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sábado, 19 de novembro de 2016

Yes, nos temos bananas, bananas "prá" dar e vender...

Vejo muitos comentários, postagens e até matérias de jornais, criticando a preocupação de algumas pessoas com as eleições americanas. Essas críticas ignoram que, para qualquer um que pensa sobre o planeta, que o presidente americano tem um papel fundamental e, talvez, o mais importante, já que chefia o país que manda no capitalismo mundial e, desde a II guerra mundial, foi responsável por começar grande parte dos conflitos armados, e alguns ainda estão por aí. 
Lembrem-se também dos acordos sobre as questões climáticas, uma decisão dos USA pode arrastar grande parte de suas colônias.Essas preocupações também incomodam os europeus por causa da NATO, do livre comércio, questões climáticas, direitos humanos. As questões militares e comerciais afetam muito o Japão e a Austrália, ainda mais em tempos de expansão chinesa.

Para o brazil há um problema adicional, a colonização cultural, política e econômica, que os brasileiros aceitaram, de bom grado, a partir da era Vargas. 
E isso se reflete nos malucos anti esquerda raivosos que, 30 anos depois, descobriram a guerra fria e recriaram a URSS e o perigo da invasão soviética na América do Sul. Estão rindo? Mas lembrem-se daquela advogada que tem síndrome de desenvolvimento neural e suas postagens sobre a invasão "soviética" ou da ignorante, que achou que a bandeira do Japão estilizada no mural do congresso, "era uma tentativa dos comunistas de mudar a bandeira do brazil". 
Elas são só malucas, e acho que são malucas perigosas, mas mais perigosos são os analfabetos e os disfuncionais que as seguem e replicam suas postagens e bobagens. Lembrem-se dos ideologizados raivosos da paulista, que são absolutamente aculturados e disfuncionais, ao ponto de irem se manifestar em apoio ao Trump. E olha que coisa similar é muito rara no outro lado do espectro político.

Precisamos considerar também que os grupos que elegeram Trump, existem aqui. Temos até filiais oficial da da Ku Klux Klan, dos skinheads e da supremacia branca. 
Até a religião que mais cresce nas terras brasilis é cria dos racistas do sul do USA no pós guerra de secessão, onde o ódio racial e o ressentimento social criou esse pentecostalismo ultra raivoso, racista, misógino, homofóbico. Uma prova clara que somos tão aculturados e ignorantes, é que até os grupos que são odiados por eles, aderem e se tornam "fieis" e "crentes".

Assim, desde que fomos oficialmente seduzidos e colonizados pelos USA, a partir do plano traçado pelo Office of the Coordinator of Inter-American Affairs (OCIAA), dirigido por Nelson
Rockefeller, muito do que afeta os americanos, acaba afetando os tupiniquins e os botocudos.
Para quem quiser (e souber), ler mais sobre  esse assunto, recomendo o livro "O IMPERIALISMO SEDUTOR: A AMERICANIZAÇÃO DO BRASIL NA ÉPOCA DA SEGUNDA GUERRA" de Antonio Pedro Tota. São Paulo : Companhia das Letras, 2000. 235 p.

Para quem tem dificuldade em textos maiores, pode ler esse artigo:
"SETE DE SETEMBRO A AMERICANIZACAO COMECOU COM VARGAS"
que saiu no Estadão   (http://miud.in/1HXy)


terça-feira, 31 de maio de 2011

A geografia do ódio

Grupos racistas dos EUA concentram-se em certas regiões – e a presença deles correlaciona-se com religião, votos em McCain e pobreza

Richad Florida no The Atlantic


Com a morte de Osama Bin Laden, muitos acreditam que a Al Quaeda recebeu um golpe mortal. O tempo dirá, mas como já aprendemos com o atentado na cidade de Oklahoma e com o tiroteio feito por Nidal Malik Hasan em Fort Hood, temos muito o que temer de nossos próprios extremistas em expansão. E não apenas de “loucos solitários” agindo por conta própria.

Desde 2000, o número de grupos extremistas organizados – desde brancos nacionalistas, neonazistas e skinheads racistas até guardas de fronteiras e grupos negros separatistas – aumentou mais de 50% de acordo com a organização Southern Poverty Law Center (SPLC). O crescimento destes grupos foi alimentado pela crescente ansiedade em relação ao  mercado de trabalho, à imigração, à diversidade étnica e racial, à eleição de Barack Obama como o primeiro presidente negro dos EUA e à longa crise econômica. Muitos deles apenas engajam-se em teorias violentas; já outros estão estocando armas e efetivamente planejando ataques.
Mas nem todas as pessoas e lugares odeiam a igualdade; algumas regiões dos Estados Unidos – pelo menos em alguns setores de suas populações – são potenciais incubadoras do ódio. Qual é a geografia dos grupos e organizações de ódio? Por que algumas regiões são mais suscetíveis a eles?

