terça-feira, 9 de março de 2010

Abusos sexuais em escolas católicas alemãs - uma bola de neve

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Mais um escândalo se soma aos casos dos absusos sexuais cometidos por membros da igreja apostólica romana, em vários países da europa.

Depois do terror dos orfanatos da Irlanda e do mosteiro beneditino de Ettal, na Baviera, vem a público os casos dos meninos do coral do internato de Regensburger Domspatzen (catedral de Regensburger), e de escolas primárias ligadas a esse internato.

O escândalo de Regensburger tem como agravante, o fato do coral ter sido dirigido pelo irmão do papa. Convém lembrar, que o próprio papa, quando presidente do Tribunal do Santo Ofício, mais conhecido como tribunal da Inquisição, redigiu um documento onde determinava que os casos de abusos sexuais cometidos por religiosos deveriam ser tratados dentro da igreja, e que os levasse a público, deveria ser excomungado.

Na Irlanda chegou-se ao extremo de casos de crianças mortas nos orfanatos e que eram enterradas pelos próprios religiosos em cemitérios próprios. Suspeitando-se que muitos morreram em função dos abusos físicos e sexuais.

Em todos os países e em todos os casos, a reação inicial da igreja foi a acusação que as denúncias eram parte de uma perseguição contra a igreja católica na europa, depois foi a fase da proteção dos "suspeitos", que são transferidos para lugares distantes, geralmente no terceiro mundo, onde escapam da justiça e podem continuar a cometer seus crimes. Pegou mal também a tentativa da igreja católica de usar todo poder e influência possíveis, para que as denúncias e os relatórios não se tornassem públicos, ao ponte de sofrer uma profunda rejeição popular na Irlanda. Somente depois disso, resolveu fazer um "mea culpa".

Na Alemanha, a igreja tenta reverter os danos

Depois das denúncias sobre os fatos acontecidos no mosteiro beneditino de Ettal, na Baviera, um investigador especial, Thomas Pfister, foi convocado. No relatório preliminar, Thomas Pfister, chegou à conclusão que até a década de 80, os monges cometeram sistematicamente abusos sexuais, agressões físicas e tortura contra crianças e jovens. O número de vítimas de punições brutais e de agressões sexuais já comprovados, chega a 100. Mas pouco tempo depois da publicação desse relatório, estoura o caso do coral de Regensburger Domspatzen

Os meninos do coro, o novo escândalo de abusos sexuais católicos.

Do Der Spiegel

O escândalo de abusos do internato de Regensburger Domspatzen é maior que foi anteriormente descrito, cada vez mais casos estão vindo a tona. Casos corroborados por terapeutas da região de Munique trataram vários ex-meninos do coral que ficaram traumatizados pelos abusos sexuais, físicos e psicológicos.

Um ex menino do coral diz que é "inexplicável" que Georg Ratzinger, irmão do Papa, que dirigia o coral com mão de ferro, não soubesse o que acontecia.

As vítimas, que cada vez mais tomam coragem de contar o que houve, agoram surgem também os relatos dos rituais cruéis no internato de Etterzhausen, uma escola preparatória para alunos mais jovens dos quais o coro tira seus integrantes.

Nos anos cinqüenta o diretor da escola, um padre católico, praticava o que os alunos chamavam de "batidas nuas", onde o diretor ia aos quartos dos meninos de oito ou nove, que eram obrigados a ficar nus para serem espacandos. Ele disse ainda que em várias casos, as crianças eram estupradas.

'Luxúria sexual'

O diretor e compositor Franz Wittenbrink que moraram no internato de Regensburg do coro até as 1967 disseram a escola teve um sistema elaborado" de castigos sádicos combinado com luxúria sexual."

Ele disse que em uma ocasião, o diretor "escolheu dois ou três meninos nos dormitórios e os levou para o apartamento" dele. Havido vinho tinto e que o padre tinha se masturbado com os alunos. "Todo o mundo soube sobre isto, disse Wittenbrink. "Eu acho isto inexplicável que o irmão Georg Ratzinger do Papa que tinha sido líder do coral da catedral desde 1964 não soube nada aparentemente sobre isto.

Um aluno da escola preparatória se suicidou pouco antes de prestar os exames para a escola de Regensburger Domspatzen. Wittenbrink disse que, apesar de muitas denúncias e suspeitas, a Diocese de Regensburg fez o possível para que os casos não se tornassem públicos, até que a SPIEGEL entrou em contato com a Diocese, que agora informa estar emprenhada em investigar tudo rigorosamente e apresentar um relatório interino ao término de março.

As alegações contra ex professores são mais um escândalo a se somar nas centenas de casos de abuso sexual nas escolas católicas da Alemanha.

O irmão do Papa diz não que não sabia de nada

Georg Ratzinger, o irmão de Papa Benedict XVI, contou um jornal italiano ele estava disposto a testemunhar no escândalo de sexo, mas adiantou que não sabe nada sobre o abuso denunciado pelos ex - meninos do coro de Regensburg.

Em uma entrevista publicada domingo, Ratzinger foi citado como falando ao La Repobblica de Roma (um jornal declaradamente pró vaticano), que havia "disciplina e rigor" mas nenhum terror durante os 30 anos em que esteve a frente do coral, de 1964 até as 1994.

O irmão do papa também disse que as acusações de abuso também refletiram "uma certa animosidade contra a igreja."

O Vaticano tinha dito no sábado que dois casos de abuso sexual no coral de Regensburg não coincidem com o período de 30 anos em que foi conduzido por Georg Ratzinger.

'Grande frustração e raiva'

O jornal Vaticano L'Osservatore Romano publicou sábado, uma declaração do Bispo de Regensburg, Gerhard Ludwig Müller, dizendo para um dos casos de abuso sexual, cometidos pelo diretor de uma escola primária, ligado a escola que a qual pertencia o coral f oi descoberto em 1958. 6 anos antes de Georg Ratzinger assumir a liderança.

Além disso, o jornal pediu que os responsáveis sejam punidos. Walter Kasper, presidente do Conselho Pontifical por Promoção da Unidade Cristã, contou que os culpados precisam ser levados a corte e as vítimas recompensaram pelo sofrimento.

Ele disse que acompanha o crescente escândalo na Alemanha com profunda decepção dor e muito raiva. " Não há nenhuma justificativca ou tolerância ". Isso é um crime desprezível e deve ser resolvido de forma exemplar.

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