quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Para o "senador" mercandante

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Recebi esse texto com o seguinte comentário do NG com Y:
Que texto irritado. Que resumo dos sentimentos gerais. Que retrato do momento. Não sei quem é o autor, nunca ouvi falar. Recebi de terceiros. Mas não posso deixar de repassar.
Não podia deixar de mostrar para os leitores do Montado num Porco.
O MERCADOR DE ILUSÕES

Senador Mercadante:

Quando a Corte portuguesa tentava forçar o Brasil a retornar à posição de colônia, emitiu um documento determinando o retorno imediato do Regente a Portugal, o que causaria um retrocesso no nosso processo político. No dia 9 de janeiro de 1822, o jovem D. Pedro precisou de 3 minutos para proferir uma frase histórica: “Se é para o bem de todos, e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico!“.

Hoje, 187 anos depois, quando a escória política brasileira tenta nos manter no fundo do poço ético, o que impede o nosso progresso político, um experiente senador precisou de 23 minutos para proferir seu epitáfio político “se é para o bem da camarilha e para infelicidade geral da nação, diga ao povo QUE MICO!! “.

É isso aí senador, Napoleão dizia que “o clamor das batalhas, é que separa os homens dos meninos“, o senhor teve a chance de ser Homem, mas optou pelo menino carteiro carregador de cartas, diferente daquele jovem Imperador, que decidiu cortar seus laços com seu país e abriu mão de uma coroa européia, para organizar um novo país, fazê-lo independente, e cunhou em nossos peitos o orgulho de sermos brasileiros. O senhor escolheu o pessoal, ou melhor “o seu pessoal“ .

Acabei de assistir ao seu pronunciamento. Que cena patética! Nem sombra daquele senador que, 2 dias antes, com toda empáfia, firme e ótima entonação, tentou macular a carreira de uma profissional que por mais de 30 anos desempenha com total competência e lisura o seu trabalho como funcionaria concursada da Receita Federal, tudo isso, para acobertar uma mentirosa, contumaz a ponto de falsificar seu currículo. Com certeza, se o senhor tivesse agido com aquela desenvoltura no passado, o Delubio, o Zé Dirceu, o Valdomiro, o Zé Paulo Cunha, o Silvinho do Jeep e outros componentes dos 40, teriam sido condenados, e certamente o Ali Babá não o teria chamado à caverna, para lhe cobrar amizade e expô-lo ao ridículo.

O que vimos, foi um pato manco ou um boi castrado num curral de touros, gaguejando, abatido, e surpreso com um plenário ás moscas, sem seus liderados, que mostraram o quanto é “imprescindível“ , tentando justificar o injustificável e apresentando balelas.

Com dizia Andy Warhol “todos temos o direito a 15 minutos de glória“;o senhor precisou de 23 minutos para enterrar o seu passado. Que pena que não tivesse continuado como professor de economia, que pena que não tenha usufruído da bolsa de estudos na Europa. Assim, não teríamos presenciado o seu reconhecimento de culpa ao afirmar “desilusão política e frustração por não conseguir resguardar seus princípios“, “esbarramos no PMDB e na direção do meu Partido ( PT )“, “esta não foi nunca a minha posição“. A que ponto o senhor chegou, depois de confessar tanta abnegação política, fica fácil comprovarmos que o Dossiê existiu e que nós já estávamos na presença de um Marionete.

O senhor citou Tocqueville: “O Parlamento existe para preservar as garantias“. É verdade senador, mas a afirmação de Alexis Tocqueville não foi feita para garantir a impunidade de pilantras, os atos secretos, o nepotismo, nem as mentiras ministeriais; ele falava de garantias do povo. Mas, num ponto, a biografia deste pensador francês se parece com a sua agora “ele não foi adotado nem pela esquerda nem pela direita, permanecendo suspeito á todos.“ Essa, nem a Ideli Salvatti seria capaz de conseguir!