A organização SPLC mantém um banco de dados detalhado sobre grupos de ódio, recolhido de sites e publicações, relatórios de cidadãos e de aplicações de leis, fontes em campo e da imprensa. A SPLC define grupos de ódio como organizações e associações que “têm crenças ou práticas que agridem ou caluniam uma classe inteira de pessoas, tipicamente por suas características imutáveis,” e que participam de “atos criminosos, marchas, comícios, discursos, encontros, panfletagens e publicações.” Em 2010, a SPLC documentou 1.002 destes grupos em todo o país.

O mapa abaixo, de Zara Matheson do Martin Prosperity Institute, representa graficamente a geografia do ódio nos EUA atualmente. Baseado no número de grupos de ódio por milhão de habitantes em todos os estados do país, ele revela um padrão característico.

Florida_GeoHate_5-11_chart1.png
Grupos de Ódio Ativos nos EUA por milhão de habitantes

Grupos de ódio estão altamente concentrados no velho Sul e nos estados de planície do norte. Dois estados têm, de longe, a maior concentração desses grupos – Montana com 13.8 grupos por milhão de habitante, e Mississipi com 13.7 por milhão. Arkansas (10.3), Wyoming (9.7) e Idaho (8.9) vêm em distantes terceiro, quarto e quinto lugares.

Tais grupos estão muito menos concentrados no Nordeste, nos Grandes Lagos e na Costa Oeste. Minesota tem a menor concentração de grupos de ódio, com 1.3 grupos por milhão de pessoas, quase dez vezes menos que o estado que lidera, seguido por Wisconsin (1.4), Novo México (1.5), Massachusetts (1.6) e Nova Iorque (1.6). Connecticut (1.7), Califórina (1.9) e Rhode Island (1.9) têm todos menos que dois grupos por milhão de pessoas.

Mas além de suas localizações, que outros fatores estão associados aos grupos de ódio? Com o auxílio de minha colega Charlotta Mellander, eu ponderei sobre os fatores sociais, políticos, culturais, econômicos e demográficos que poderiam estar associados com a geografia dos grupos de ódio. Consideramos um conjunto de fatores-chave que conformam a divisão geográfica dos Estados Unidos: estados “republicanos” / estados “democratas”; renda e pobreza; religião e classe econômica. É importante observar que correlação não implica causação – estamos apenas analisando associação entre variáveis. Também é importante ressaltar que Montana e Mississipi são consideravelmente muito discrepantes, o que pode distorcer um pouco os resultados. Entretanto, os padrões que encontramos são robustos e distintos o suficiente para justificar os dados.

Antes de tudo, a geografia do ódio reflete a ordenação da política nos Estados Unidos, ou seja, de estados que votam majoritariamente em candidatos à presidência do Partido Republicano (Red state) e dos que votam predominantemente em candidatos à presidência do Partido Democrata (Blue state).

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Correlação entre percentual de votantes de McCain com grupos de ódio (per capita).

Grupos de ódio estão positivamente associados com votos em McCain (com uma correlação de 52%).
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Correlação entre percentual de votantes de Obama com grupos de ódio (per capita).

De modo oposto, grupos de ódio estão negativamente associados com votos em Obama (com uma correlação de -54%).
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Correlação entre religião e grupos de ódio (per capita).

Grupos de ódio também dividem-se com base em linhas religiosas. Ironicamente, mas talvez não de modo surpreendente, as maiores concentrações de grupos de ódio estão positivamente associadas a estados nos quais os indivíduos relatam ter a religião um papel importante no cotidiano (uma correlação de 35%).

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Correlação entre capital humano e grupos de ódio (per capita).

A geografia do ódio também reflete a classificação da população segundo níveis de educação e capital humano. Grupos de ódio estão negativamente associados ao percentual de adultos que portam um diploma universitário (-41%).
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Correlação entre classe operária e grupos de ódio (per capita).

A geografia do ódio também traz divisões em termos econômicos. Grupos de ódio estão mais concentrados em estados com altas taxas de pobreza (39%) e naqueles com forças de trabalho das indústrias de base (blue-collar) (41%).

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Correlação entre "profissões criativas" e grupos de ódio (per capita).

Estados mais ricos com maior concentração de trabalhadores em “ocupações criativas” (estas incluem ciência e tecnologia; negócios e administração; educação, direitos e medicina; e artes, cultura e entretenimento) proporcionam ambientes menos férteis para o ódio. Grupos de ódio estavam negativamente associados com níveis de riqueza (-36%) e com o percentual de trabalhadores em profissões “criativas” (-48%).

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Correlação entre imigração e grupos de ódio (per capita).

Grupos de ódio também refletem a base de abertura, tolerância e diversidade de uma região. Tais grupos estão negativamente correlacionados com concentrações de famílias de gays e lésbicas (-37%) e ainda mais onde há altas concentrações de imigrantes (-53%).

