quinta-feira, 1 de abril de 2010

Vaticano, palavras vazias

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Quando as palavras falham, de novo. - Por que raiva em cima de abuso de criança não diminui?

The Economist 31 de Março de 2010

O porta voz do Papa Bento XVI disse, em 27 de março, que o modo que a igreja católica romana responderá ao escândalo dos abusos sexuais de seus cléricos, em todas as regiões do mundo, é crucial para sua credibilidade moral.

No dia seguinte, Bento XVI novamente perdeu uma chance perfeita para mostrar isso, em seu discurso no começo de semana de Páscoa.

Mas ele não fez nenhuma menção específica do escândalo, mas disse que fé ajudou os crentes a não serem intimidados pela “tagarelice da opinião dominante”.

Ao que parece ele assumiu que o escândalo denunciados e os crimes dos cléricos, são mera tagarelice.

Foi mais um exemplo de que o Vaticano não considera que essa crise seja uma ameaça a lealdade da maiorira dos católicos.

Nas últimas semanas uma onda de novas acusações varreu a área central européia, cuja re-christianisação era uma das ações prioritárias do papado de Bento XVI. Denuncias na Irlanda, Países Baixos, Alemanha, Áustria, França e Itália, onde, pela primeira vez, a televisão mostrou o sofrimento das vítimas, transformou-se em muitos lugares, em clamores para a punição dos culpados e reparação às vítimas.

Recentemente, o foco atingiu o próprio papa.

O New York Times informou que, nos anos noventa, quando encabeçava a Congregação para a Doutrina da Fé (nome que recebeu a inquisição em 1956), o cardeal Joseph Ratzinger protegeu um padre acusado de padre de molestar perto de 200 meninos surdos.

Mas quando os crimes tornaram-se públicos e o Vaticano foi envolvido, o padre estava morrendo e o envolvimento de Ratzinger não pode ser provado.

Mas sobre o comportamento de Ratzinger pairam sérias dúvidas. Quando era arcebispo de Munique, um padre acusado de pedofilia foi transferido para sua diocese, que imediatamente o designou para atividades que o colocaram novamente em contato com crianças.

Outra reportagem do New York Times já havia mostrado uma cópia do memorando de Ratzinger determinando a indicação do padre pedófilo.

A diocese não nega a cópia, mas não diz que provavelmente a re-indicação não aconteceu.

Líderes de igreja protestam e dizem que as acusações são injustas, pois Bento XVI agiu muito mais vigorosamente que João Paulo II para combater os abusos sexuais cometidos pelo clero.

Pode ser verdade, mas há evidência que ele nem sempre foi inflexível com esses crimes, como o Vaticano tenta provar e, agora nesse fantasma do passado que assola a igreja, o comportamento passado pode contar mais as ações do presente.

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