcho a cavalo e sua memória de alguém apegado ao campo e ao cuidado do gado. E muito chimarrão, hábito, aliás, de origem indígena, muita ‘canha’ (cachaça), muita música, muita trova e festa.

A história agora (re)contada faz um desnudamento: o gaúcho surgiu de muito sangue e discriminação. Um povo foi praticamente dizimado. Mas como os humilhados e ofendidos sempre resistem, os charruas usaram os meandros da história para permanecerem vivos. Misturaram-se, viraram mestiços, e suas virtudes de povo de heroísmo e valentia de alguma forma aí estão, vivos, ressuscitados no gaúcho.

Importa, neste momento histórico, reconhecer a origem e humildemente pedir perdão. Que não se repita na história o genocídio de um povo livre. Que os milhões de índios e negros escravos assassinados neste país gritem mais alto por dignidade, por direitos, por justiça.

A valentia, a honradez, a coragem, a altivez do gaúcho têm, finalmente, sua origem e raiz (re)conhecidas. "No vizinho Uruguai, fala-se ‘del alma charrúa’. No Rio Grande do Sul, é usual dizer que o comportamento aguerrido de um time de futebol é fruto dessa mesma alma. Na Argentina, charrua é índio de respeito" (Léo Guerchmann) Os gaúchos são, pois, charruas, são indígenas, vêm de um povo que teve que morrer, ser sacrificado no altar do branco dominador. 


Que os gaúchos, os gaúchos-alemães como eu, os gaúchos-italianos, os gaúchos-poloneses, os gaúchos-judeus, os gaúchos-árabes, os gaúchos-japoneses e os brasileiros jamais se esqueçam destes assassinatos históricos. E nunca mais se escreva uma carta como a do presidente Rivera ao senador Julián de Gregório Espinosa, seu amigo, no dia 15 de abril de 1831, em que avisa estar lhe enviando objetos dos índios dizimados quatro dias antes: "Meu estimado Julián. O entregador lhe dará uma lança, um arco e flechas. Conserva essas memórias dessa tribo selvagem que já não existe. Não tenho outra coisa a oferecer-te, amigo."

Primeiro Aerogerador de Grande Porte Flutuante

Enquantos os tupiniquins, refens das grandes empreiteiras e construtoras (vide Montado Num Porco de 07 de novembro), financiam os mega projetos hidrelétricos e licitam termoelétricas a gás, para favorecer o dinossauro Petrobras, ou termoeléticas movidas ao quase banido carvão, apenas para favorecer o interesse das mineradoras e dos especuladores de commodities, no mundo civilizado não param as buscas de novas fontes de energia, realmente limpas e de baixo impacto.
Esse mês, mais um passo foi dado por Portugal, que lançou ao mar  o primeiro dos grande aerogeradores flutuantes.
Vale lembrar também que Portugal está implantando uma vasta rede para "abastecimento" de veículos elétricos e quer substitui no mínimo 10% da frota atual por veículos elétricos. 
O poder público vem dando exemplo (igualzinho aqui né???) , Lisboa já reduziu a frota da Câmara Municipal a quase a metade e substitui todos os veículos de motor a explosão, por veículos elétricos.

Como diz o ditado: Para fazer, basta querer

Eólica flutuante da EDP já está no mar

Veja aqui em primeira mão o momento em que o Winfloat foi rebocado da doca da Lisnave, em Setúbal, para o alto mar, na Aguçadoura - Póvoa de Varzim. Este é um projeto único no mundo totalmente feito em Portugal.
 
Vítor Andrade www.expresso.pt - 16:11 Sábado, 26 de novembro de 2011



Acaba de sair da doca seca do Porto de Setúbal a primeira eólica flutuante de grandes dimensões em direção ao alto mar, na zona da Aguçadoura, Póvoa de Varzim.

Trata-se de um projeto inovador que juntou a EDP Renováveis, a metálomecânica A. Silva Matos, e a empresa canadiana Principle Power. O projeto Windfloat, que agora entrou na sua fase de testes, poderá ser o início de uma nova fase da indústria das eólicas offshore (em mar aberto) para o mercado global.
Cumprir o desafio 20-20-20

Porque é que este projeto é importante e pode ser crucial assim que passar à fase comercial? Por uma razão muito simples: a Europa está confrontada com o desafio 20 20 20, para o qual já só dispõe de nove anos para cumprir. Ou seja, cada país da União Europeia terá de registar reduções de 20% nas suas emissões de dióxido de carbono (CO2), ter pelo menos 20% de incorporação de renováveis no respectivo sistema de produção de eletricidade e, não menos importante, fazer com que tudo isto se consiga até 2020. Quem não cumprir estas metas, será sujeito a pesadas penalizações.

Ora, acontece que o relógio não pára e 2020 é já ali à frente. Mas, para além da pressão dos ponteiros do relógio há um outro tipo de pressão que começa a jogar em favor do projeto Windfloat da EDP Renováveis. Na verdade, começa a haver uma grande pressão construtiva de torres eólicas por todo o território continental dos vários países.

Construir eólicas no mar... longe da vista

Por exemplo, em Portugal, pare sse que está prosseguindo com o plano de investimentos para as eólicas, a determinada altura teriam que se invadir terrenos dos parques naturais e áreas de reserva ecológica. O que não irá acontecer. A solução só pode ser uma. Construir eólicas no mar, londe da vista para quem está junto à costa, para não gerar impacto visual de maior monta.

E o que se irá passar em Portugal será replicado em vários países com frente de mar. Em alguns países do Norte da Europa, o problema tem sido relativamente bem ultrapassado. É que, em países como a Dinamarca, Holanda e algumas regiões costeiras do Reino Unido, as águas são pouco profundas (entre os 10 e os 25 metros) o que tem permitido a instalação de torres eólicas diretamente alicerçadas no fundo do mar.

Isso não será possível em Portugal, assim como em Espanha e Itália ou França, só para citar alguns exemplos. Tudo porque estamos a falar de países em que a profundidade da água do mar junto à costa é rapidamente superior a 50 e a 10 metros. Ou seja, para colocar eólicas aqui só se forem flutuantes.

Windfloat pode alavancar economia do mar

Até agora ainda ninguém tinha dado um passo neste sentido (execeptuando uma experiência na Noruega, mas com características diferentes). E Portugal é assim pioneiro com o projeto Winfloat. Se resultar, poderá ser replicado em vários países europeus e, por arrastamento, em todos cujas águas costeiras sejam profundas e não permitam a instalação de eólicas diretamente no fundo do mar.

Aliás, um dos parceiros do projeto Windfloat vem do Canadá e, também por esta via, podemos estar perante uma grande porta de entrada nos mercados mundiais do sector.

Alguns analistas não hesitam em afirmar que que podemos estar à beira de dar um empurrão histórico à indústria naval portuguesa. A tão apregoada economia do mar pode arrancar em força à boleia do Windfloat

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Petróleo brazileiro, entre o desespero e o despreparo.