A geografia dos grupos de ódio resulta da mais geral divisão da população dos EUA em termos de política e ideologia, religião, educação, níveis de riqueza e classe social. Mas a presença de grupos de ódio não conduz, necessariamente, a crimes de ódio. Um estudo de 2010 sobre Grupos de Ódio e Crimes de Ódio, dos economistas Matt Ryan e Peter Leeson, não encontrou conexão empírica entre os dois dados. Traçando a associação entre grupos de ódio e crimes de ódio entre 2002 e 2006, eles descobriram que enquanto o número de organizações de ódio cresceu substancialmente, o número de crimes não – na verdade, tais crimes tiveram ligeira queda. Entretanto, eles encontraram forte relação entre crimes de ódio e condições econômicas adversas, particularmente desemprego e grau de pobreza extrema. Os pesquisadores sugerem que crimes de ódio seguem o padrão descrito há bastante tempo na clássica tese da frustração-agressão que, como seu nome indica, associa agressão a altos níveis de frustração: “Quando as pessoas enfrentam dificuldades econômicas, elas ficam frustradas”, escrevem Ryan e Leeson. “Eles canalisam a frustração em grupos sociais vulneráveis, como minorias étnicas, sexuais e religiosas.”

Ainda que grupos de ódio não estejam diretamente conectados com crimes de ódio, eles provêm da mesma base de fatores econômicos que dividem a população dos EUA por classe, ideologia e política. Grupos de ódio, assim como crimes de ódio, estão fortemente associados à miséria. A geografia do ódio nos Estados Unidos reflete e reforça a profunda “geografia” de classes do país.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Obama nasceu nos Estados Unidos

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Os americanos são um povo idiota, parecido com os e$bornianos, iletrados, cultura para uma faixa da população é um demérito, consumir é confundindo ou mesmo supera o conceito de cidadania.

O tea party, o maior grupo de retardados políticos, religiosos e racistas, há muito vem divulgando que Obama não é americano e que é mulçumano.

Agora, a casa branca foi obrigada a divulgar a certidão de nascimento do cara, mesmo após o governador (republicano), do Hawai, estado onde Obama nasceu, haver afirmado que o presidente americano havia mesmo nascido lá.

Coisas de um país de idiotas, que serve de modelo para outro povo idiota, os brazileiros.

Pra quem não acredita que aqui está a certidão: Obama's certificate of live birth

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Free Palestina

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Caros amigos,

O ataque mortal de Israel à frota de barcos humanitários que iam em direção a Gaza chocou o mundo.

Apesar de ter o direito de se defender, Israel abusou da sua força letal para defender um bloqueio vergonhoso a Gaza, onde dois terços das famílias mal podem garantir a próxima refeição. Governos, a ONU e organizações multilaterais repudiaram publicamente as ações de Israel, mas sem pressão popular, os líderes mundiais vão limitar sua resposta a meras palavras – como eles já fizeram tantas vezes.

Assine a petição demandando investigação, justiça e o fim imediato do bloqueio à Gaza – clique abaixo:

http://cdn.avaaz.org/po/gaza_flotilla/?vl

A petição será entregue às Nações Unidas e aos líderes mundiais, assim que alcançarmos 200.000 nomes. Uma petição massiva em um momento de crise como esse pode demonstrar aos que estão no poder que declarações e notas à imprensa não são suficientes – nós queremos ações concretas.

Vários países estão definindo suas estratégias diplomáticas agora mesmo, como a Turquia e o Egito. A União Européia debaterá suas relações comerciais e os Estados Unidos definirão a quantia de ajuda militar a Israel. Nossas vozes precisam chegar aos governantes globais: queremos a verdade, responsabilizar os culpados, cobrar Israel pelas violações do direito internacional e acabar com o bloqueio a Gaza. Faça parte desta campanha, assine a petição abaixo:

http://cdn.avaaz.org/po/gaza_flotilla/?vl

Todos ainda compartilham o mesmo sonho: dois Estados livres e viáveis, Israel e Palestina, que possam viver em paz lado a lado. Mas o bloqueio a Gaza e a violência usada para defendê-lo, envenenam este sonho.

Um colunista israelense escreveu hoje no jornal Ha’aretz hoje, “Nós não estamos mais defendendo Israel. Nós estamos agora defendendo o bloqueio (a Gaza). O bloqueio por si só está se tornando o Vietnam de Israel.” Milhares de ativistas pela paz em Israel protestaram hoje contra o ataque e o bloqueio, em passeatas desde Haifa até Tel Aviv e Jerusalém. O envio de tropas pesadas para atacar uma frota de navios humanitários em águas internacionais, foi um reação exagerada que causou mortes desnecessárias.

Não podemos trazê-los de volta. Mas talvez, juntos, nós possamos fazer deste momento trágico, um ponto de virada – se nós nos unirmos em um chamado de justiça inabalável e persistirmos no nosso sonho de paz.

