terça-feira, 7 de julho de 2009

Guerra de las cien horas, como chama o populacho, la guerra del fútbol

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Leio nos jornais que os golpistas hondurenhos acusam a Nicaragua de preparar uma invasão para recolocar o presidente deposto, outra milicada, outro golpe, milico latino americano só sabe fazer isso mesmo. Nas guerras de verdade sempre foram figurantes, com 15 segundos em cena e nehuma fama.

Mas voltando, nicaraguenses, salvadorenhos e hondurenhos tem uma desconfiança mútua e antiga, militares de todos os lados, historicamente, tem ajudado os golpistas do país "rival" e vice e versa. Até os anos 80, isso era preparado pela CIA e financiado pela United Fruit Co., que agia sempre que seus interesses eram ameaçados, em um ou outro país.

Sempre que um ditador ou golpista se sentia ameaçado, logo começava uma campanha acusando o país vizinho. Foi o que fez o hondurenho López Arellano, nos anos 60 e que se mantinha no poder a custa de muito baionetaço. Quando 45 soldados salvadorenhos foram presos em uma zona de fronteira mal definida, num caminhão cheio de armas. Arellano acusou El Salvador de enviar armas para mais um grupo golpistas e, com ajuda da United Fruit Co., começa forte campanha contra os salvadorenhos.

Era 1969 e como bons subdesenvolvidos, a ansiedade da copa de futebol do México de 1970 pairava sobre todas as coisas e, naturalmente, acirrava os ânimos. Arellano, que sentia a cabeça a prêmio, aproveita a “união nacional" em torno do futebol e coloca todo o esforço do governo naquele importante torneio e em sua gloriosa seleção nacional de futebol. Paralelo a esse esforço nacional pelo esporte, vá propaganda contra El Salvador

parágrafo primeiro. qualquer semelhança com o “prá frente brasil” é mera coincidência, pois aqui a milicada estava forte, adorando mandar e mamar na teta, o milagre do delfin neto ainda não tinha feito água e a ditadura tinha controle absoluto das duas leis que se sobrepunham sobre todas as outras (leis), o AI 5 e o fuzil.

Noite de 27 de junho de 1969, El Salvador ganha de Honduras por 3x2, os fatos e açoes correm rápidos, o governo usa a imprensa para aproveitar o momento e, no puro ódio e orgulho nacional, 300 mil salvadorenhos são expulsos violentamente de Honduras.

Do outro lado, o outro ditador, que também quer a “união nacional", usa o jornal para denunciar e relatar os massacres (reais), que os salvadorenhos sofreram em Honduras.

parágrafo segundo. limpeza étnica não é coisa só de nazistas, sérvios e israelensis, na latinoamérica se fazia isso, como se vê, não éramos tão atrasados assim.

Para a alegria de ambos os ditadores, as manifestações e riscos de golpes voltam-se para o “inimigo real”, os populachos de ambos os países estão finalmente unidos em torno dos interesses nacionais e um contra o outro (a tese do inimigo externo sempre prevaleceu, desde o primeiro clã da humanidade).

parágrafo terceiro. qualquer semelhança com o general galtiere, último ditador da Argentina (por enquanto, afinal, isso é américa latina e milico só sabe dar golpe), e a guerra das Falklands, que os argentinos insistem em chamar de Malvinas, não é mera coincidência, afinal, os inimigos externos servem para isso e o populacho serve para bucha de canhão.

Voltando, as capitais amanhecem sob os chamados patrióticos, faixas exaltando os militares e toda a balela de sempre. Alguém teria que atirar primeiro, se não fizesse isso, seria deposto.


6 da tarde de 14 de julho, Honduras é colocada às escuras, a aviação salvadorenha bombardeia o aeroporto de Illopango, que também funcionava como base aérea (milico latino americano, além de tudo, é burro) e tem seu entorno densamente povoado. As rádios informam que metade da poderosa força aérea hondurenha é destruída, inicia-se um conflito que dura 100 horas. Para o populacho, la guerra del fútbol.

"FUERZA" EM CONFLITO


Saldo final, nenhum vencedor, o conflito é mediado pela OEA, de perdedores.... apenas aqueles que entram nas estatísticas, oficialmente perto de 2000 mortes, 80% civis, extra oficialmente o dobro, incluindo massacres fronteiriços, de imigrantes e outras estatísticas.

Mas escrevi essa balela toda para falar que agora, o presidente Manuel Zelaya, deposto pela milicada, resolve tentar voltar a Honduras via Nicarágua, cujas relações com Honduras e El Salvador não são das melhores. Desses dois países partiam o dinheiro e os contras que tentavam derrubam o governo nicaraguense.

O atual ditador hondurenho, Roberto Michelleti diz que a Nicarágua movimenta tropas na fronteira, acusando o país vizinho de articular uma invasão para recolocar no poder Zelaya. A mídia fala que os hondurenhos defenderão “su patria com su vida e su sangre”, traduzindo, com a vida e o sangue do populacho. Para complicar, Zelaya foi......... para El Salvador..... que salada de frutas fudida, tem tudo para desandar...... por outro lado, cão que ladra não morde.

Mas estamos em julho, crise dos 40, pelo sim, pelo não, espero que não tenha nenhum jogo de futebol entre a Nicaragua, Honduras ou El Salvador, pelas próximas semanas, ou pelos próximos anos, afinal....... isso é a américa latina e o que é pior.... cheia de milicos latino americanos!

PS. Como estamos "en latinoamerica", encontrei mais fotos e documentos do jogo de junho de 69, o "causador" do conflito do que da guerra. SEM COMENTÁRIOS!

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