quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Até os bicheiros tem nome a "zelar", já os políticos....

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Do Terra Magazine

Claudio Leal

O prefeito de Salvador, João Henrique (PMDB), errou a aposta na reforma do seu secretariado. O galo cantou com a nomeação do ex-banqueiro do jogo do bicho Alfredo Mangueira (PMDB), vereador da capital baiana, para a Casa Civil da prefeitura. Horas depois da nomeação, Mangueira decidiu entregar o cargo porque tem "um nome a zelar".
A presença de um político vinculado ao jogo do bicho só ampliou o desgaste do peemedebista João Henrique, considerado um dos piores gestores do Brasil na última pesquisa Datafolha. Conta com 50% de reprovação.
Mangueira nega ser cotista da banca Paratodos Bahia e explica, numa carta ao ex-chefe, as razões do pedido de exoneração: "Tomo essa decisão por entender que, a inexistência de autonomia para o Titular do Cargo, impede o exercício serio, pleno, transparente e competente, marcas que tem pautado os meus quase 30 anos de vida pública. Ao agradecer, formulo votos de sucesso, cuidado e atenção na condução das atividades do nosso Executivo Municipal". Sem mais.
Na prefeitura, Mangueira bancaria a avestruz, já que ficaria submetido ao ex-secretário João Cavalcanti, agora chefe de gabinete de João Henrique. Em entrevista a Terra Magazine, o ex-banqueiro nega pressões do jogo do bicho, para evitar exposição pública, e afirma:
- Tenho meu nome a zelar, não vou fazer papel de boneca na secretaria.
Confira a entrevista.
Terra Magazine - Por que o senhor renunciou à secretaria da Casa Civil de João Henrique?
Alfredo Mangueira - Não é renúncia. Eu entreguei o cargo ao prefeito.
Qual foi motivo?
O motivo, eu divulguei à imprensa na minha carta.
O que significa "inexistência de autonomia", como está na carta?
Autonomia é você ser o secretário, não é ser Rainha da Inglaterra para só assinar documento. Ficaria o secretário, para fazer a parte política só. Tenho meu nome a zelar, não vou fazer papel de boneca na secretaria. Por inexistência de autonomia para o titular do cargo, impedido de exercer com transparência e competência. Está na carta.
Como o senhor avalia as insinuações de que o senhor renunciou porque já foi banqueiro do jogo do bicho?
A carta está dizendo, leia a carta. Você vai ver. Não tem nada de ser banqueiro do jogo do bicho. Eu já fui, não sou mais. A carta está dizendo tudo.
O senhor ainda é cotista do jogo do bicho?
Não, não. Não sou. A carta está dizendo. Eu só sentaria na cadeira para ter autonomia. Se não vou ter autonomia? Só vou fazer parte da política? Não precisa. Eu já faço a parte política.
Qual sua opinião sobre o prefeito João Henrique? Ele lhe prometeu algo e não cumpriu?
Não. Eu não avalio. O prefeito é uma pessoa espetacular.Não aceitei a secretaria da maneira que veio. É excelente, é um homem de bem, não tenho nada contra o prefeito, não estou rompido com o prefeito. Simplesmente, não aceitei o cargo.
Então, a história de que o senhor não aceitou o cargo por pressão do jogo do bicho é mais fofoca?
Não, não. A história que estão dizendo não é nem do bicho, é que o PMDB me pressionou para eu não aceitar. Se eu aceitasse, perderia o mandato. Não foi isso. A realidade é o que está na carta. Hoje, a imprensa vai especular diversas notícias. Mas, se você acreditar num homem de bem, está aí a notícia. Eu entreguei o cargo. Se você é nomeado, você não renuncia, entrega.
E sua renúncia à presidência da Câmara foi por qual motivo?
Não entendi.
As pessoas levantam o episódio de sua renúncia à presidência da Câmara, logo depois de ter vencido a eleição...
Foi outro episódio. Eu tinha minha vida particular e não aceitei. Tinha minha esposa, meus familiares.
Não teme ficar marcado pelos dois episódios?
Não, não. Na minha carta, eu digo o por quê. Só basta você interpretar a carta. Leia a minha carta direitinho, ponto por ponto... Quando eu vi a situação da secretaria, que eu ia assinar sem saber o que estava assinando, sem passar por minha secretaria... Eu não ia aceitar um negócio desse. Você aceitaria?
O senhor que sabe...
Aceitaria? Ser Rainha da Inglaterra? (risos) Não aceitei.

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