Com esperança,

Ricken, Alice, Raluca, Rewan, Paul, Iain, Graziela e toda a equipe Avaaz

Saiba mais:

Entenda como funciona o bloqueio à Faixa de Gaza:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/05/100531_entendabloqueiogaza_ji.shtml

Israel ataca barcos que tentavam furar bloqueio de Gaza e mata ativistas:
http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2010/05/31/israel-ataca-barcos-que-tentavam-furar-bloqueio-faixa-de-gaza-mata-ativistas-916736797.asp

Comunidade internacional condena ataque de Israel à frota humanitária:
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/743257-comunidade-internacional-condena-ataque-de-israel-a-frota-humanitaria.shtml

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Por que vou a Gaza

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A brasileira Iara Lee, cineasta e ativista social, era uma das integrantes da "Flotilha da Liberdade", um grupo de seis navios que transportava mais de 750 pessoas com ajuda humanitária para a Faixa de Gaza e que foi atacado por Israel na madrugada dessa segunda-feira (31/5).

A Embaixada israelense em comunicado. "Iara Lee está em boas condições de saúde e recusou a opção de deixar o país voluntariamente. Neste momento está com as autoridades israelenses aguardando ser deportada."


Por que vou a Gaza

Em alguns dias eu serei a única brasileira a embarcar num navio que integra a GAZA FREEDOM FLOTILLA. A recente decisão do governo israelense de impedir a entrada do acadêmico internacionalmente reconhecido Noam Chomsky nos Territórios Ocupados da Palestina sugere que também seremos barrados. Não obstante, partiremos com a intenção de entregar comida, água, suprimentos médicos e materiais de construção às comunidades de Gaza.

Normalmente eu consideraria uma missão de boa vontade como esta completamente inócua. Mas agora estamos diante de uma crise que afeta os cidadãos palestinos criada pela política internacional. É resultado da atitude de Israel de cercar Gaza em pleno desafio à lei internacional. Embora o presidente Lula tenha tomado algumas medidas para promover a paz no Oriente Médio, mais ação civil é necessária para sensibilizar as pessoas sobre o grave abuso de direitos humanos em Gaza. O cerco à Faixa de Gaza pelo governo israelense tem origem em 2005, e vem sendo rigorosamente mantido desde a ofensiva militar israelense de 2008-09, que deixou mais de 1.400 mortos e 14.000 lares destruídos. Israel argumenta que suas ações militares intensificadas ocorreram em resposta ao disparo de foguetes ordenado pelo governo Hamas, cuja legitimidade não reconhece. Porém, segundo organizações internacionais de direitos humanos como Human Rights Watch, a reação militar israelense tem sido extremamente desproporcional.

O cerco não visa militantes palestinos, mas infringe as normas internacionais ao condenar todos pelas ações de alguns. Uma reportagem publicada por Amnesty International, Oxfam, Save the Children, e CARE relatou, “A crise humanitária [em Gaza] é resultado direto da contínua punição de homens, mulheres e crianças inocentes e é ilegal sob a lei internacional.”

Como resultado do cerco, civis em Gaza, inclusive crianças e outros inocentes que se encontram no meio do conflito, não têm água limpa para beber, já que as autoridades não podem consertar usinas de tratamento destruídas pelos israelenses. Ataques aéreos que danaram infraestruturas civis básicas, junto com a redução da importação, deixaram a população em Gaza sem comida e remédio que precisam para uma sobrevivência saudável.

Nós que enfrentamos esta viagem estamos, é claro, preocupados com nossa segurança também. Anteriormente, alguns barcos que tentaram levar abastecimentos a Gaza foram violentamente assediados pelas forças israelenses. Dia 30 de dezembro de 2008 o navio ‘Dignity’ carregava cirurgiões voluntários e três toneladas de suprimentos médicos quando foi atacado sem aviso prévio por um navio israelense que o atacou três vezes a aproximadamente 90 milhas da costa de Gaza. Passageiros e tripulantes ficaram aterrorizados, enquanto seu navio enchia fazia água e tropas israelenses ameaçavam com novos disparos.

Todavia eu me envolvo porque creio que ações resolutamente não violentas, que chamam atenção ao bloqueio, são indispensáveis esclarecer o público sobre o que está de fato ocorrendo. Simplesmente não há justificativa para impedir que cargas de ajuda humanitária alcancem um povo em crise.

Com a partida dos nossos navios, o senador Eduardo Matarazzo Suplicy mandou uma carta de apoio aos palestinos para o governo de Israel. “Eu me considero um amigo de Israel e simpatizante do povo judeu” escreveu, acrescentando: “mas por este meio, e também no Senado, expresso minha simpatia a este movimento completamente pacífico…Os oito navios do Free Gaza Movement (Movimento Gaza Livre) levarão comida, roupas, materiais de construção e a solidariedade de povos de várias nações, para que os palestinos possam reconstruir suas casas e criar um futuro novo, justo e unido.”

Seguindo este exemplo, funcionários públicos e outros civis devem exigir que sejam abertos canais humanitários a Gaza, que as pessoas recebam comida e suprimentos médicos, e que Israel faça um maior esforço para proteger inocentes. Enquanto eu esteja motivada a ponto de me integrar à viagem humanitária, reconheço que muitos não têm condições de fazer o mesmo. Felizmente, é possível colaborar sem ter que embarcar em um navio. Nós todos simplesmente temos que aumentar nossas vozes em protesto contra esta vergonhosa violação dos direitos humanos.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

O racismo enrustido do país

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Da revista Época edição 624.


