terça-feira, 20 de abril de 2010

Da cooperativa ao fundo de pensão, todos no mensalão.

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Colaboração do N.

"Veja" é uma revista tendenciosa, é claro.

Mas quando cita fatos, são eles que devem ser contestados, não a posição da revista.

"Caros Amigos" e "Carta Maior", para citar dois exemplos, também são revistas tendenciosas, do outro lado.

E suas versões merecem a mesma análise dos fatos, não de suas posições.

Em nenhum caso, vale apenas desmerecer a publicação.

O ideal é ler os tendenciosos dos dois lados, para depois tirar uma conclusão baseada nas diferentes versões.

Exigir isenção e imparcialidade de cada uma delas, é um sonho - infelizmente - distante.



Da cooperativa ao fundo de pensão, todos no mensalão.

A Germany, por exemplo, que só tinha um cliente, a Bancoop, cobrava por serviços jamais realizados e, em seguida, emitia um cheque de doação para o PT.

Matéria de Veja deixa claro que a Bancoop era uma cooperativa de bandidos. Ali, comandados por João Vaccari Neto, o homem de finanças da campanha da Dilma e tesoureiro do PT, montou um esquema completo. A roubalheira ia da popular nota fria paga por serviços nunca realizados, que alimentavam as maletas dos aloprados, até à sofisticada comissão variável para desviar aplicações dos fundos de pensão, comandados por companheiros, para aplicações financeiras em bancos que pagavam as menores taxas e que, em troca disso, alimentavam o caixa dois do mensalão. A rede do partido da bandidagem tem malha fina e pega do bagrinho ao peixe-boi. Não vamos esquecer que foi mexendo com lixo, nas prefeituras, que a companheirada aprendeu a roubar. As mesmas caras do mensalão de 2005 voltam à cena para o mensalão 2010. São eles que estão mandando na campanha da Dilma. João Vaccari Neto veio da Bancoop para ser o tesoureiro do PT e o arrecadador das "doações" para a candidata. José Dirceu continua em plena atividade nos bastidores, mesmo ainda respondendo à acusação por ser o "chefe da sofisticada organização criminosa do mensalão". José Eduardo Dutra, presidente do PT, veio da Petrobras, onde tinha completa ascendência sobre um dos fundos envolvidos: o Petros. São estas cabeças que fazem parte da hidra petista que pretende assumir o poder depois de Lula. Cada cabeça cuidará de uma área e a candidata desmiolada não terá o mínimo poder. O partido da bandidagem, finalmente, terá dominado o país. Ou corta-se as cabeças agora ou o monstro vai engolir o Brasil.


Para que não desqualifiquem Lúcio Funaro, o doleiro que está fazendo a delação premiada, leiam esta entrevista de Waldemar da Costa Neto então no PL, aquele que, no quarto com Lula e José Alencar, acertou quanto receberia para fazer a campanha. O fato foi confirmado por José Alencar, vice-presidente da República, no Roda Viva, tempos depois. Waldemar conta que Lúcio Funaro foi indicado por Delúbio Soares para fazer um empréstimo. E que, depois, o valor seria pago por Marcos Valério. Lúcio Funaro está no coração do mensalão. Sabe tudo e está contando. Vejam abaixo um trecho da entrevista dada ao Diário, de Mogi, base do deputado. E leiam a íntegra aqui.

