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O guerrilheiro Apolo, nosso guru-mor nas questões políticas, divulgou sua intenção de voto na Dilma, e eu, na qualidade de “centro-esquerda” e, nesse momento, com lampejos de “anarquista”, vou querer divulgar, também, para os senhores, o voto que dei: ME ABSTIVE.
No Serra não votei, pois não senti firmeza em suas propostas para o Nordeste seco. E na Dilma jamais
votaria, pois ela foi muito cruel para com as causas sanfranciscanas. Ela não deu a mínima para a nossa militância de 15 anos de muita luta, onde colocamos nosso suor e nosso sangue. Empurrou a questão da transposição goela abaixo do nordestino, dando prioridade no uso das águas do Velho Chico ao grande capital. Se votasse nela, iria ter a sensação de estar atirando no dedão do próprio pé.
Mas, diante do que já passou, dou aquele UFA! Aquele ATÉ QUE ENFIM ACABOU! No meu modo de entender, chegou ao final a mais triste campanha política que já testemunhei em toda minha vida de cidadão.
votaria, pois ela foi muito cruel para com as causas sanfranciscanas. Ela não deu a mínima para a nossa militância de 15 anos de muita luta, onde colocamos nosso suor e nosso sangue. Empurrou a questão da transposição goela abaixo do nordestino, dando prioridade no uso das águas do Velho Chico ao grande capital. Se votasse nela, iria ter a sensação de estar atirando no dedão do próprio pé.
Mas, diante do que já passou, dou aquele UFA! Aquele ATÉ QUE ENFIM ACABOU! No meu modo de entender, chegou ao final a mais triste campanha política que já testemunhei em toda minha vida de cidadão.
Já não agüentava mais o Serra com seu Paulo Preto e a Dilma com sua Erenice, ambos enrolados em piruetas verbais para se descontaminarem da proximidade insalubre dos velhos companheiros de jornada. Já não agüentava mais as injúrias sem fundamento lançadas pelos candidatos estaduais contra aliados de anteontem.
Basta! Acabou! Sigam, os vitoriosos, para o inferno climatizado dos gabinetes ornados de mármore e cristal. Voltem, os derrotados, para o purgatório de suas varandas, lambendo as feridas enquanto esperam alguma
nesga de poder proporcional ao número de votos obtidos.
Vitoriosos ou derrotados, saiam, por favor, da minha frente! Não agüento mais a gritaria, os sorrisos forçados, os abraços ruidosos, os dentes arreganhados do lobo por trás da máscara de cordeiro.
Quero de volta a normalidade dos crimes passionais, do empurrar goela abaixo dos megaprojetos sem o crivo técnico responsável, das balas perdidas (lembram que tomei um tiro em um assalto!), dos ajustes de conta do tráfico, dos acidentes naturais, da corrupção cotidiana que já não causa indignação, de tão banal.
Quero as ruas sem bandeiras, sem os entulhos dos santinhos jogados fora no rastro das carreatas. Quero de volta o lixo comum entulhado nas calçadas, os cruzamentos devolvidos aos mendigos, vendedores de bugigangas e limpadores de pára-brisas.
Fica, mais uma vez, o gosto amargo de que seremos nós, os eleitores, que pagaremos a conta alta dos gastos de vencedores e vencidos. Fica, mais uma vez, a certeza de que seremos solenemente esquecidos em nossos anseios de cidadania, até que chegue a próxima temporada de iniqüidades.
Terminada a apuração para Presidente da República, Dilma Rousseff foi eleita presidente do Brasil com mais de 56% dos votos válidos. Nunca é muito destacar que os votos nulos, brancos e as abstenções somaram mais 36 milhões de pessoas que não escolheram ninguém. Isso significa mais de 28% do eleitorado apto a votar. Esses números monumentais devem servir pra que sejam feitas algumas reflexões.
Abraço
João Suassuna
Basta! Acabou! Sigam, os vitoriosos, para o inferno climatizado dos gabinetes ornados de mármore e cristal. Voltem, os derrotados, para o purgatório de suas varandas, lambendo as feridas enquanto esperam alguma
nesga de poder proporcional ao número de votos obtidos.
Vitoriosos ou derrotados, saiam, por favor, da minha frente! Não agüento mais a gritaria, os sorrisos forçados, os abraços ruidosos, os dentes arreganhados do lobo por trás da máscara de cordeiro.
Quero de volta a normalidade dos crimes passionais, do empurrar goela abaixo dos megaprojetos sem o crivo técnico responsável, das balas perdidas (lembram que tomei um tiro em um assalto!), dos ajustes de conta do tráfico, dos acidentes naturais, da corrupção cotidiana que já não causa indignação, de tão banal.
Quero as ruas sem bandeiras, sem os entulhos dos santinhos jogados fora no rastro das carreatas. Quero de volta o lixo comum entulhado nas calçadas, os cruzamentos devolvidos aos mendigos, vendedores de bugigangas e limpadores de pára-brisas.
Fica, mais uma vez, o gosto amargo de que seremos nós, os eleitores, que pagaremos a conta alta dos gastos de vencedores e vencidos. Fica, mais uma vez, a certeza de que seremos solenemente esquecidos em nossos anseios de cidadania, até que chegue a próxima temporada de iniqüidades.
Terminada a apuração para Presidente da República, Dilma Rousseff foi eleita presidente do Brasil com mais de 56% dos votos válidos. Nunca é muito destacar que os votos nulos, brancos e as abstenções somaram mais 36 milhões de pessoas que não escolheram ninguém. Isso significa mais de 28% do eleitorado apto a votar. Esses números monumentais devem servir pra que sejam feitas algumas reflexões.
Abraço
João Suassuna
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