Neymar, atacante do Santos, respondendo ao jornal O Estado de S. Paulo se já foi vítima de racismo:

- Nunca. Nem dentro nem fora de campo. Até porque eu não sou preto, né?


Comentário Politicamente (In)Correto

O comentário do jogador foi feito por ignorância ou vergonha?

Qualquer que seja a razão, é triste e um exemplo da hipocrisia e$borniana.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Imigrantes

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PS. Infelizmente não sei quem é o autor da imagem acima.

Não somos racistas, só acreditamos na pureza de raça.

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Uma frase de Andries Terreblanche, irmão do ex presidente do grupo racista sul-africano autodenominado afrikaner, Eugène Terreblanche, morto essa semana por um garoto de 15 anos, marca esse início de semana.

"Não somos racistas, só acreditamos na pureza de raça."

Eugène Terreblanche recentemente foi considerado culpado por um ataque brutal contra dois trabalhadores negros e sentenciado a seis anos de prisão, mas ainda estava em liberdade.

Comentários Politicamente (In)Corretos

O regime do apartheid foi implantado oficialmente em 1948, mas já existia, na prática, desde a primeira Guerra dos Boers, no Sec. XIX.

Em 1913 a Lei da Terra reserva 87% da terra aos brancos, que representam 18% da população, os 13% restantes, constituidos de áreas semi áridas e áridas, foi dividido entre as 11 etnias que compunham a população negra. A lei proibia que negros comprassem terras fora das áreas delimitadas, impossibilitando qualquer melhoria economica e ao mesmo tempo garantindo mão de obra barata para os latifundiários brancos.

Em 1976 os Distúrbios em Soweto deixaram cerca de 500 mortos, houve uma repressão em massa, mais de 5 mil presos, grande parte crianças. Meses de prisão sem acusação formal, muitas violentadas, torturadas e mortas. De acordo com um oficial de polícia, o regime queria dar uma lição inesquecível, para garantir a futura submissão ao estado.

O governo sul africano reconheceu que o apartheid foi responsável por 22 mil casos de torturas, mortes e/ou desaparecimentos. Grande parte disso na última década do regime.

Os afrikaners pregam o retorno do apartheid ou outra forma de segregação racial na Africa do Sul.

quinta-feira, 11 de março de 2010

demóstenes torres - DEM, coronelista, machista e racista

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Para demóstenes torres (aquele senador do DEM que também tem cara de sapo, não é o único), escravas eram "bem" tratadas e tinham opção, para tudo, até para serem ou não estupradas e mais, os escravos também eram culpados pela escravidão.

Como podemos ver nos textos abaixo, a
lém de sapo, é de um machismo e racismo bem ao estilo coronelista.

Vide a reportagem na Folha de SP em 04/03/2010

DEM corresponsabiliza negros pela escravidão

LAURA CAPRIGLIONE &LUCAS FERRAZ
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Para uma discussão que sempre convoca emoções e discursos inflamados, como é a das cotas raciais ou reserva de vagas nas universidades públicas para negros, a audiência pública que se iniciou ontem (3) no Supremo Tribunal Federal transcorreu em calma na maior parte do tempo. Até que um óóóóóóó atravessou a sala. Quem falava, então, era o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que se esforçava para demonstrar a corresponsabilidade de negros no sistema escravista vigente no Brasil durante quatro séculos.

Disse Demóstenes sobre o tráfico negreiro: "Todos nós sabemos que a África subsaariana forneceu escravos para o mundo antigo, para o mundo islâmico, para a Europa e para a América. Lamentavelmente. Não deveriam ter chegado aqui na condição de escravos. Mas chegaram. (...) Até o princípio do século 20, o escravo era o principal item de exportação da pauta econômica africana."

Sobre a miscigenação: "Nós temos uma história tão bonita de miscigenação... [Fala-se que] as negras foram estupradas no Brasil. [Fala-se que] a miscigenação deu-se no Brasil pelo estupro. [Fala-se que] foi algo forçado. Gilberto Freyre, que é hoje renegado, mostra que isso se deu de forma muito mais consensual."

As referências à história "tão bonita" da miscigenação brasileira, ao negro traficante de mão de obra negra, o democrata usou para argumentar contra as cotas raciais, já adotadas em 68 instituições de ensino superior em todo o país, estaduais e federais. Desde 2003, cerca de 52 mil alunos já se formaram tendo ingressado na faculdade como cotistas.

O partido de Demóstenes considera que as cotas raciais são inconstitucionais porque, ao reservar vagas para negros e afrodescendentes, contrariariam o princípio da igualdade dos candidatos no vestibular.

Na condição de relator de dois processos sobre o tema (também há um recurso extraordinário interposto por um candidato que se sentiu prejudicado pelo sistema de cotas adotado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul), o ministro Ricardo Lewandowski, do STF, decidiu convocar a audiência pública, que se estenderá até sexta-feira, com intervenções pró e anticotas.