"Fiquei impressionado com aquilo [a declaração do vice-presidente] . Cheguei no meu advogado com a degravação e ele falou: "Vamos abrir a defesa com isso daí". Isso aí não tem preço para nós. Vou abrir a minha defesa contando o seguinte: "Fiz um acordo com o PT, tá aqui a confirmação do Zé Alencar": o PL era para receber R$ 10 milhões. Então você pega a prestação de contas do Lula: R$ 39 milhões e uns quebrados. Tem lá: R$ 100 mil para o PC do B. Quanto tem para o PL na prestação de contas? Zero. O que eu tive que fazer? O Delúbio [Soares, então tesoureiro do PT] chegou para mim e falou: "Não vou ter condições de te pagar. Pega dinheiro emprestado que eu te pago depois da eleição." Vou pegar de quem? Na Santa Casa de Misericórdia de Mogi? Falei: "Henrique [Borenstein, empresário mogiano do ramo da construção civil], você sabe alguém que possa me emprestar um dinheiro?" Ele me indicou o Lúcio Funaro. Peguei o dinheiro emprestado com o Lúcio. Uma fortuna de juros por mês. Mais tarde, depois de um ano, o Delúbio começou a me pagar o que devia. Noventa por cento do que eu devia era para o Lúcio Funaro e outra parte era de material. O Delúbio me falou: "Vai receber o dinheiro do pessoal da [agência de publicidade] SMP & B, manda alguém lá que o Marcos Valério fez um empréstimo para a gente". E eu falei: "Eles não querem pagar direto o doleiro?" E pagaram direto. A SMP & B deu os cheques dela para pagar o Lúcio Funaro, começou a pagar por mês. Aí explode o mensalão. Nunca houve mesada para deputado. Não vou dar mesada para deputado que está dentro do governo, que tem 10 cargos no governo, que manda no governo. Quando você compra alguém na política é quem está na oposição e não na situação. Aí o mensalão vai lá e pega a Guaranhuns, que era do Funaro, e o Funaro entra na maior fria da vida dele. Porque a empresa dele era de lavagem. Só tinha empresa para movimentar dinheiro que pegava, emprestava, fazia tudo por fora. Eu não sabia disso. O endereço da firma era num terreno baldio. Tenho tudo direito no processo."

Já um pequeno empreiteiro que consta do processo contra a Bancoop mostra, com todas as letras, como a Bancoop, comandada pelo homem das finanças da campanha da Dilma, exigia notas frias, fazia de conta que pagava os fornecedores e sacava o dinheiro vivo, na boca do caixa, para fazer caixa dois para as campanhas de Lula e de Marta Suplicy:

Qual foi a primeira vez que a Bancoop pediu notas frias ao senhor?

Quando o Lula era candidato a presidente. O Ricardo (o engenheiro Ricardo Luiz do Carmo, responsável pelas construções da Bancoop) dizia que eram para a campanha. Nunca me forçaram a nada, mas, se você não fizesse isso, se queimava. A primeira nota fria que dei foi de 2 000 reais por um serviço que não fiz em um prédio no Jabaquara. A Bancoop precisava assinar a nota para liberar o pagamento. Quando era fria, liberavam de um dia para o outro. Notas normais demoravam de dez a quinze dias para sair.

Quantas notas frias o senhor deu?

Entre 2001 e 2004, dei 15 000 reais em notas frias à Bancoop. Isso, só eu. Em 2004, havia pelo menos uns 150 empreiteiros trabalhando para a cooperativa. Eles diziam com todas as letras que o dinheiro era para as campanhas do Lula e da Marta e ainda pediam para votar no Lula. Falavam que se ele ganhasse teríamos serviço para a vida inteira. Até disse aos meus empregados para votar nele.

O que o senhor sabe sobre a Germany?

Sei que eles ganharam muito dinheiro. Um dia, ouvi o Luiz Malheiro, o Alessandro Bernardino e o Marcelo Rinaldi (donos da Germany e dirigentes da Bancoop) festejando porque o lucro do mês era de 500 000 reais. Eles estavam bebendo uísque e comemorando num dia à tarde, na sede da Bancoop.

A seguir, um trecho da matéria de Veja onde o doleiro Lúcio Funaro explica como é fácil provar que os fundos de pensão estavam alimentando o mensalão. A forma como desmanchou o esquema em pouca palavras transformou o doleiro em delator premiado, protegido pela Justiça:

