Recebi um correio e alguns comentários, para quem conhece o remetente original, é uma surpresa, um cara tremendamente ideologico, saindo de seu partido em favor de suas crenças, coisa rara hoje em dia. Imagino o quanto doeu essa tomada de decisão. Mas como não é o primeiro que vejo fazer isso (e imagino que não será o último, visto o projeto de poder a todo custo que está ai).
O primeiro que vi foi um um colega da faculdade de economia, outro petista ideológico, que ficou 10 dias trancado para refletir a "realidade" do poder e o que estava sendo pedido para ele fazer. Fica a pergunta de quem comentou o correio, quando se paga, intelectualmente e eticamente para exercer uma militância partidária ou ideológica? Infelizmente são bem poucos os que não vendem seus princípios.
Não vou colocar os nomes, nem de quem mandou o correio, nem quem repassou e comentou, mas vale a pena ler ambos.
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Meus Amigos: Comunico a vocês a minha desfiliação do Partido dos Trabalhadores. Decisão refletida, difícil, pois lá se vão 21 anos de vida ligados ao partido. Foi um período positivo de minha vida, onde pude sonhar , construir e participar de grandes momentos do país. Mas a prática politica do PT mudou muito. E eu não sei se por qualidade ou defeito, não consigo aceitar estas novas práticas. Não consigo pensar dissociado do agir, nem agir dissociado do pensar. E, apesar de acreditar que o Governo do PT e do presidente Lula tem melhorado de fato o nosso país, não me vejo mais nas ruas o defendendo, de bandeira na mão. Faltam argumentos para muitos atos, não tenho como justificar pelo partido, comportamentos e posicionamentos de muitas de nossas lideranças.
Não passo para a oposição, nem ao PT nem ao Governo Federal, mas posso agora exercer um apoio independente, quando os pontos de vista coincidirem e uma divergência saudável quando não concordar, sem estar submetido à disciplina de uma filiação partidária que sempre respeitei enquanto filiado.
Prefiro manter minha coerência e minha consciência tranquila.
Forte Abraço
L.
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Esta mensagem interessa basicamente aos interessados e/ou ligados à luta ambiental, para quem deve ser (como foi para mim) especialmente surpreendente.
Antes de mais nada, vale uma explicação: não sou amigo próximo de L.
Nos conhecemos, concordamos, discordamos, mas sempre um pouco à distância, sabe-se lá porque.
Mas L. sempre foi ativo e atuante nas questões ambientais em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul e no Brasil.
E petista desde gurizinho.
É difícil conciliar estas coisas.
Não faz uma semana, comentei sobre o custo da militância partidária (em qualquer partido) sobre a independência intelectual.
O militante, como o crente, não pode pensar por si, pois deve cega obediência, que troca por benesses do poder.
Há quem consiga fazer isso com alguma dignidade, há quem faça com dilemas de consciência e há quem não consiga fazer.
O custo que a decisão do desfiliamento deve ter tido para L. - e não quero saber se "houve isto ou aquilo", como já insinuam - deve ter sido enorme.
E exigiu muita coragem, não menos do que para afirmar que continua petista de coração, mas quer poder dizer "não".
Que continua dividindo ideais com o partido, mas quer poder discordar das ações práticas com as quais não concordar.
Se todo mundo fizesse isto, em todos os partidos, nosso país não seria este palco de falcatruas.
Fica aqui, pois, meu abraço de respeito e solidariedade.
Meus cumprimentos ao L.
Nunca é tarde para optar pela liberdade e a independência, sem abdicar dos ideais.
Abração a ele.
N.
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