A audiência pública é uma forma de as partes interessadas levarem seus pontos de vista ao STF. Segundo Lewandowski, o assunto será votado ainda neste ano. Se considerar que as cotas ferem preceito fundamental, acaba essa modalidade de ingresso no sistema universitário. Se considerar que são ok, a decisão sobre adotar ou não uma política de cotas continuará a ser dos conselhos universitários.

No primeiro dia, falou uma maioria de favoráveis às cotas, em um placar de 10 a 3. Falaram representantes de ministérios e de universidades favoráveis às cotas, e os advogados do DEM e do estudante gaúcho, além de Demóstenes.


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Carta de Repúdio das Conselheiras e Conselheiros do Conselho Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial - CNPIR

Nós, Conselheiras e Conselheiros do Conselho Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial - CNPIR vimos através desta, repudiar a opinião expressada pelo excelentíssimo senador da república sr. Demóstenes Torres, Presidente da Comissão de Constituição Justiça e Cidadania do Senado Federal, no seu pronunciamento durante a Audiência Pública no Supremo Tribunal Federal do Brasil (STF), no dia 03 de Março de 2010, que analisava o recurso instituído pelo Partido Democratas contra as Cotas para Negros na Universidade de Brasília.

Na oportunidade o mesmo afirmou que: as mulheres negras não foram vítimas dos abusos sexuais, dos estupros cometidos pelos Senhores de Escravos e, que houve sim consentimento por parte destas mulheres. Na sua opinião: Tudo era consensual!. O excelentíssimo senador da república Demóstenes Torres, continua sua fala descartando a possibilidade da violência física e sexual vivida por negras africanas neste período supracitado. Relembra-nos a frase: Estupra, mas não mata!!!.

O excelentíssimo senador Demóstenes aprofunda mais ainda seu discurso machista e racista, quando afirma que as mulheres negras usam de um discurso vitimizado ao afirmarem que são as vítimas diretas dos maus tratos e discriminações no que se refere ao atendimento destas na saúde pública. Que as pesquisas apresentadas para justificar a necessidade de políticas públicas específicas, são duvidosas e que nem sempre são confiáveis, pois podem ser burladas e conter números falsos.

Enquanto o estado brasileiro reconhece a situação de violência física e sexual sofrida pelas mulheres brasileiras, criando mecanismos de proteção como a Lei Maria da Penha, quando neste ano comemoramos 100 anos do Dia Internacional da Mulher, o excelentíssimo senador, vem na contramão da história e dos fatos expressando o mais refinado preconceito, machismo e racismo incrustado na sociedade brasileira.

Por isso, vimos através desta carta ao Povo Brasileiro repudiar a atitude do excelentíssimo senador Demóstenes Torres.

Ao tempo em que resgatamos a dignidade das mulheres negras e indígenas, que durante a formação desta grande nação, foram SIM abusadas, foram SIM estupradas, foram SIM torturadas, foram SIM violentadas em seu físico e sua dignidade. Aos filhos dos seus algozes, o leite do seu peito, aos seus filhos, o chicote. Não nos curvaremos ao discurso machista e racista do Senador! É inaceitável, que o pensamento dos Senhores de Engenho se expresse em atitudes no Parlamento Brasileiro.

Brasília, 05 de Março de 2010.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O novo alvo do racismo suiço

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Após a campanha para abolir os minaretes, a extrema direita xenófoba, agrupada no Partido Popular Suiço (SVP), agora aponta para um novo alvo, pasmem, as novas vítimas são os alemães, isso mesmo, os aproximadamente 250 mil alemães que moram na Suiça.


Com as eleições regionais em Zurique se aproximando e sem nada para usar como bandeira, os psicopatas suiços precisavam de um novo um inimigo.

Como os mulçumanos já foram batidos e o discurso acusando-os como um perigoso grupo inimigo, que está por trás de todos os problemas na Suíça, já está monstrando um certo cansaço, de tão repetitivo, pouco restava para a extrema direita conseguir apoio para essa eleição.

A alternativa foi criar um novo inimigo, dando algum gás para que os facistas tenham alguma chance.


Parágrafo primeiro: vide o partido Republicano americano e as suas estratégias eleitorais, todas em cima da segurança nacional, imigração, deus e outras maluquices, absolutamente iguais.

Então, o alvo escolhido agora são os alemães que, segundo os "ideólogos" do SVP, são culpados de estarem infiltrados em todas as áreas da socio-economia Suiça.

As acusações vão desde estarem ocupando empregos que deveriam ser de suiços (a gente já ouviu isso outras vezes, não?), até a de que professores alemães privilegiam alunos alemães em detrimento dos alunos suiços, os professores também são culpados de estarem ocupando vagas que deveriam ser de professores suiços.


Para quem quiser ler essa doideira, está na Spiegel Online (em inglês), sob o título, After Minarets, the Germans, em inglês.

domingo, 13 de setembro de 2009

As quase ciências criam mitos e conceitos que são assumidos e depois.....

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As quase ciências criam mitos e conceitos que são assumidos por alguns profissionais como se fosse verdadeiros, depois, para eliminá-los é uma dificuldade......

