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domingo, 4 de março de 2012

O leitor de jornal brasileiro não sabe ler e é mediocre

Alguém já se deu ao trabalho de ler os comentários dos "leitores", feitos em matérias ou mesmo colunas de  articulistas de jornais online? Um dia, quem sabe, faço até uma estatística. Mas uma olhada superficial, em especial de algumas matérias sobre ciências e política, tem-se a sensação (ou uma quase certeza), que o brasileiro médio é:
  • anti democrático, beirando o facismo;
  • um religioso dogmático e obscurantista;
  • ufanista, um tipo de rei terceiro mundista, que considera que a economia mundial depende da "riquesa" tupiniquim;
  • não conhecem história, apesar de volta e meia referirem-se a fatos que desconhecem ou só conhecem de maneira superficial, lendo manchetes de jornal ou artigos do Google;
  • são muito, mas muito tolerantes com corrupção, obviamente a feita pelo grupo com o qual simpatizam;
  • são mostruosamente iletrados e com um forte preconceito contra os que estudam mais ou estudam em escolas consideradas de melhor padrão, dá até para fazer uma analogia com os "rednecks", que chamam de esnobes qualquer pessoa que que tenha alguma cultura ou uma educação formal melhor e
  • deixam claro que nunca leram (quando sabem ler), um único livro além de Paulo Coelho, alguma coisa sobre anjos, Bruna Surfistinha e outros de auto-ajuda).
Como sugestão, peguem alguns artigos de Hélio Schwartsman, da Folha de São Paulo, que eu particularmente considero um dos melhores colunistas daquele jornal, os comentários que o populacho escreve, quando o assunto é ciências ou sobre religião, são assustadores e deprimentes.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Isso é do L. F. VERISSIMO mesmo

Isso é do L. F. VERISSIMO mesmo e está publicada no jornal Jornal Zero Hora de Porto Alegre de hoje, 26/01/2012

L. F. VERISSIMO

Para o jornal Zero Hora (para assinantes)

  • Saudade do Ted Boy Marino

    Alguma coisa aconteceu no coração do Brasil quando acabaram com as lutas de “catch”. Elas eram um sucesso na TV e seus astros viajavam em caravanas pelo país, apresentando-se em ginásios e circos. As lutas não eram lutas, eram teatro. Não eram exatamente combinadas, mas seguiam um roteiro estabelecido e havia um acordo tácito de que ninguém sairia do ringue machucado, mesmo que saísse arremessado.

    O roteiro básico não variava: eram os bons contra os maus, e os bons sempre ganhavam. Ou só perdiam quando o adversário traiçoeiro recorria a um golpe especialmente baixo, sob uivos de raiva da plateia. E a reação da plateia fazia parte do teatro. Havia uma suspensão voluntária de descrença, e todos torciam pelo Bem contra o Mal – ou pelo bonito contra o feio, o esbelto contra o barrigudo, o correto contra o falso – com um fervor que não excluía a consciência de que era tudo encenação.

    Era fácil distinguir os bons e os maus. Os bons eram atletas como o Ted Boy Marino, caráter tão irretocável quanto os seus cabelos loiros, que lutava limpo. Os maus tinham nomes como Verdugo e Rasputim, e comportamento correspondente ao nome. Lembro de um Homem Montanha, que mais de uma vez derrubou o juiz junto com o adversário. E não havia um Tigre Paraguaio?

    Os bons geralmente começavam apanhando e, quando parecia que estavam liquidados e que o Mal triunfaria, vinha a eletrizante reação, durante a qual o inimigo pagava por todas as suas maldades. Humilhação e vingança, nada na história do teatro é tão antigo e tão eficaz. Nove entre 10 novelas de TV têm o mesmo enredo.

    Não sei se ainda fazem espetáculos de “catch” pelo interior do país. Hoje, na TV, o que se vê é o “ultimate fighting”, ou “mixed martial arts”, dois lutadores simbolizando nada trocando socos e pontapés sem simulação, quando não se engalfinham no chão como um bicho de duas costas e oito patas em convulsão. Nessas lutas não vale, exatamente, tudo – parece que esgoelar o outro e xingar a mãe não pode. Mas é o “catch” despido da fantasia, com sangue de verdade. Não há mais mocinho e vilão, apenas duas máquinas de brigar, brigando. Nem Ted Boy Marino nem Homem Montanha, apenas a violência em estado puro. Sei não, acho que empobrecemos.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