A questão do petróleo para os brasileiros está, como diz a matéia do Estadão, um misto de desespero com despreparo.

Falo com conhecimento de causa, nossos recursos para respostas à emergências são medíocres, em tecnologia, recursos humanos e materiais.

Isso para o "pós sal". Mas o pré sal já naesceu e está engatinhando, uma área e uma profundidade onde a tecnologia e os recursos necessários para  combater um eventual derramamento nessas condições, serão infinitamente superiores a tudo que já utilizamos e que só dispomos no marketing do governo e da petrobras.

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Entre a terra e o mar 

Do Estadão

Fernando Gabeira, jornalista.
 
Dizem alguns historiadores que os chineses, há muitos séculos, achavam que o oceano era uma imensidão estéril. Fecharam-se na terra, perderam o contato com inúmeras inovações técnicas no Ocidente. Isso lhes valeu derrotas e longos anos de sofrimento. Num país colonizado pelos portugueses, é difícil subestimar o oceano. No poema Mar Português, de Fernando Pessoa ("tudo vale a pena se a alma não é pequena"), os versos iniciais, menos conhecidos, são também emblemáticos: "Ó mar salgado, quanto do teu sal/ são lágrima de Portugal!". Com a descoberta de petróleo na costa brasileira e, agora, as grandes reservas das camadas do pré-sal, o Brasil está diante de uma histórica opção diante do oceano.
O debate que se travou em torno dos royalties foi, na verdade, uma grande revelação. Os interlocutores querem definir como empregar o dinheiro. Estados, municípios, estudantes, todos têm uma fórmula para dividir os recursos do petróleo. O oceano passou a ser visto como uma galinha dos ovos de ouro. Discutimos, diante do petróleo marinho, com a excitação com que algumas famílias debatem o testamento de um tio bilionário.
Nasce aí a primeira cilada: supor que o oceano é apenas um imenso poço de petróleo, ignorando a diversidade da vida marinha e o outros potenciais econômicos que a própria biotecnologia pode desenvolver. O perigo dessa cilada é evidente em todas as declarações de alívio, porque o óleo vazado nas instalações da Chevron, na Bacia de Campos, se afastava do litoral. Sem dúvida, os prejuízos são maiores quando a mancha ruma para a praia. Mas não significa que seja totalmente inofensiva em mar alto.
O oceano não é uma cloaca. Ou, pelo menos, não deveria ser. Tartarugas recolhidas pelo Projeto Tamar revelam o estômago forrado de plástico, mergulhadores na Baía de Guanabara recolhem de tudo, de fogão à velha geladeira.
A faixa onde se vai explorar o pré-sal é rota de passagem da maioria das espécies em extinção no mar brasileiro. E o desastre da Chevron não mostrou apenas que estamos despreparados, mas também por que estamos despreparados. O Brasil só se preocupa com desastres quando eles acontecem. Nos primeiros anos do século, ante o vazamento na Baía de Guanabara e outros acidentes menores, a Petrobrás investiu R$ 1,4 bilhão num plano de emergência chamado Pegaso. A empresa ficou tão interessada no tema que mandou uma equipe para estudar o desastre na Galícia, aproveitar a experiência no Brasil.
A explosão na plataforma Deepwater Horizon, no Golfo do México, apresentou uma novidade bem diferente da encontrada em vazamentos de navios. Para estes uma solução é o projeto da obrigatoriedade do casco duplo, fórmula que, na maioria dos casos, impede que o óleo derrame no mar. O desastre com a Horizon mostrou que os mecanismos de controle do governo, mesmo o americano, são frágeis. Aumentou a capacidade técnica das empresas em comparação à capacidade de fiscalizar do governo. A Marinha americana não tinha condições técnicas para entender e reparar por si mesma o caos na plataforma.
Vivemos uma experiência semelhante no Brasil, quando tentamos criar algumas normas para um mecanismo chamado estocagem de carbono, no fundo do mar ou nas rochas. Quase nenhum Parlamento do mundo avançou nesse campo porque a técnica, basicamente, é dominada pelas empresas interessadas.
Diante do desastre o Golfo do México, o Brasil reagiu. Mas reagiu apenas no tempo em que o assunto estava em cartaz. A ideia de um plano nacional de emergência não saiu do papel.
Sempre se pode afirmar, como o fez a ministra Izabella Teixeira, do Meio Ambiente, que o desastre da Chevron não foi assim tão grande, logo, não era caso de acionar um plano nacional. Mas se nos planos simulamos com desastres inventados, por que não usar um desastre real para ensaiar?
Não houve transparência no caso da Chevron. Anunciado discretamente no dia 10, só uma semana depois o episódio saiu do anonimato. A dimensão do vazamento foi monitorada por uma ONG nos Estados Unidos, a SkyTruth. A transparência é fundamental se queremos mobilizar voluntários e realmente dar uma chance de defesa aos pescadores e comunidades litorâneas.
No ano que vem vamos discutir na Rio+20, entre outros temas, a economia verde. Mas a ONU lembra que é preciso também discutir a economia azul, talvez mais preocupada com a pesca e alimentos. Os oceanos podem dar muito mais. E, além disso, as correntes marinhas são um ponto de referência nas mudanças climáticas: quebrada a sua regularidade, as do processo de aquecimento tornam-se mais perigosas.
Não é grave apenas a falta de um plano nacional de emergência. É grave também todo o despreparo institucional para administrar os problemas no oceano. Falta uma política para o mar, algo que escapou até à maioria dos militantes verdes, concentrados na Floresta Amazônica e na Mata Atlântica. O Brasil prepara-se para tensionar o Oceano Atlântico com intensa exploração do petróleo e, em vez de examinar, mais amplamente uma economia azul, perdeu-se num só tema.
Enquanto discutimos para onde vão os ovos de ouro, poucos se dão conta de que estamos, lentamente, matando a galinha. Alguns prefeitos, de forma caricata, chegaram a ligar para deputados quando se discutia o pré-sal: "Quando vem o dinheiro? Já existe algum para nós?"
Grande parte dos biólogos marinhos trabalha hoje para as empresas de petróleo. Os avanços da Petrobrás na gestão de desastres poderiam inspirar até a criação de uma empresa brasileira para atender os desastres no continente. Mas há diferenças entre empresa e país. Ignorá-las significa que não é preciso fiscalizar o estágio atual de seu plano de emergência, os problemas trabalhistas na Bacia de Campos, os acidentes sofridos pelos petroleiros.
O vazamento da Chevron foi um alerta. Fernando Pessoa, num de seus versos, fala de uma alma atlântica. Se isso existe, parece que não a herdamos. Os royalties ofuscaram o oceano.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

As melhores universidades continuam sendo as públicas

As melhores universidades continuam sendo as públicas da região sul e sudeste, o resto, em especial as privadas, são colégios de ensino superior.
Nome Estado Tipo Nota Faixa IGC
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) SP pública 4,69 5
Universidade Federal de Lavras (Ufla) MG pública 4,31   5
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) RS pública 4,30 5
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) SP pública 4,29 5
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) MG pública 4,25 5
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) SP pública 4,16 5
Universidade Federal de Viçosa (UFV) MG pública 4,14 5
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) RJ pública 4,01 5
Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) MG pública 3,99 5
Universidade Federal de Itajubá (Unifei) MG pública 3,98 5
Fonte: Índice geral de Cursos - MEC/Inep

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Como as quadrilhas feudais do nordeste, empreiterias eempresários, associadas e ajudadas pelo PT ampliaram a atuação.