Para os seres humanos, a conceituação de raça serve apenas para os religiosos e os racistas (notem que não me referi a religião específica, mas todo o judaismo cristão se baseia no nós e nos outros). Há muito a ciência de verdade descontruiu o conceito de raça que, surgiu razões políticas, econômicas e sociais no Sec. XVIII e se consolida no Sec. XIX, foi umna estrtatéfga meramente para justificar o colonialismo e a escravidão.

Porém, o termo raça até hoje é erroneamente usado por alguns profissionais, como veterinários e outros, que insistem em rotular a variedade genética como "raça", seja de cães, gatos, cavalos.

Agora, ver médicos repetindo essa bobagem e tendo eco na imprensa, ai já é demais. Isso foi o que achou o
Prof. Sergio Danilo Pena e que o levou o a escrever esse artigo.

Na coluna Deriva Genética da revista Ciência Hoje online, há um interessante artigo-crítica, do uso do termo raça por jornalistas da folha de São Paulo:
Colunista da revista Ciência Hoje desconstrói textos que reforçam visão de negros como categoria biologicamente distinta.

Do pensamento racial ao pensamento racional por Sergio Danilo Pena
Professor Titular do Departamento de Bioquímica e Imunologia
Universidade Federal de Minas Gerais


Em 26 de junho de 2009, a Folha de S. Paulo, um dos maiores e mais importantes jornais do Brasil publicou na página de Saúde uma reportagem com a chamada: “Negros fumantes têm cinco vezes mais risco de câncer – Pesquisa da Unicamp analisou 464 pessoas, 200 delas com câncer de pulmão – Hipótese é que mutação genética seja capaz de potencializar a ação dos componentes com potencial carcinogênico do cigarro”.

Levei enorme susto! Afinal, a Folha tem, ao longo dos anos, valorizado o emprego da racionalidade no dia a dia social e político e tem se oposto consistentemente a toda forma de preconceito e discriminação.

Por exemplo, quando foi publicado no finalzinho de 2002 o nosso trabalho – agora um clássico – sobre cor e ancestralidade em brasileiros, a Folha elogiosamente publicou um editorial – texto que, por definição, apresenta o ponto de vista do jornal ou da empresa jornalística sobre uma questão – no qual se afirmava:

“O que o trabalho de Parra e Pena faz é mostrar, com um bom nível de evidência, que as características que entendemos socialmente como "de negros" não guardam correlação estatística com a presença de genes inequivocamente africanos.[...] As evidências científicas de que a espécie humana é singular e de que não faz sentido falar em raças constituem apenas um aspecto da luta contra o racismo. O fenômeno é paradoxal: não há raças em nível genético, mas elas existem em nossas mentes, e isso basta para que ganhem concretude social, possibilitando manifestações espúrias como o racismo. Por vezes, os piores inimigos do homem são suas próprias fantasias.”

Bravo! Mas a reportagem de junho não se alinhava com essa postura. Intrigado, suspeitando que a mão esquerda da Folha talvez não estivesse sabendo o que a direita andava fazendo, fiz algo fora do meu estilo: enviei no mesmo dia por e-mail uma carta ao editor, com cópia para o ombudsman, dizendo:

“Senhor editor, Estou escrevendo sobre o artigo “Negros fumantes têm cinco vezes mais risco de câncer”, que aceita e propaga a ideia errônea de que os negros constituem uma categoria biológica diferente dos brancos. A matéria ignora os muitos estudos científicos publicados pelo nosso grupo de pesquisa e outros, mostrando que no Brasil a correlação entre cor e ancestralidade genômica é tênue. É lamentável que um dos maiores jornais brasileiros publique algo tão cientificamente errado e socialmente preconceituoso."

Observem que não entrei no mérito da pesquisa médica em tela, mas me concentrei na apresentação jornalística. De qualquer maneira, para meu dissabor, a carta foi completamente ignorada.

Pois bem, eu ainda estava cicatrizando minha ferida narcísica quando a Folha repetiu a dose em 10 de julho com a notícia “Negro morre mais de câncer de mama, próstata e ovário – Estudo acompanhou 19.457 afroamericanos e brancos que tiveram tratamento igual, sem variáveis socioeconômicas – Segundo especialistas, não é possível saber se a situação se repete entre brasileiros; no país, não foram feitas pesquisas do mesmo tipo”.

Decidi então escrever esta coluna para discutir o problema levantado pelos artigos da Folha.

O que significa ser “negro” no Brasil?

Para estabelecer uma base objetiva de conversa, devemos examinar o que pode ser chamado de “etnossemântica brasileira”. Primeiro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base em autodeclaração, usa apenas os termos branco, pardo e preto como categorias estruturais. O que então vem a ser “negro” no Brasil? No seu livro Racismo à brasileira: uma nova perspectiva sociológica, Edward Telles explica que a expressão apareceu em documentos oficiais do Ministério da Justiça pela primeira vez em 1996, para englobar as categorias preta e parda do censo, aparentemente com a intenção de tentar convencer o órgão a mudar sua classificação. O IBGE resistiu com sucesso a essa ingerência.

