– Boa tarde, meu nome é Cleber Tonial, eu sou o juiz.
– Eu sou a promotora, meu nome é Veleda.
– E eu sou a Angelita, assistente social.
A apresentação segue um ritual reproduzido em todos os abrigos e casas visitados pelo juiz Cleber Augusto Tonial, pela promotora de Justiça Veleda Dobke e pela assistente social Angelita Rebelo de Camargo, que formam uma equipe destinada a revisar processos judiciais, conhecer estabelecimentos e, principalmente, ouvir crianças e adolescentes abandonados.
– Tem regras aqui? – quer saber Tonial.
– Tem – diz Vitória, 10 anos, sentada na ponta de uma cadeira.
– Quais são?– prossegue Angelita.
– Não pode sentar aí onde tu tá (no braço do sofá) – continua Vitória, quebrando o gelo da primeira audiência do dia, às 14h5min de uma terça-feira de agosto.
Angelita vai logo ao ponto:
– Querem continuar morando aqui ou com o pai de vocês?
Silêncio.
Lucas está concentrado. Parece criar coragem para dizer algo que atormenta a todos os órfãos na adolescência. Angelita percebe e o estimula:
– Fala, Lucas!
E Lucas desabafa:
– Onde eu vou morar quando completar 18 anos?
Antes de alguém encontrar uma resposta adequada, ele avisa:
– Eu queria que a tia Duda me adotasse.
Duda é o nome de uma “tia afetiva” que o visita, mas não pretende adotá-lo.
– Quantos anos tu tens, Lucas?
– 13.
– Tem bastante tempo... Tu não vais sair sem ter para onde ir – tranquiliza Tonial.
O tempo conspira contra crianças institucionalizadas. Os irmãos Priscila, 14 anos, Lucas, 13, Vitória, 10 , Luís Henrique, nove, Luiz Felipe, oito, e Maria Eduarda, seis, vivem desde os primeiros anos de vida em abrigos.
– Ninguém vai te tirar daqui antes de completar 18 anos. Tu não precisas te sacrificar ficando longe dos teus irmãos. Vocês são uma família – consola Tonial.
As palavras parecem fazer pouco sentido para um adolescente abandonado.
– Daqui a pouco vou ter 18 anos, doutor – resigna-se Lucas.
A audiência se encerra às 14h40min. As chances de que Lucas e os cinco irmãos sejam adotados são pequenas.
– Eu sou a promotora, meu nome é Veleda.
– E eu sou a Angelita, assistente social.
A apresentação segue um ritual reproduzido em todos os abrigos e casas visitados pelo juiz Cleber Augusto Tonial, pela promotora de Justiça Veleda Dobke e pela assistente social Angelita Rebelo de Camargo, que formam uma equipe destinada a revisar processos judiciais, conhecer estabelecimentos e, principalmente, ouvir crianças e adolescentes abandonados.
– Tem regras aqui? – quer saber Tonial.
– Tem – diz Vitória, 10 anos, sentada na ponta de uma cadeira.
– Quais são?– prossegue Angelita.
– Não pode sentar aí onde tu tá (no braço do sofá) – continua Vitória, quebrando o gelo da primeira audiência do dia, às 14h5min de uma terça-feira de agosto.
Angelita vai logo ao ponto:
– Querem continuar morando aqui ou com o pai de vocês?
Silêncio.
Lucas está concentrado. Parece criar coragem para dizer algo que atormenta a todos os órfãos na adolescência. Angelita percebe e o estimula:
– Fala, Lucas!
E Lucas desabafa:
– Onde eu vou morar quando completar 18 anos?
Antes de alguém encontrar uma resposta adequada, ele avisa:
– Eu queria que a tia Duda me adotasse.
Duda é o nome de uma “tia afetiva” que o visita, mas não pretende adotá-lo.
– Quantos anos tu tens, Lucas?
– 13.
– Tem bastante tempo... Tu não vais sair sem ter para onde ir – tranquiliza Tonial.
O tempo conspira contra crianças institucionalizadas. Os irmãos Priscila, 14 anos, Lucas, 13, Vitória, 10 , Luís Henrique, nove, Luiz Felipe, oito, e Maria Eduarda, seis, vivem desde os primeiros anos de vida em abrigos.
– Ninguém vai te tirar daqui antes de completar 18 anos. Tu não precisas te sacrificar ficando longe dos teus irmãos. Vocês são uma família – consola Tonial.
As palavras parecem fazer pouco sentido para um adolescente abandonado.
– Daqui a pouco vou ter 18 anos, doutor – resigna-se Lucas.
A audiência se encerra às 14h40min. As chances de que Lucas e os cinco irmãos sejam adotados são pequenas.
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