Belo Monte, nosso dinheiro e o bigode do Sarney

Eliane Brum para a revista ÉPOCA

Um dos mais respeitados especialistas na área energética do país, o professor da USP Célio Bermann, fala sobre a “caixa preta” do setor, controlado por José Sarney, e o jogo pesado e lucrativo que domina a maior obra do PAC. Conta também sua experiência como assessor de Dilma Rousseff no Ministério de Minas e Energia

Se você é aquele tipo de leitor que acha que Belo Monte vai “afetar apenas um punhado de índios”, esta entrevista é para você. Talvez você descubra que a megaobra vai afetar diretamente o seu bolso. Se você é aquele tipo de leitor que acredita que os acontecimentos na Amazônia não lhe dizem respeito, esta entrevista é para você. Para que possa entender que o que acontece lá, repercute aqui – e vice-versa. Se você é aquele tipo de leitor que defende a construção do maior número de usinas hidrelétricas já porque acredita piamente que, se isso não acontecer, vai ficar sem luz em casa para assistir à novela das oito, esta entrevista é para você. Com alguma sorte, você pode perceber que o buraco é mais embaixo e que você tem consumido propaganda subliminar, além de bens de consumo. Se você é aquele tipo de leitor que compreende os impactos socioambientais de uma obra desse porte, mas gostaria de entender melhor o que está em jogo de fato e quais são as alternativas, esta entrevista também é para você.
Como tenho escrito com frequência sobre a megausina hidrelétrica de Belo Monte, por considerar que é uma das questões mais relevantes do país no momento, observo com atenção as manifestações dos leitores que comentam neste espaço ou em redes sociais como o Twitter. Anotei as principais dúvidas para incluí-las aqui e assim colaborar com o debate.
Desta vez, propus uma conversa sobre Belo Monte a Célio Bermann, um dos mais respeitados especialistas do país na área energética. Bermann é professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP), com doutorado em Planejamento de Sistemas Energéticos pela Unicamp. Publicou vários livros, entre eles: “Energia no Brasil: Para quê? Para quem? – Crise e Alternativas para um País Sustentável” (Livraria da Física) e “As Novas Energias no Brasil: Dilemas da Inclusão Social e Programas de Governo” (Fase). Ex-petista, ele participou dos debates da área energética e ambiental para a elaboração do programa de Lula na campanha de 2002 e foi assessor de Dilma Rousseff entre 2003 e 2004, no Ministério de Minas e Energia. Célio Bermann foi também um dos 40 cientistas a se debruçar sobre Belo Monte para construir um painel que, infelizmente, foi ignorado pelo governo federal.
Vale a pena ouvir o professor a qualquer tempo. Mas, especialmente, depois de uma semana dramática como a passada. Na quarta-feira (26/10), o julgamento da ação movida pelo Ministério Público Federal reivindicando que os índios sejam ouvidos sobre a obra, como determina a Constituição, foi interrompida e adiada mais uma vez no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília. Na mesma quarta-feira, chamado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) para explicar por que não suspendeu as obras de Belo Monte, o Brasil não compareceu, desrespeitando o organismo internacional e exibindo um comportamento mais usual em ditaduras. Em reportagem publicada em 20/10, o Estadão denunciou que, como retaliação por ter sido advertido sobre Belo Monte, o Brasil deixou de pagar sua cota anual como estado-membro.
Na quinta-feira (27/10), centenas de pessoas, entre indígenas, ribeirinhos e moradores das cidades atingidas, ocuparam pacificamente o canteiro de obras de Belo Monte, no rio Xingu, pedindo a paralisação da construção da usina. Foram expulsos por ordem judicial. Enquanto o canteiro de obras era ocupado por uma população invisível para o governo de Dilma Rousseff, o cineasta Daniel Tendler apresentava no Seminário Nacional de Grandes Barragens, no Rio de Janeiro, o projeto de uma megaprodução cinematográfica que se propõe a documentar as obras de Belo Monte por cinco anos. O projeto é comandado pela LC Barreto, a produtora da poderosa família Barreto, a mesma que fez “Lula, O Filho do Brasil”. Tendler, aliás, foi um dos roteiristas do filme sobre a vida do ex-presidente. Entre as repercussões da megaprodução cinematográfica sobre a megaobra do PAC no Twitter, destacou-se uma: “Os Barreto estão para o cinema nacional como os Sarney para a política”.
Ainda na semana passada, o governo federal publicou um pacote de sete portarias ministeriais com o objetivo de “destravar a concessão de licenças ambientais no país para acelerar grandes empreendimentos, como rodovias, portos, exploração de petróleo e gás, hidrelétricas e até linhas de transmissão de energia”. Ou seja: o governo caminha para anular as conquistas socioambientais obtidas na redemocratização do país.
Dias antes, em 26/10, o Senado havia aprovado um projeto de lei que retira o poder do Ibama para multar crimes ambientais, como desmatamentos. Se não for vetado pela presidente, o poder de multar passará para estados e municípios, sujeito às pressões locais já bem conhecidas. A aprovação do projeto aconteceu quatro dias depois de mais um assassinato no Pará: João Chupel Primo, mais conhecido como João da Gaita, foi morto com um tiro na cabeça, depois de denunciar ao Ministério Público Federal, em Altamira, uma rota de desmatamento ilegal na reserva extrativista Riozinho do Anfrísio e na Floresta Nacional Trairão, área do entorno de Belo Monte. Como de hábito, o Congresso decide os rumos do país desconectado com o que acontece na vida real para além do aquário brasiliense.
No momento histórico em que recursos como água e biodiversidade se consolidam como o grande capital de uma nação, o Brasil, um dos países mais beneficiados pela natureza no planeta, corre em marcha à ré. O cenário que você acabou de ler tem no centro – como obra simbólica e estratégica – Belo Monte, a maior obra do PAC. A seguir, parte de minha conversa de quase três horas com o professor Célio Bermann, em sua sala no Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP.    
- Por que o senhor, assim como outras pessoas que estudam o setor, afirma que a área energética do país é uma “caixa preta”. Afinal, que caixa preta é essa?
Célio Bermann – A política energética do nosso país é uma caixa preta e é mantida dessa forma por uma série de razões. Primeiro, porque a baixa escolaridade da população brasileira não permite, por exemplo, que o leitor da Época entenda o que é terawatts-hora. Mas seria interessante que a população toda tivesse conhecimento e pudesse, com informação, começar a definir junto com empresas e governo os rumos que são mais adequados. Acho que a academia tem um papel fundamental nesse processo. Eu, particularmente, tento, na área do meu conhecimento, procurar as populações tradicionais, mostrar o que é uma usina hidrelétrica, por que alaga quando você interrompe o fluxo, o que é uma barragem, e como isso vai acabar transformando a vida da comunidade. Acho importante que a academia preste esse tipo de informação, já que governo e empresas não o fazem.