O problema é que não faz nenhum sentido (exceto talvez um sentido político, que é um oximoro) tentar englobar pardos e pretos como uma única categoria de cor. Primeiro, o próprio Telles, no mesmo livro, escreve o seguinte a respeito de “pardo”: “Esse termo [...] também pode incluir outras categorias como os caboclos, isto é, indígenas aculturados ou pessoas com ascendência predominantemente indígena”.

Segundo, a questão é passível de análise científica. Em 2007, em colaboração com Guilherme Suarez-Kurtz, do Instituto Nacional do Câncer (Inca), fizemos um estudo de ancestralidade genômica de 336 indivíduos da cidade do Rio de Janeiro, dos quais 107 eram autoclassificados como brancos, 119 como pardos e 109 como pretos, segundo as categorias do IBGE. Os resultados estão na tabela ao abaixo.



Salta aos olhos que a ancestralidade africana dos indivíduos pardos (0,236) é intermediária entre a dos brancos (0,069) e pretos (0,509), estando de fato mais próxima dos primeiros do que dos últimos. Assim, pela análise desta amostra, não há qualquer fator que justifique a agregação proposta de pardos e pretos em negros.

O problema da biologização das diferenças humanas

A primeira classificação racial “científica” da humanidade foi feita pelo naturalista sueco Carl Linnaeus (1707-1778) na edição de 1767 do seu Systema Naturae (“Sistema da natureza” – ver figura abaixo). Linnaeus distinguiu quatro raças e qualificou-as de acordo com o que ele considerava serem as suas características principais:
  • Homo sapiens europaeus: Branco, sério, forte
  • Homo sapiens asiaticus: Amarelo, melancólico, avaro
  • Homo sapiens afer: Negro, impassível, preguiçoso
  • Homo sapiens americanus: Vermelho, mal-humorado, violento
Observem que Linnaeus atribuiu o status de subespécie às raças humanas, enfatizando a sua distinção biológica. É como se estivéssemos tratando de uma taxonomia “natural” da humanidade. Além disso, deu a elas uma associação de traços típica e fixa. Por exemplo, realmente havia a expectativa de todos os europeus serem “brancos, sérios e fortes”. A equivocada biologização das diferenças “raciais” foi disseminada e aceita, ao ponto de alguns naturalistas do século 19 proporem até que as raças humanas eram, na realidade, espécies diferentes! Entre eles, destaca-se Ernst Haeckel (1834 -1919), um famoso e influente biólogo evolucionista alemão abordado em uma coluna anterior. Na perspectiva essencialista ou tipológica, a raça é vista como um elemento inerente e fundamental que define holisticamente a pessoa. Nesse paradigma, o indivíduo não pode simplesmente ter a pele mais ou menos pigmentada, ou o cabelo mais ou menos crespo – ele tem de ser definido como “negro” ou “branco”, rótulo determinante de sua identidade. A pigmentação da pele e outras características superficiais, em vez de serem corretamente percebidas como pouco relevantes, sinalizam profundas diferenças entre as pessoas. Esse tipo de associação fixa entre características físicas e psicológicas absolutamente não faz sentido do ponto de vista genético e biológico! O genoma humano tem cerca de 20 mil genes e sabemos que poucas dúzias deles controlam a pigmentação da pele e a aparência física dos humanos. Está 100% estabelecido que esses genes não têm influência sobre qualquer traço comportamental, intelectual ou físico, incluindo a predisposição a câncer de pulmão ou qualquer outro câncer. A humanidade moderna emergiu uma única vez, na África, há menos de 200 mil anos. Assim, a história evolucionária humana é bem curta e a distribuição mundial de características genéticas é principalmente devida à dispersão, com um papel importante de deriva genética por efeitos fundadores sucessivos e seleção por adaptação a ambientes geográficos. Basicamente, a diversidade genética observável na Europa, Ásia, Oceania e nas Américas é meramente um subconjunto da variação encontrada na África.

Como bem disse o geneticista sueco Svante Pääbo, em uma perspectiva genômica somos todos africanos, morando na África ou em exílio recente de lá. Europeus são genealogicamente derivados de africanos e não há diferenças biológicas entre eles. Seja por que motivo for, tratá-los como sendo de espécies, subespécies ou “raças” diferentes é contribuir para racismo e discriminação! Há poucos dias chegou às livrarias o brilhante livro do Uma gota de sangue – história do pensamento racial, do sociólogo Demétrio Magnoli. Com argumentação histórica e sociológica que complementam os argumentos científicos que abordei no meu livro Humanidade sem raças?, a obra desconstrói as crenças em raças e na eficácia das cotas raciais. Recomendo sua leitura a todos. Deve ser tomado um infinito cuidado para evitar afirmativas desastrosas e errôneas sobre a cor e ancestralidade do brasileiro pelo perigo de reavivar ideias agora defuntas que, no passado, ajudaram a estabelecer e propagar teorias racistas. Vamos acrescentar duas letras ao pensamento racial e transformá-lo de uma vez por todas em pensamento racional!
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