Que farsa dizer que o presidente não o tenha convencido após 5 horas de reunião, e que só o conseguiu com essa carta matinal. Mentira! Ele o esculhambou e o senhor, capachamente, lhe solicitou este bilhetinho, para justificar tamanha subserviência. É claro que também sabemos que ele não consegue se expressar em 5 horas, e que precisaria de 5 dias para escrever aquela carta de 4 parágrafos. Nela, nota-se claramente o dedo do Ducci ou do Franklin : “Dificuldades e divergências fazem parte de nossa caminhada, mas são menores que ela“. O presidente tem razão, principalmente quando esta estrada termina no Tesouro Nacional ou na Petrobras. “É o sacrifício que faz um mundo melhor“, mais uma filosofada do eminente, acadêmico e culto presidente. E ele está certo, o mundo de vocês está muito melhor agora existem coberturas, viagens, empregos para os pelegos,nepotismo, participação nos PACs, e etc.

Por que o senhor nos fez perder 23 minutos senador ? Seria muito mais fácil imitar seus professores : “A crise não é minha, é do Senado“, “eu não sei quem é esse rapaz“, “essa nomeação foi feita pela Roseane“; “toda minha fortuna veio da produtividade das minhas vaquinhas“; "eu não sabia de nada“; “eu nunca vi essa mulher“, “cadê sua agenda?“ e por aí afora.
Segundo o senhor “conversei com minha mulher Regina, e com meus filhos Pedro e Mariana, refleti e tomei a decisão de sair", mas deve também ter se aconselhgado com a Dilma, o Pallocci, o Zé Dirceu, o Berzoine, o João Pedro, a Ideli,o Lula, e até com o Arthur Virgilio, e eles lhe pediram pra ficar. Senador, com esses conselheiros, Deus teria feito o mundo em 2 dias e consumiria os outros 5 pra cobrar entrada. E Ali Babá não teria procurado mais 40 facínoras pra completar seu bando.

Quem sabe se o senhor tivesse procurado a senadora Marina, ou o senador Arns, ou o senador Cristovão, talvez eu não estivesse aqui escrevendo. Talvez eles, ao invés de Tocqueville, citassem Immanuel Kant (na "Crítica da Razão Pura"): “Quem dispõem da liberdade de poder agir moralmente é alguém tão especial que não existe nada superior a essa pessoa. Ele age de tal maneira que o motivo que o levou a agir passa a ser convertido em Lei Universal.“

Quanto ao seu “amigo Bispo lá do Norte“, que afirma que não se pode abandonar o barco ao primeiro sinal de entrada de água, ele está certíssimo: num mar de corrupção os últimos a abandonarem o barco são o comandante e os ratos. Como o comandante ainda está lá, o senhor precisa esperar um pouquinho para chegar a sua vez.

Que cena pungente o seu pedido de desculpas à Regina, ao Pedro e a Mariana. Mas o senhor esqueceu os Paulos, os Josés, as Marias, os Carlos, as Sonias, etc. os milhões de pessoas que, assim como sua família, acreditaram e elegeram a pretensa competência moral de um homem, que poderia ser uma alternativa digna pra nossa esperança. A esperança, que havia superado o medo e acabou perdendo para a covardia.

Só espero, senador, que os motivos que o levaram a esse débâcle moral, não estejam ligados a etmologia do seu nome : Mercadante, Mercador, Negociante: ”Cidadão que através do comércio vende seus serviços e bens, em troca de dinheiros ou benesses “.

Pra finalizar, senador, discordo do Joelmir Betting, que o comparou a um boneco ventríloquo: bem vestido, mexe com a boca e emite sons, sentado no colo do “amigão“. Não. Para mim o senhor pareceu muito mais um fantoche: apesar de bem vestido parecia um trapo.

Adeus, senador. Seu tempo passou.

Tadeu Abrahão Fernandes

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