- Sim, mas por que o setor energético tem sido uma caixa preta por décadas?
Bermann -
A governabilidade foi encontrada através de uma aliança que mantém o círculo de interesses que sempre estiveram no nosso país. É a mesma turma que continua na área energética. E isso é impressionante. A população não participa do processo de decisões. Não existem canais para isso. Ainda no governo FHC, durante a privatização, o governo criou um Conselho Nacional de Política Energética. Nos dois mandatos de FHC participavam os dez ministros, mas havia um assento para um representante da academia e um da chamada sociedade civil. Eles sentavam, discutiam as diretrizes energéticas de uma forma aparentemente saudável, mas, no frigir dos ovos, na prática não mudava nada. De qualquer forma, havia pelo menos esse sentido de escutar. Isso, com Lula, acabou. O resultado do governo "democrático popular" do Lula, nos dois mandatos, e da Dilma, agora, é a negação de escutar outros interesses que não sejam aqueles que sempre estiveram junto ao poder. A própria Dilma, no início do governo Lula, tinha uma dificuldade muito grande de ouvir, de sentar-se com os movimentos sociais e ouvir. Eu tive a oportunidade de vivenciar o primeiro mandato do Lula, lá, em Brasília.
- E qual era o seu papel?
Bermann –
Era apagar fogo, este era o meu papel...
- Mas, oficialmente...
Bermann -
O meu papel era tentar amenizar um pouco os conflitos, mas, oficialmente, eu fui trabalhar com a Dilma como assessor ambiental no Ministério de Minas e Energia. A ideia inicial era criar uma Secretaria de Meio Ambiente dentro do ministério. Era a época em que tínhamos a Marina (Silva) falando em transversalidade, então havia um ambiente extremamente propício para aparar arestas e ver se a coisa poderia caminhar de uma forma mais adequada. Achei, então, que a melhor forma de fazer isso não era criar um lugar dos ambientalistas no ministério, mas colocar em todas as secretarias do ministério gente que pensasse o meio ambiente. Mas acabei ficando um ano lá em Brasília. Mesmo assim, foi extremamente interessante, porque me permitiu sair da academia e ter, na prática, a percepção de como as coisas se dão no dia a dia dentro do governo.
- E como as coisas se dão no dia a dia dentro do governo?
Bermann –
É um horror. É uma lentidão. É um imobilismo. É incrível a capacidade da máquina de governo de fazer de conta que faz sem estar fazendo absolutamente nada. Eu falo isso com todos os pontos nos “is”. No início do governo se buscava um entendimento entre os chamados "ministérios fins" e o meio ambiente. Transportes, por causa da construção de estradas e portos, e Minas e Energia, por causa da atividade mineral, metalúrgica e energética, e as questões ambientais que são intrínsecas a essas atividades. Houve uma boa intenção de levar adiante a possibilidade do estabelecimento de pontos comuns. Fizemos, então, um acordo entre Ministério de Minas e Energia e Ministério do Meio Ambiente em função da definição de "pontos comuns", de procurar verificar onde poderíamos estabelecer alguns consensos. Era um documento em que se definia uma agenda energética e ambiental comuns aos dois ministérios. Se bem me lembro, o documento foi concluído em setembro de 2003. Mas as duas ministras só foram assinar em 31 de março de 2004.
- Por quê?
Bermann –
Boa pergunta. Por quê? Boas intenções... mas por quê? Eu realmente não consigo definir exatamente se era uma questão de veleidade... não sei. No final de 2003 a Marina começou a perceber a dificuldade de ela continuar, e o Lula, daquele jeito dele, deixando a coisa acontecer. Naquele momento, o governo poderia ter tido uma agenda comum, um processo extremamente positivo de entender que existem usinas hidrelétricas que não devem ser construídas.
- Imagino que não era fácil ser assessor ambiental da Dilma Rousseff...
Bermann -
É, foi uma coisa meio... difícil. Como falei, eu tinha uma relação particular com os movimentos sociais e estava mais numa situação de bombeiro. Vou te contar uma coisa, como referência. Eu encontrei a Dilma na posse do (físico) Luiz Pinguelli Rosa, no Rio de Janeiro, como presidente da Eletrobrás. Ela estava extremamente satisfeita, alegre, contente, porque tinha conseguido, politicamente, afastar a turma do (José) Sarney da seara energética. (Luiz Pinguelli Rosa deixaria o cargo em 2004, a pedido de Lula, que precisava colocar alguém ligado ao PMDB e a José Sarney.) Para você ver. Na época, o (José Antonio) Muniz (Lopes) era diretor da Eletronorte... e depois tornou-se presidente da Eletrobrás (de 2008 a 2011). 
- O José Antonio Muniz Lopes, um homem da cota do Sarney, é um personagem longevo nessa história de Belo Monte... Só para situar os leitores, em 1989, no último ano do governo Sarney, ele era diretor da Eletronorte e foi no rosto dele que a índia caiapó Tuíra encostou seu facão por causa da proposta de Belo Monte (então chamada de Kararaô), naquela foto histórica que correu mundo. O tal do Muniz já estava lá... Depois de deixar a presidência da Eletrobrás, no início deste ano, continuou lá, agora como diretor de Transmissão da Eletrobrás...
Bermann –
Pois então. Naquela época, em 2003, era ele o diretor da Eletronorte que a Dilma tinha ficado feliz por ter conseguido afastar. Por isso que eu falo que não é o governo Lula, é o governo Lula/Sarney. E agora Dilma/Sarney. Constituiu-se um amálgama entre os interesses históricos do superfaturamento de obras, sempre falado, nunca evidenciado. Não se trata de construir uma usina para produzir energia elétrica. Uma vez construída, alguém vai precisar produzir energia elétrica, mas não é para isso que Belo Monte está sendo construída. O que está em jogo é a utilização do dinheiro público e especialmente o espaço de cinco, seis anos em que o empreendimento será construído. É neste momento que se fatura. É na construção o momento onde corre o dinheiro. É quando prefeitos, vereadores, governadores são comprados e essa situação é mantida. Estou sendo muito claro ao expor a minha percepção do que é uma usina hidrelétrica como Belo Monte. 
- No momento em que o senhor encontrou a Dilma, logo na constituição da equipe do primeiro mandato de Lula, o senhor conta que ela estava feliz porque tinha conseguido tirar a turma do Sarney do comando da área energética. O que aconteceu a partir daí?
Bermann -
A pergunta é: tirou mesmo?
- E qual é a resposta?
Bermann -