"Vou dar a vocês o cara do Zé Dirceu. O Marcelo Sereno faz operação conta-gotas que enche a caixa-d'água todo dia para financiar operações diárias. Mas esse outro aqui, ó, o nome dele nunca saiu em lugar nenhum. Ele faz as coisas mais volumosas", disse Funaro, enquanto escrevia o nome "Vaccari", em uma folha branca, no alto de um organograma. Um dos procuradores quis saber como o PT desviava dinheiro dos fundos. "Tiram dinheiro muito fácil. Rural, BMG, Santos... Tirando os bancos grandes, quase todos têm negócio com ele", disse. O corretor explicou aos investigadores que se cobrava propina sobre todo e qualquer investimento. "Sempre que um fundo compra CDBs de um banco, tem de pagar comissão a eles (PT)", explicou. "Vou dar provas documentais. Ligo para ele (Vaccari) e vocês gravam. Depois, é só ver se o fundo de pensão comprou ou não os CDBs do banco." O depoimento de Funaro foi enviado a Brasília em dezembro de 2005, e o STF aceitou transformá-lo formalmente em réu colaborador da Justiça. Parte das informações passadas foi usada para fundamentar a denúncia do mensalão. A outra parte, que inclui o relato sobre Vaccari, ainda é guardada sob sigilo. VEJA não conseguiu descobrir se Funaro efetivamente gravou conversas com o tesoureiro petista, mas sua ajuda em relação aos fundos foi decisiva. Entre 2003 e 2004, os três bancos citados pelo corretor - BMG, Rural e Santos - receberam 600 milhões de reais dos fundos de pensão controlados pelo PT. Apenas os cinco fundos sob a influência do tesoureiro aplicaram 182 milhões de reais em títulos do Rural e do BMG, os principais financiadores do mensalão, em 2004. É um volume 600% maior que o do ano anterior e 1 650% maior que o de 2002, antes de o PT chegar ao governo. As investigações da polícia revelaram que os dois bancos "emprestaram" 55 milhões de reais ao PT. É o equivalente a 14,1% do que receberam em investimentos - portanto, dentro da margem de propina que Funaro acusa o partido de cobrar (entre 6% e 15%). Mas, para os petistas, isso deve ser somente uma coincidência..."

Segundo a revista, a "mecânica" era esta:

• Entre 2003 e 2004, no auge do mensalão, João Vaccari Neto era o responsável pelo recolhimento de propina entre interessados em fazer negócios com os fundos de pensão de empresas estatais no mercado financeiro.

• O tesoureiro concentrava suas ações e direcionava os investimentos de cinco fundos - Previ (Banco do Brasil), Funcef (Caixa Econômica), Nucleos (Nuclebrás), Petros (Petrobras) e Eletros (Eletrobrás) -, cujos patrimônios, somados, chegam a 190 bilhões de reais.

• A propina que ele cobrava variava entre 6% e 15%, dependendo do tipo de investimento, do valor do negócio e do prazo.

• O dinheiro da propina era carreado para o caixa clandestino do PT, usado para financiar as campanhas do partido e subornar parlamentares.

• João Vaccari agia em parceria com o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares e sob o comando do ex-ministro José Dirceu, réu no STF sob a acusação de chefiar o bando dos quarenta.

Hoje, este mesmo Vaccari é o tesoureiro da campanha da Dilma Rousseff. A hidra petista é voraz e não tem vergonha na cara. O mesmo José Dirceu faz negociações usando informações privilegiadas, onde ganha milhões como consultor, além de costuras políticas pelo Brasil à fora, na base da chantagem e da ameaça. O chefe da quadrilha do mensalão volta a agir, impunemente.

O tesoureiro do PT e homem das finanças da Dilma cobrava 12% de propina dos fundos de pensão para irrigar a campanha do Lula e dos petistas. Só não era 13% para não dar na cara.

O novo tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, é uma peça mais fundamental do que parece nos esquemas de arrecadação financeira do partido. Investigado pelo promotor José Carlos Blat por suspeita de estelionato, apropriação indébita, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha no caso dos desvios da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop), Vaccari é também personagem, ainda oculto, do maior e mais escandaloso caso de corrupção da história recente do Brasil: o mensalão - o milionário esquema de desvio de dinheiro público usado para abastecer campanhas eleitorais do PT e corromper parlamentares no Congresso. O mensalão produziu quarenta réus ora em julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Entre eles não está Vaccari. Ele parecia bagrinho no esquema. Pelo que se descobriu agora, é um peixão. Em 2003, enquanto cuidava das finanças da Bancoop, João Vaccari acumulava a função de administrador informal da relação entre o PT e os fundos de pensão das empresas estatais, bancos e corretoras. Ele tocava o negócio de uma maneira bem peculiar: cobrando propina. Propina que podia ser de 6%, de 10% ou até de 15%, dependendo do cliente e do tamanho do negócio. Uma investigação sigilosa da Procuradoria- Geral da República revela, porém, que 12% era o número mágico para o tesoureiro - o porcentual do pedágio que ele fixava como comissão para quem estivesse interessado em se associar ao partido para saquear os cofres públicos.

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