Este é o ciclo vicioso: para mudar o neo-populismo é preciso mudar a educação e para mudar a educação é preciso mudar o neo-populismo. O mesmo se dá para a pobreza e para a bolsa-familia.
O populismo não é privilégio de Lula e do PT (o neo-populismo, sim). Todos os políticos populistas dizem que vão acabar com a pobreza, com o anafalbetismo, e a fome. De preferência em um mandato, na forma chinesa. A China continua pobre e analfabeta e nem o capitalismo a salvará. O populista é como o escorpião, ele pode ter boas intenções mas é de sua natureza se eleger pelos que dependem dele.
A China, como qualquer país, tinha duas maneiras de sair da pobreza: investir o excedente, quer dizer, deixar de consumir (ou de comer, no caso); ou importar capital, trabalho acumulado para usar aquela metodologia antiga de Marx e Lênin. Como deixar de comer era impossível, e porque a fome aumenta a população como dizia Jozué de Castro (é da natureza tentar preservar a espécie), a China "descobriu" o capitalismo.
Aliás, Lênin, com a NEP, já sabia que a melhor forma de poupar e investir ainda é o capitalismo. Cuba levou mais tempo, mas já descobriu, agora, que a miséria devasta o país (importam quase 85% do que comem). Os capitalistas vão para a China, produzem mais barato porque o salário é miserável e não se pode fazer greve, e exportam. Mas para manter a exportação é preciso que os salários continuem baixo...e o meio ambiente destruído.
No Brasil, o capital veio por causa da maior taxa de juros real do mundo (eles não são bonszinhos). Isto aqui virou uma festa, os banqueiros aumentaram o lucro, a classe média viajou para Miami e o governo, arrecadando e gastando, dá comida para os pobres. Nossos exportadores param de exportar, nossas indústrias são compradas, e a qualquer momento o capital internacional se manda e o país quebra (Mexico e Argentina conhecem este filme).
E o Mantega reclama da "guerra cambial" e do neo-liberalismo. O capitalismo é assim, meu nego (com perdão do impolitacamente correto). A Dilma acha que vai acabar com a pobreza. A euforia é engana. Na primeira fuga de capitais, parece que estou vendo, os “disquerda” vão dizer que a culpa é do imperialismo, que o mercado interno nos salvará, que a produção de alimentos virá da agricultura dos sem terra, e que é preciso criar a “política comunitária” para denunciar os traidores. Depois, quando passar a euforia, farão como Cuba e China, chamarão de volta o capital, o povo continuará analfabeto e com fome.
Liberar a entrada e saída do capital só funciona se o governante evita a euforia e o gasto público. Com isso, ele sempre terá reservas para enfrentar a fuga do capital. Mas como é que os populistas, que dependem do ato de dar esmolas, vão resistir ao gasto público, e logo agora que eles estão agarrados ao poder, com ajuda dos pobres, da classe média viajante e dos ricos que sustentaram a sua campanha?
Ah, ia me esquecendo, como a demanda é função da disponibilidade a pagar, seria preciso que o mercado interno consumisse três vezes mais o que ele tem capacidade para que as indústrias não fossem à falência. Getúlio Vargas, que era um outro escorpião, que o diga.
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