Naquele momento, manter esse pessoal à distância era estratégico para reconstruir as relações e viabilizar algumas das diretrizes que tinham sido objeto da proposta de governo. O que aconteceu é que a vida dessa situação (de afastamento) foi extremamente curta devido às relações de poder. Eles não gostaram de se sentir afastados. E eu suponho que a percepção do problema da governabilidade no governo Lula foi uma ação desses setores que tinham percebido que estavam longe da teta da vaca e que não podiam continuar assim. Qual era o jeito de fazer? PMDB era oposição. Vamos conversar... E aí se reacomodam as questões. Eu não digo que seja um grupo de ladrões mercenários. Não é isso que está em jogo. Mas essa capilaridade do Sarney permite manter o usufruto do poder. Eu não sou psicólogo para entender o que o senhor Sarney pensa quando vê o Muniz voltar para o governo, ou quando se encontra diante da incapacidade técnica do senador Edison Lobão ao conduzir o Ministério de Minas e Energia no governo Lula e agora no de Dilma. Não há lógica para isso. Vou dizer de novo: não é possível a gente acreditar na capacidade gerencial de um governo que se submete a esse tipo de articulação política, colocando uma pessoa absolutamente incapaz de entender o que é quilowatt, quilowatt-hora. De ir a público sem saber a diferença entre tensão em volts e energia em quilowatts-hora. 
- O senhor está falando do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão?
Bermann-
Edison Lobão. 
- E Belo Monte ocupa que lugar nesse jogo?
Bermann -
É a oportunidade de se fazer dinheiro e de se reconstituir as relações de poder. Essa obra tinha sido sepultada em 1989, por conta da mobilização da população indígena, e voltou à tona no governo Lula, aprovada pelo Congresso (em 2005) com o discurso de que era um novo projeto. 
- A ameaça de retomar Belo Monte esteve presente também durante o governo Fernando Henrique Cardoso, mas só no governo Lula saiu mesmo do papel, o que ninguém imaginava que acontecesse, devido ao apoio massivo dos movimentos sociais da região à campanha de Lula. O senhor acha que o fato de Belo Monte ter saído do papel tem a ver com a denúncia do Mensalão, em 2005, e a recomposição das forças políticas para a eleição de 2006?
Bermann - Não tenho a mínima ideia. Mas vamos falar em cifras, agora. Em 2006 o projeto foi anunciado com um custo de R$ 4,5 bilhões. Você sabe, as cifras avançaram violentamente. Antes de ir para o leilão, a usina foi avaliada em R$ 19 bilhões. Foi feito o leilão e se definiu um custo fictício de geração de energia elétrica de R$ 78 o megawatt-hora.
- Por que fictício?
Bermann -
Fictício porque esse custo não remunera o capital investido. É por isso que várias empresas caíram fora do empreendimento, sob o ponto de vista da geração da energia elétrica. Mas as grandes empreiteiras estão presentes, porque não é na venda da energia elétrica, mas sim na obra que se dá uma parte significativa da apropriação da renda. Com o consórcio constituído com 50% entre Eletrobrás e Eletronorte, as empreiteiras voltaram para fazer a obra. A elas interessa a obra – e não ficar vendendo energia elétrica. Essa situação é entendida pelos dirigentes, pelo governo, como normal. Para o governo federal, é uma parceria público-privada que está dando certo. Em que termos? A obra hoje está oficialmente orçada em R$ 26 bilhões. Imagine, de R$ 4,5 bilhões para R$ 26 bilhões...
- Em cinco anos, o valor da obra avançou em mais de R$ 20 bilhões?
Bermann –
Oficialmente está hoje orçada em R$ 26 bilhões. Mas existem estimativas de que não vai sair por menos de R$ 32 bilhões. Isso sem falar em superfaturamento.
- Deste valor, quanto sairá do BNDES, ou seja, do nosso bolso?
Bermann –
Oitenta por cento da grana para isso é dinheiro público. O que estamos testemunhando é um esquema de engenharia financeira para satisfazer um jogo de interesses que envolve empreiteiras que vão ganhar muito dinheiro no curto prazo. Um esquema de relações de poder que se estabelece nos níveis local, estadual e nacional – e isso numa obra cujos 11.200 megawatts de potência instalada só vão funcionar quatro meses por ano por causa do funcionamento hidrológico do Xingu. Então, é preciso entender que a discussão sobre a volta da inflação não se dá porque está aumentando o preço da cebola, do tomate, do leite... É por causa da volúpia de tomar recursos públicos que será necessário fabricar dinheiro. O ritmo inflacionário vai se dar na medida em que obras como Belo Monte forem avançando e requerendo que se pague equipamento, que se pague operários, que se pague uma série de coisas e também que se remunere com superfaturamento.
- Quem perde a gente já sabe. Agora, quem ganha, além das empreiteiras envolvidas na obra?
Bermann -
Há as pessoas que ganham pela obra - fabricantes de equipamentos, empreiteiras. E há quem ganhe não financeiramente, mas politicamente, por permitir que essa articulação seja possível, porque é esse pessoal que vai bancar a campanha para o próximo mandato. É a escolinha ou o posto de saúde que eventualmente aquele vereador, aquele prefeito vai dizer: "É obra minha!". É isso que está em jogo. É dessa forma que a cultura política se estabelece hoje no nosso país. Isso precisa mudar. Como? É complicado.
- O senhor costuma usar a expressão “Síndrome do Blecaute” para se referir ao pânico da população de ficar à luz de velas devido a um apagão energético. Acredita que essa “síndrome” é manipulada pelo governo federal e pelos grandes interesses empresariais para emprestar um caráter de legitimidade a megaobras como Belo Monte?
Bermann –
O que eu tenho chamado de "Síndrome do Blecaute" conduz à legitimação de empreendimentos absolutamente inconsistentes. Belo Monte, como foi provado pelo conjunto de cientistas que se debruçaram sobre o tema (painel dos especialistas), é uma obra absolutamente indesejável sob o ponto de vista econômico, financeiro e técnico. Isso sem falar nos aspectos social e ambiental. Mas se dissemina uma ideia do caos e, hoje, há 77 projetos de usinas hidrelétricas somente na Amazônia que utilizam a "Síndrome do Blecaute" para se viabilizarem. O fato de hoje o aquecimento global dominar a mídia e o senso comum, assim como a própria academia, ajuda a mostrar a hidroeletricidade como uma grande maravilha, independentemente do lugar em que a usina vai ser construída e dos impactos que ela vai causar. Mas o que é preciso compreender e questionar? Hoje, seis setores industriais consomem 30% da energia elétrica produzida no país. Dois deles são mais vinculados ao mercado doméstico, que é o cimento e a indústria química. Mas os outros quatro têm uma parte considerável da produção para exportação: aço, alumínio primário, ferroligas e celulose.
- As chamadas indústrias eletrointensivas...
Bermann –
Isso. Eu não estou defendendo que devemos fechar as indústrias eletrointensivas, que demandam uma enorme quantidade de energia elétrica a um custo ambiental altíssimo. Mas acho absolutamente indesejável que a produção de alumínio dobre nos próximos 10 anos, que a produção de aço triplique nos próximos 10 anos, que a produção de celulose seja multiplicada por três nos próximos 10 anos. E é isso que está sendo previsto oficialmente.
