terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Religiosos, depois da Irlanda, a Alemanha

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Depois do relatório que mostra os 80 anos de abussos cometidos por religiosos católicos na Irlanda (Montado num Porco 22/09/2009), a bola da vez é a Alemanha.

Mais de 100 padres e pessoas ligadas a igreja católica são suspeitos de abusar sexualmente de fieis, isso apenas nos últimos anos, segundo um artigo da Der Spiegel intitulado Shame and Fear - Inside Germany's Catholic Sexual Abuse Scandal (Vergonha e Medo - Os escândalos dos abusos sexuais católicos, vistos por dentro).

Mais do que ser conivente, a igreja católica, ciente dos abusos cometidos por seus membros, tem sido cúmplice e culpada por obstrução contínua da justiça, ajudando religiosos a fugir e proibindo, através do juramento de seus membros (para toda a "eternidade" em nome do pai, do filho e do "espírito santo"), que o assunto não ultrapasse os muros do clericado.

De acordo com as instruções de Roma, já em 1962, através da famigerada Congregação para a Doutrina da Fé, popularmente conhecida como "santa inquisição" (o atual papa foi um de seus presidentes), foi determinado que os bispos lidassem firmemente com cada caso individual, mas de forma que tudo permanecesse dentro dos confins da "santa igreja". A desculpa para essa posição foi de assegurar o "segredo da confissão" e manter a posição da igreja e do clero como autoridade moral "superior".

A determinação dizia que nada pode minar a posição dessa autoridade, justificando acobertar o abuso sexual de crianças e adolescentes, cometido por milhares de padres católicos, as relações secretas entre padres e empregadas(os) e mesmo o amor entre clérigos.

Por décadas os bisbos germânicos tentaram esconder os crimes ou tratando-os como casos isolados de "desvios" de conduta. As acusações só ganharam força por causa de um relatório que se tornou público e mostra que de 1995 para cá, 94 padres e membros láicos da igreja são suspeitos de abusos sexuais constantes e contínuos contra crianças e adolescentes.

Isso gerou a criação de um grupo denominado Round Table for Care in Children's Homes , para avaliar as acusações. Esse grupo publicou um relatório preliminar que contém resultados dramáticos.

De acordo com o relatório, mais de 150 vítimas de abuso sexual reportaram abusos sofridos recentemente. Como de uma garota de 15 anos, obrigada a sentar no confessionário e assistir um padre se masturba. Quando ela tentou fugir, foi derrubada por freiras que a obrigaram a ir para casa.

Nunca houve uma investigação sistemática em quantas escolas católicas, casas e reitorias foram cometidos os abusos sistemáticos, mesmo quando havia fortes evidências.

O grupo Round Table for Care in Children's Homes planeja apresentar seu relatório final ao término do ano.

A ponta do Iceberg

A igreja tem assumido uma postura defensiva que decorre do medo de perder a hegemonia moral, esse medo garante a proteção dos religiosos criminosos e no mínimo, ignorar às vítimas, quando não as acusa ou as ameaça de excomunhão.

Segundo a revista, os "fiéis" estão decepcionados pelo fato de que a igreja protegeu os criminosos sistematicamente e ignorou as vítimas, acobertou o abuso sexual cometido por seus próprios membros durante décadas, permitindo que padres pedófilos deixassem, impunes, um rastro de devastação emocional ao longo de todo o País.

Segundo a revista, o presidente da Conferência dos Bispos alemães, Arcebispo de Friburgo Robert Zollitsch, não ofereceu qualquer palavra convincente de desculpa ou gestos enfáticos de conforto às vítimas. Depois de vacilar por dias, ele decidiu não conceder para a Der Spiegel uma entrevista.

Ainda segundo a revista, a posição oficial da igreja prefere que o sofrimento de suas vítimas não se torne público ou um assunto principal, mas no fundo, porque isso não se ajusta a visão hipócrita que os cléricos católicos tem do mundo.

A reação religiosa tem fundamento, mesmo internamente, as posições assumidas tem sido questionadas.

Além da Faculdade de Canisius e as escolas em St. Ansgar e St. Blasien, houve revelações de abuso na Faculdade de Aloisius dos Jesuítas no bairro de Godesberg Ruim de Bonn onde gerações inteiras de crianças de conhecidos políticos e diplomatas foram para a escola.

O artigo completo "Shame and Fear - Inside Germany's Catholic Sexual Abuse Scandal" (em inglês), está disponível na Der Spiegel.

Discute os abusos, mas também a questão do celibato e a posição dúbia, e mesmo criminosa, da igreja frente a crimes dessa natureza, cometidos por seus membros. Vale a pena ler.


Comentário Politicamente (In)Correto

Um fato chama a atenção, padres, irmãos e similares são os criminosos que vem a público, não vemos menção de bisbos, arcebispos e outros "altos" cléricos....... pelo visto, na igreja, poder também é sinônimo de inimputabilidade e impunidade.

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