terça-feira, 16 de junho de 2009

Descontrução e "reconstrução" de um país

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O ocidente assiste preocupado o que acontece no Irã, uma teocracia, maluca como só as teocracias podem ser. Não sei por que da surpresa, afinal, o Irã é uma cria direta dos Estados Unidos, com um pouquinho de ajuda da Grã Bretanha, que interviu no país para derrubar um presidente eleito, numa história conturbada.

Na 2a guerra mundial o antigo Xá Pahlavi, que de certa forma já era refém na mão dos ingleses e soviéticos, simpatizou com a idéia de se livrar dos dois e flertou com os nazistas, acabou obrigado a abdicar o trono para seu filho, Reza Pahlavi, quando em 1941, o país foi invadido por britânicos e soviétivos. A dinastia Pahlavi nunca foi reconhecida pelo clericado local, já que havia sido implantada em 1921, após a derrubada de outro monarca que, era simpático aos desejos dos mulás e chefes religiosos.

Depois do conflito e saída dos militares estrangeiros, o nacionalismo forte elege candidatos que eram contrários aos interesse das companhias de petróleo. Em 1953 é eleito um primeiro ministro que nacionaliza a exploração de petróleo e começa a vender o líquido para os soviéticos. Foi a chave para o golpe, britânicos e americanos fortalecem o Xá, que era chefe de estado e não de governo, que dá um golpe, prendendo ou simplesmente matando todos os oposicionistas. Implantando uma das ditaduras mais crueis da região nas décadas de 60 e 70. Obviamente o petróleo volta para as antigas companhias americanas e britânicas.

Como as ações pró-ocidente (com especial favorecimento das empresas americanas), o Xá não agrada e mesmo põe em xeque as lideranças nacionalistas e religiosas locais, há uma grande resistência à autoridade do governante. Sucessivos massacres eliminam a oposição política organizada, sobram os religiosos como única forma de agregar todos os matizes da resistência à ditadura Pahlavi, que é implacável com todos, conseguindo desagradar por unanimidade, inclusive os militares. O resultado foi a derrubada do regime e a assunção de uma teocracia medieval, que transformou o Irã no que é hoje.

No Iraque a situação é a mesma, para combater o Irã, o ocidente fortalece Saddam Hussein, ditador que assume a vice-presidência quando seu partido, nacionalista e progressista assume o poder, em 1968, através de um golpe que derrubou outro ditador, que havia assumido o poder alguns anos antes ao derrubar a monarquia. Quando a maluquice do ditador, que invade outra ditadura, o Kwait, e os conflitos de interesse entre ele e as empresas ocidentais de petróleo chegam ao extremo, o país é invadido, o argumento é o risco de uso regional de armas de destruição em massa.

O americanos em especial, tem mais um motivo, a direita religiosa que está no poder quer mais uma oportunidade de converter os pagãos, o que acaba dando um ar religioso messiânico ao conflito. Ditatorialmente ou não, Saddan Hussein conseguia dar uma certa unanimidade a Iraque, que agora tende a se transformar em pelo menos 3 países, um sunita, um xiita e um curdo.

parágrafo primeiro: os Estados Unidos impuseram 100 Resoluções (as chamadas resoluções Remer), para "ceder" novamente o governo para os iraquianos, algumas são pérolas:
  • Artigo 17, que garante aos empreiteiros estrangeiros, incluindo empresas de segurança privadas, imunidade legal;
  • Artigo 39, que permite a remessa de mercadorias isentas de impostos sobre lucros;
  • Artigos 57 e 77, que asseguram a execução das ordens dos americanos, colocando inspector geral e auditores nomeados pelos Estados Unidos em cada ministério público, com duração de cinco anos, e autoridade sobre contratos, programas, funcionários e regulamentos;
  • Artigo 81: Nos termos desta resolução, os agricultores comerciais do Iraque devem agora comprar "sementes registradas". Estas sementes, produzidas pela Monsanto, Cargill e pela World Wide Companhia Trigo são conhecidas como são estéreis (por isso tem o nome de "terminator"), suas descendencias não produzem sementes ferteis, obrigando o uso ad eternum e a dependência total por sementes externas.