- O que poucos parecem perceber e menos ainda questionam, quando essas metas são comemoradas, é a forma como o Brasil está inserido no mercado internacional em pleno século XXI. O quanto o fato de nossa economia estar baseada na exportação de bens primários tem a ver com a necessidade de grandes hidrelétricas?
Bermann –
Desde a ditadura militar, passando pela redemocratização, pelos sucessivos governos até FHC, tem sido assim. Nós imaginávamos que, com Lula, essa questão ia ser reorientada. Porque o programa de governo em que eu me envolvi preconizava a necessidade dessa mudança. E o que aconteceu? Se você comparar os dados de 2001 com os dados de 2010, vai constatar que a economia brasileira está se primarizando cada vez mais. Isto é: cada vez mais são produzidos no Brasil bens industriais primários, sem agregação de valor. E são justamente os bens primários que consomem muita energia e geram pouco emprego. Além disso, satisfazem uma demanda marcada pelo consumismo. E o Brasil se mostrou incapaz de dizer: "Não, nós não vamos fazer isso".
- E depois esses produtos retornam para o Brasil, via importação, com valor agregado...
Bermann –
É. Eu sempre chamo a atenção para o fato de que, do alumínio primário que o Brasil produz, 70% é exportado. E o alumínio consome muita energia. Para se pegar um barro vermelho, que é a bauxita, e transformá-la em alumínio, é preciso um processo de produção extremamente devastador sob o ponto de vista ambiental. Há um primeiro refino para obter a alumina, que é um pó branco. Esse pó branco tem como consequência ambiental uma borra chamada de “lama vermelha”. Um ano atrás, na Europa, na Hungria, houve uma catástrofe em função do rompimento de uma barragem que continha essa lama vermelha e tóxica. Ela se espalhou pelo Rio Danúbio e foi um horror. E cada vez mais se faz isso no nosso país – e, claro, não se faz mais isso nos países centrais. Isso não está acontecendo agora no Brasil, está acontecendo desde os anos 70.
- Houve acentuação desse processo no governo Lula e agora no de Dilma Rousseff?
Bermann –
O que acontece a partir de Lula é o que eu tenho chamado de "reprimarização da economia". Nós já tivemos uma época em que a economia dependia basicamente da produção de bens primários: café, açúcar e também alguns bens industriais primários. Depois, tivemos Getúlio Vargas, Juscelino (Kubitschek), e nos anos 50 houve a substituição das importações com a vinda da indústria pesada. Aquele período marca um processo acelerado de industrialização da economia brasileira em que se buscava um desenvolvimento tecnológico para acompanhar o ritmo internacional. Agora, vivemos a reprimarização da economia. E não é uma questão do governo, simplesmente. O governo poderia tornar essa questão pública, dar condições para que a população compreendesse e debatesse o que está em jogo, e isso pudesse servir como base de apoio para uma tomada de decisão do tipo: "Olha, Alcoa (corporação de origem americana com grande presença no Brasil, é a principal produtora mundial de alumínio primário e alumínio industrializado, assim como a maior mineradora de bauxita e refinadora de alumina), vocês não vão continuar aumentando a produção aqui no Brasil. Procurem um outro lugar. A produção de energia elétrica gera um problema ambiental enorme, um problema social enorme, e nós vamos priorizar a demanda da população”. Mas, infelizmente, isso não é feito.
- Mas essa obstinação do governo Lula, e agora do governo Dilma, em fazer Belo Monte, mesmo já tendo um prejuízo de imagem aqui e lá fora, mesmo tendo mais de uma dezena de ações judiciais contra a obra movidas pelo Ministério Público Federal, fora as outras... Essa obstinação se dá apenas por causa do esquema de governabilidade, do esquema político para as eleições a curto e médio prazo, ou é por mais alguma coisa?
Bermann –
Isso já não te parece plausível? Ou você acha que tem alguma coisa meio doentia, que precisa ser explicada? (risos)
- Doentia, não sei. Mas eu gostaria de compreender melhor por que o senhor e a maioria dos especialistas que estudaram o projeto afirmam que esta obra é ruim também do ponto de vista técnico.
Bermann –
Divulgaram que esta será a única usina do Xingu. Inclusive, houve um seminário recente aqui na USP em que tive a oportunidade de discutir com o Mauricio Tolmasquim (presidente da Empresa de Pesquisa Energética, ligada ao Ministério de Minas e Energia). E ele veio com essa ladainha: “Vai ser a única...”. E eu disse a ele: “Com o perdão do poeta, o que você está afirmando, somente de papel passado, com firma em cartório e assinado: Deus”.
- O senhor não acredita que será a única usina do Xingu, então?
Bermann –
Me diga alguma coisa no nosso país que vigorou como cláusula pétrea. Me fale alguma coisa aqui no nosso país que foi dito de uma forma e se manteve ao longo do tempo. VAI ser necessário construir outras usinas. No atual projeto, esta é uma usina que vai funcionar à plena carga, no máximo, quatro meses por ano, por causa do regime hidrológico. Se ela estiver sozinha, o volume de água para rodar as turbinas dependerá da quantidade de chuva. E aquela região tem a seguinte característica: quando chove, quando tem água, quando desce a água dos tributários para o Xingu é muita água, é um volume enorme de água. Mas isso só acontece durante quatro meses por ano. Só nesse período os 11.200 megawatts vão estar operando. Em outubro, na época da estiagem, será apenas 1.100 megawatts, um décimo. Então, a pergunta é: por que construir uma usina desse porte, se, na média anual, ela vai operar com 4.300 megawatts? Necessariamente vão vir as outras quatro. Eu estou afirmando isso, infelizmente. Tecnicamente, eu tenho absoluta certeza. Porque as usinas rio acima vão segurar a água e aí Belo Monte não vai depender da quantidade de chuva. É o único jeito dessa potência instalada de 11.200 megawatts existir de fato.
- O senhor está dizendo que o governo federal está mentindo ao afirmar que será apenas uma usina, para conseguir vencer as resistências ao projeto e aprová-la, e depois fará mais três ou quatro?
Bermann –
Estou dizendo que, da forma como esta usina está colocada, é uma aberração técnica tão grande que é totalmente ilógico construí-la.
- E essa afirmação, discutida hoje na Justiça, de que os povos indígenas não serão atingidos?
Bermann –
A noção que as empresas e o governo federal têm é a noção de população afogada – e não atingida. 
- Agora, digamos que nós concordássemos que a obstinação de construir Belo Monte, ainda que atropelando a população e talvez a Constituição, se devesse à necessidade de energia elétrica. E digamos que Belo Monte fosse de fato um projeto de engenharia viável e inteligente. As usinas hidrelétricas são as melhores opções para a geração de energia no Brasil de hoje? Quais são as alternativas a elas?
Bermann –
Não podemos olhar a questão da produção de energia sem questionar ou considerar o outro lado, que é o consumo de energia. Parece meio prosaico, porque envolve hábitos culturais da população. E a população sempre entendeu que energia elétrica se resume a você apertar o botão e ter eletricidade disponível. E por isso fica em pânico com a “Síndrome do Blecaute”. Mas é preciso pensar além disso. Não estou dizendo para fechar as fábricas de alumínio, de aço e de celulose no Brasil. O que estou dizendo é o seguinte: parem de ampliar a produção. Parem, porque diversos países desenvolvidos já fizeram isso. O Japão fez mais do que isso. O Japão produzia, em 1980, 1,6 milhões de toneladas de alumínio. Nós estamos produzindo quase 1,7 milhões de toneladas hoje. Só que a energia elétrica necessária para produzir alumínio tornou-se da ordem do absurdo. Então o governo japonês, as empresas japonesas produtoras de alumínio e os trabalhadores da indústria do alumínio realizaram um debate que culminou com o fechamento de todas as usinas de produção de alumínio primário no Japão, exceto uma. Isso ainda nos anos 80. Hoje, o Japão produz apenas 30 mil toneladas. De 1,6 milhões para 30 mil toneladas. Diante da necessidade de gerar muita energia para produzir alumínio, o que o Japão fez? O governo e a sociedade japonesa disseram: “Vamos priorizar a eficiência, o maior valor agregado. Nós não precisamos produzir aqui. Tem o Brasil, tem a Venezuela, tem a Jamaica, tem os lugares para onde a gente pode transferir as plantas industriais e continuar a assegurar o suprimento para a nossa necessidade industrial. A gente pega esse alumínio, agrega valor e exporta na forma de chip. Parece uma coisa tão besta, né? Mas foi isso o que os japoneses fizeram. Eles mantiveram o crescimento econômico e reduziram a demanda por energia. Nós estamos caminhando no sentido inverso. Estamos aumentando o consumo de energia a título de crescimento e desenvolvimento, e, numa atitude absolutamente ilógica, porque a gente exporta hoje a tonelada de alumínio a US$ 1.450, US$ 1.500 dólares. E, para se ter uma ideia, hoje falta esquadrias de alumínio no mercado interno, no mercado de construção brasileiro. O preço foi aumentado por indisponibilidade. Hoje, e fizemos um estudo recente sobre isso, é preciso importar esquadrias de alumínio porque a oferta no mercado interno é insuficiente. E, enquanto o Brasil exporta o alumínio por US$ 1.450, US$ 1.500, o preço da tonelada de esquadria importada é o dobro: cerca de US$ 3 mil a tonelada.
- Para o senhor, a questão de fundo é outra...
Bermann -
Nós temos pouca capacidade de produzir alumínio com valor agregado. Então, não estou dizendo para fechar essas fábricas, botar os trabalhadores na rua, mas dizendo para parar de produzir alumínio primário, que exige uma enorme quantidade de energia, e investir no processo de melhoria da matéria-prima para satisfazer inclusive a demanda interna hoje insatisfeita. Agora, vai perguntar isso para a ABAL (Associação Brasileira de Alumínio). Veja se eles estão pensando dessa forma. Billiton, Alcoa, mesmo o sempre venerado Antônio Ermírio de Moraes, com a Companhia Brasileira de Alumínio. A perspectiva desse pessoal é a cega subordinação ao que define hoje o mercado internacional, o mercado financeiro. E é assim que o nosso país fica desesperado com a ideia de que vai faltar energia. 
- Além de ser um modelo de desenvolvimento que prioriza a exportação de bens primários, sem valor agregado, é também um modelo de desenvolvimento que ignora o esgotamento de recursos. Enquanto tem, explora e lucra. Alguns poucos ganham. O custo socioambiental, agora e no futuro, será dividido por todos...
Bermann –
Isso. Os recursos naturais são limitados. Por isso, no meu ponto de vista, a discussão do aquecimento global obscurece o entendimento da hidroeletricidade em particular. Ficamos às cegas. Para transformar o barro da bauxita naquele pó branco do alumínio, que depois é fundido através de uma corrente elétrica, é uma quantidade de energia enorme, absurda. Essa possibilidade você não vai conseguir com energia solar, com energia eólica. São processos produtivos que exigem a manutenção do suprimento de energia elétrica 24 por 24 horas. A solar não consegue fazer isso na escala necessária. Uma tonelada de alumínio consome 15 a 16 mil kilowatts-hora. Para se ter uma ideia, na média, o consumidor brasileiro consome, por domicílio, 180 kilowatts-hora por mês, o que é baixo. Nós ainda estamos vivendo uma situação muito próxima da miserabilidade em termos energéticos para a população. Nós temos uma demanda a ser satisfeita com equipamentos eletrodomésticos. Satisfeita não construindo grandes usinas hidrelétricas para as empresas eletrointensivas, mas para conseguirmos equilibrar a qualidade de vida, que se deve fundamentalmente a uma herança histórica: a de sermos um dos países com a pior distribuição de renda do mundo. 
- Uma das piores distribuições de renda e uma das piores distribuições de eletricidade do mundo...
Bermann –
Eu chamo o programa de universalização de "Luz para quase todos". Não é para todos, é para quase todos. Desde que estejam próximos da rede para extensão, tudo bem. Mas, para o sujeito distante, só agora é que se começa a pensar em sistemas de produção descentralizada. A percepção ainda é, infelizmente, de pegar e estender a rede. Mas o custo de extensão da rede é muito alto. Principalmente, se você pegar e atravessar 15 quilômetros para atender duas, três casas. O lógico seria a adoção de energia descentralizada em escala menor, que seja mais bem controlada pela população. Mas isso não passa pela cabeça porque define inclusive uma outra relação social. Eu também chamo esse programa de “Conta de luz para todos”, porque de repente você fica refém de uma companhia e necessariamente paga conta de luz, quando você poderia criar uma situação de autonomia energética. 
- O senhor poderia explicar melhor quais são as alternativas para a população, já que todos nós crescemos dentro de uma lógica em que recebemos a conta da luz e pagamos a conta da luz; apertamos um botão na parede e a luz se faz. A realidade está exigindo que sejamos mais criativos e tenhamos mais largura de raciocínio. Quais são as alternativas para o cidadão comum, especialmente o de regiões mais afastadas?
Bermann –
Depende muito do acesso à tecnologia existente no local ou na região. Hoje, por exemplo, temos no Rio Grande do Sul uma experiência de queimar casca de arroz para gerar energia. O calor da queima da casca de arroz aquece a água, a água se transforma em vapor e esse vapor é injetado num tubo e gira uma turbina produzindo energia elétrica. Não tem nada de fantástico nisso, esse processo é conhecido há muito tempo, mas, puxa vida, eu estou tão acostumado a simplesmente acender e apagar o botão... Vou ficar agora me preocupando se tem combustível? Existe um lado meio trágico da população em geral que é o comodismo: deixa que resolvam por mim. Então, quando você me pergunta sobre alternativas, depende do que a gente está falando. Existem alternativas promissoras deixando de produzir mais mercadorias eletrointensivas. Como também é promissor ter esquemas de financiamento para que o pequeno empresário adquira um painel fotovoltaico (placa que transforma luz solar em energia elétrica) ou uma usina de geração eólica (transformação de vento em energia elétrica). E use essa tecnologia que está disponível para satisfazer as suas necessidades, sem necessariamente ficar ligado a uma grande linha de transmissão, de distribuição, puxando energia não sei de onde. 