O afeganistão vai pelo mesmo caminho, o país, invadido e fragmentado, é de novo feudal, sendo cada feudo controlado por um senhor da guerra ou por um mulá ligado ao Taliban, que também foi fortalecido pelos americanos durante a guerra fria e invasão soviética.

Na Arábia Saudita a ditadura pró ocidente faz verter sangue nos esgotos, mas tem uma relação de amor e ódio com o clericado e tem aproveitado o fato de ter o local mais sagrado para os mulçumanos, mas até onde isso vai? O religiosos tem tolerado, mas cada dia ganham mais força.

Da guerra à descontrução do oriente médio

Até a 2a guerra mundial, os países ocidentais e democraticos, pura e simplesmente ocupavam uma região ou país e saqueavam seus recursos naturais. Depois disso, por várias razões, em especial a guerra fria, as invasões ficaram mais arriscadas e se restringiam aos quintais das superpotências.

Como o objetivo ainda era o saque de recursos naturais, a estratégia teve que descer a tática, que foi a descontrução de países individualmente, para isso utilizou-se a fraude em eleições, assassinatos de quem era contrário aos seus interesses, criação e sustentação de forças para-militares, fomento ou mesmo compra de golpes de estado, tudo que colocasse no poder quem fosse "manipulável" ou "mais fiel" aos interesses de quem o colocou lá.

Isso foi feito em quase todos os países da américa latina, na africa, no oriente médio, no extremo oriente e até na europa, nos países perífericos como a Grécia.

Na america latina e africa as coisas eram mais tranquilas, são países sem histórico militar de inimigos externos, via de regra, suas forças armadas só foram usadas contra suas próprias populações civis, para abafar, via massacres, revoltas contra o grupo dominante. Por vários fatores, suas populações são mais indolentes e manipuláveis.

No oriente a coisa foi um pouco mais complicada, os povos tinham uma tradição na luta contra invasões, a indochina foi exemplo disso, um a um dos ocupantes, independentemente do tamanho, foram postos a correr.

Com a derrocada soviética, a prática da invasão pura e simples volta a moda, Iraque, Afeganistão, Paquistão de maneira indireta, porém.......

No oriente médio, a coisa está mais complicada, além da calda de petróleo, que atrai as moscas, abelhas e vespas de todos os tipos, foi colocado mais um tempero, uma nova cruzada cristã para converter os pagãos. Um novo (ou velho), argumento para atrair os ignorantes de várias matizes, um motivo que, para muitos, por si só já justifica a invasão do Iraque e do Afeganistão.

Israel, que é o grande urubu carniceiro nessa história, e que conseguiu mudar a seu papel, passando de criadora do terrorrismo regional e de vilã a vítima, soube incentivar e aproveitar muito bem os conflitos. Quanto mais riscos para aos interesses ocidentais a região oferecer, mais facil será executar limpezas étnicas, ocupações e massacres. Colocando sempre um pouco mais de pimenta no caldo religioso-petrolífero.

Onde isso vai parar, provavelmente em uma gigantesca guerra regional, com uso de armas de grande poder destrutivo, principalmente por israelensis, os únicos que as detêm. Um conflito que acabará se espalhando e atingindo todo o oriente médio.

Para ajudar nessa meleca todas, tem um monte de judeus, cristãos e mulçumanos esperando por isso, o armagendom, uma grande batalha final, quando seus profetas, deuses, santos anjos e outros mitos se enfrentarão.

Enquanto isso, os países ocidentais esperam, afinal pragmaticamente falando, seja qual for o estrago lá em cima, o petróleo, lá embaixo, vai ficar intacto.

Mas..... agora tem um novo jogador nessa história, mais pragmático que todos, que tem chegado pelas beiradas, a China, outra ditadura ansiosa por petróleo, quando esse caldo vai entornar de verdade? Eu não sei, mas acho que ainda vou estar vivo para ver isso.

PS. Com as alterações climáticas, acho que vai ser mais cedo que o esperado.

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