- O que o senhor diria para a parcela da população brasileira que faz afirmações como estas: "Ah, se não construir Belo Monte não vai ter luz na minha casa", ou "Ah, esses ecochatos que criticam Belo Monte usam Ipad e embarcam em um avião para ir até o Xingu ou para a Europa fazer barulho". O que se diz para essas pessoas para que possam começar a compreender que a questão é um pouco mais complexa do que parece à primeira vista?
Bermann –
Não é verdade que nós estamos à beira de um colapso energético. Não é verdade que nós estamos na iminência de um “apagão”. Nós temos energia suficiente. O que precisamos é priorizar a melhoria da qualidade de vida da população aumentando a disponibilidade de energia para a população. E isso se pode fazer com alternativas locais, mais próximas, não centralizadas, com a alteração dos hábitos de consumo. É importante perder essa referência que hoje nos marca de que esse tipo de obra é extremamente necessário porque vai trazer o progresso e o desenvolvimento do país. Isso é uma falácia. É claro que, se continuar desse jeito, se a previsão de aumento da produção das eletrointensivas se concretizar, vai faltar energia elétrica. Mas, cidadãos, se informem, procurem pressionar para que se abram canais de participação e de processo decisório para definir que país nós queremos. E há os que dizem: “Ah, mas ele está querendo viver à luz de velas...”. Não, eu estou dizendo que a gente pode reduzir o nosso consumo racionalizando a energia que a gente consome; a gente pode reduzir os hábitos de consumo de energia elétrica, proporcionando que mais gente seja atendida, sem construir uma grande, uma enorme usina que vai trazer enormes problemas sociais, econômicos e ambientais. É importante a percepção de que, cada vez que você liga um aparelho elétrico, a televisão, o computador, ou a luz da sua casa, você tenha como referência o fato de que a luz que está chegando ali é resultado de um processo penoso de expulsão de pessoas, do afastamento de uma população da sua base material de vida. E isso é absolutamente condenável, principalmente se forem indígenas e populações tradicionais. Mas também diz respeito à nossa própria vida. É necessário ter uma percepção crítica do nosso modo de vida, que não vai se modificar amanhã, mas ela precisa já estar na cabeça das pessoas, porque não é só energia, é uma série de recursos naturais que a gente simplesmente não considera que estão sendo exauridos e comprometidos. É necessário que desde a escola as crianças tenham essa discussão, incorporem essa discussão ao seu cotidiano. Eu também tenho uma dificuldade muito grande de chegar aqui na minha sala e não ligar logo o computador para ver emails, essas coisas. Confesso que tenho. Mas eu também percebo uma grande satisfação quando eu consigo não fazer isso. E essa percepção da satisfação é uma coisa cultural, pessoal, subjetiva. Mas ela precisa ser percebida pelas pessoas. De que o nosso mundo não existe apenas para nos beneficiarmos com essas "comodidades" que a energia elétrica em particular nos fornece. Agora isso exige um esforço, e a gente vive num mundo em que esse esforço de perceber a vida de outra forma não é incentivado. Por isso é difícil. E por isso, para quem quer construir uma usina, quer se dar bem, quer ganhar voto, quer manter a situação de privilégio, seja local ou nacional, para essas pessoas é muito fácil o convencimento que é praticado com relação a essas obras. Por mais que eu tenha sempre chamado a atenção para o caráter absolutamente ilógico da usina, das questões que envolvem a lógica econômico e financeira dessa hidrelétrica, para o absurdo que é a utilização do dinheiro público para isso, para a referência à necessidade de se precisar, num futuro próximo, enfrentar um ritmo violento de custo de vida, emitindo moeda para sustentar empreendimentos como esse, é muito difícil fazer com que as pessoas compreendam a relação dessa situação com as grandes obras. E Belo Monte é mais um instrumento disso. Eu não sou catastrofista, não tenho a percepção maléfica da hidroeletricidade. Não demonizo a hidroeletricidade. Eu apenas constato que, da forma como ela é concebida, particularmente no nosso país nos últimos anos, é uma das bases da injustiça social e da degradação ambiental. Se não é pensando em você, você necessariamente vai precisar pensar nas gerações futuras. Este é o recado para o leitor: é preciso repensar a relação com a energia e o modelo de desenvolvimento, é preciso mudar o nosso perfil industrial e também é preciso mudar a cultura das pessoas com relação aos hábitos de consumo. Nós precisamos mudar a relação que nos leva a uma cega exaustão de recursos. 
- O senhor acha que a Dilma tem essa obstinação com Belo Monte, em parte, por teimosia?
Bermann -
Ela é muito cabeça dura. 
- Às vezes eu acho que as questões subjetivas têm um peso maior do que a gente costuma dar. Não sei...
Bermann -
É, mas eu também não sei, não tenho nenhuma proximidade maior com o que ela está pensando agora. O que eu sei é que, no dia a dia, lá no ministério, ela demonstrava uma capacidade muito reduzida de ouvir. Ela pode até ouvir, mas as coisas na cabeça dela já estão postas. 
- Por que o senhor saiu do governo em 2004?
Bermann -
Porque venceu o contrato, e eu achei que não valia a pena continuar. Há conhecidos meus que foram na mesma época que eu e estão até hoje em Brasília. Não estão mais no ministério, mas estão em Brasília. Acho que Brasília é uma cidade com um vírus letal, que é a "Brasilite". A "Brasilite" se compõe de um verme que entra no umbigo e toma a barriga da pessoa de forma a ela achar que é o centro do universo. A partir daí, mudam as relações pessoais, o que a pessoa era e o que ela passa a ser. Eu mesmo perdi muitos amigos que começaram a empinar o queixo. Fazer o quê? E isso faz parte do “modus vivendi” brasiliense. Basta você ter um terno e uma gravata que você é doutor. Eu acho que a gente não vai muito longe alimentando isso. 
- O senhor participou da elaboração do programa de Lula na campanha de 2002 e participou do primeiro ano de governo. Está desiludido?
Bermann –
Eu não aceito quando me definem como: "Ah, você também é daqueles que estão desiludidos, estão chateados...". Tem essa conotação, né? Em absoluto. Eu não estou desiludido, chateado, bronqueado. Eu estou indignado! 
- Quando o senhor se desfiliou do PT?
Bermann –
Ah, quando o bigode do Sarney estava aparecendo muito nas fotos.