UFC e Michel Teló são a cara da chinelagem moderna

UFC e Michel Teló são a cara da chinelagem moderna

Postado por Juremir Machado em 16 de janeiro de 2012 - Cotidiano

Correio do Povo

UFC ou MMA é um esporte que faz sucesso no mundo inteiro.
Assim como Michel Teló.
O UFC é a velha Luta Livre.
O antigo Vale Tudo.
A arte de bater no outro.
É um bagulho tão anacrônico quanto tourada ou farra do boi.
Chamar um troço desses de esporte é avacalhar o esporte.
É só pancadaria mesmo.
Sempre houve gosto pela pancadaria e pelo sangue, da Roma antiga ao boxe.
A lei do mais forte.
Quem bate mais e mais rápido.
Serve só para estimular o gosto pela violência.
Sei, sei, a violência com regras, a violência ética, a violência disciplinada.
Papo furado. É grotesco.
Michel Teló precisa ir para o morro descobrir a criatividade e a autenticidade do samba.
Já o UFC não tem jeito mesmo.
Só serve para bordões rastaqueras como esse do Galvão Malueno, “gladiadores do novo milênio”.
Vai ver que tomou um soco e ficou, como diria Jean Baudrillard, com o “encéfalo esponjoso”.
Renovação do velho gosto por socos e pontapé na era do sofisticado “ai se eu te pego”, que é uma atualização de outras baixarias e chinelagens, como sempre tem, a chinelagem da estação, que é que tem?
Chinelagem é assim: não dá nada. Faz o esqueleto balançar.
Mas continua sendo chinelagem.
É sintoma de alguma coisa.
Por que só chinelagem e violência ganham o mundo com tanta rapidez?
Chinelagem, violência, autoajuda, esoterismo e sexo, muito sexo, sacanagem.
Assim troteia a humanidade.
Sem complexos, com resposta para tudo e de quatro.
Anderson Silva é o Michel Teló dos novos ringues.
Eterno retorno do primitivo como instinto animal.
Afinal, não passamos disso.
Embora sejamos mais irracionais e perigosos.
É como falar em arrogância das bicicletas.
Arrogância dos motoristas feridos em seus brios de donos das ruas.
Ou em definições jurídicas sobre flanelinhas.
Quem define o que é delito ou crime é a sociedade por meio dos seus representantes, os políticos.
Tudo é cultural.
Cada época com os seus crimes, seus heróis, seus reacionários e suas revistas Oia.
Enquanto a Argentina põe ex-ditador na cadeia, Porto Alegre confirma homenagem aos nossos em nomes de avenidas importantes, legitimando o arbítrio e fazendo de conta que tivemos uma “ditabranda”.
Tudo isso faz parte de um caldeirão, o caldeirão da baixaria.
Teló, se não fosse tão jovem, poderia ter emplacado o melô da ditadura: “Ai se eu te pego”.
Em inglês,, ouvi isso, ficou a própria chinelagem globalizada.
Delicious! Delicious!
Tudo justificado pela lei enunciada por Guy Debord, a Lei da Chinelagem: o que é bom aparece, o que aparece é bom.
Síndrome do fumante que não quer ser incomodado no seu hábito nojento.
Síndrome do infrator de trânsito que não quer ser flagrado pelo pardal.
Síndrome do motorista de camionetão brega que não quer ser atrapalhado pela bicileta.
Síndrome do conservador que não quer ser incomodado por movimentos sociais.
Síndrome do agrochato chamando de ecochato quem o impede de destruir tudo por mais grana.
Síndrome do bêbado que quer ter o direito de dirigir e atropelar alguém.
Síndrome da era do  “estupro consentido” na televisão, ao vivo.
Síndrome da lei de Gérson: sempre levar vantagem em tudo, certo?
Errado.
Delicious, delicious!
A moleza acabou.
O cerco vai continuar.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

As barganhas políticas e o preenchimento de cargos públicos

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Uma das mazelas (entre várias), que ataingem o estado brasileiro, é o gigantesco número de cargos comissionados, aqueles de indicação dos ocupantes dos cargos eletivos no executivo.

Compete ao prefeito, governador e presidente da república a indicação de diretores, presidentes, superintendentes e toda uma penca de cargos de primeiro, segundo, terceiro ao enésimo escalão de autarquias, estatais e toda a ordem de insituições públicas.

Via de regra, a indicação atente uma barganha política ou simplesmente indicar um parasita partidário, que vai dar parte do seu salário ao partindo, como pedágio para continuar mamando na teta. Eu mesmo conheço uma leva de ex-colegas de universidade e de pós graduação, alçados a cargos no executivo, sem nunca na vida terem trabalhado de verdade.

O controle para evitar isso, deveria ser exercido pelos legislativos, mas com mensalões de todos os tipo e partidos, a aprovação se torna automática. O exemplo máximo são as indicações de juízes de cortes superiores, onde até um advogado partidário consegue aprovação automática.

Se nessas situações críticas, que são as cortes superiores a coisa já degringolou a muito tempo, imaginem naquelas áreas onde não há o mínimo interesse dos "gestores públicos", como na cultura.

Sobre isso, Ney Gastal, jornalista em Porto Alegre e ex diretor de museu, comenta o que está acontecendo no MASP (Museu de Arte Moderna de São Paulo).


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A notícia abaixo, da Folha de São Paulo, retrata um aspecto terrível da realidade cultural brasileira.
Reclamam-se dos pixadores que agridem prédios e monumentos, mas o que dizer dos (ir)responsáveis pela guarda e proteção do patrimônio histórico e artístico, que o tratam com desprezo?
Veja a notícia em seus múltiplos aspectos:
1-) Um dos assessórios expositivos do Masp, idealizado pela criadora do Museu e parte integrante de seu projeto e de suas estética virou divisória no restaurante.
2-) O atual diretor do Museu mente ao dizer que são réplicas, feitas para "usar a mesma linguagem do Museu". Finge ignorar que um plástico fosco colado sobre as peças as descaracterizaria por completo se fossem réplicas, mas que os buracos nelas existentes revelam que são as peças originais.
3-) Esquecendo que é Diretor de um Museu de Arte, explica que "aquilo é um cubo de concreto com vidro. Qualquer um faz". Ora bolas, "aquilo" não é um "cubo", e "qualquer um faz" é justamente o argumento usado por quem não entende e/ou não gosta de arte moderna para desmerecer qualquer obra. Pode um cara destes ser "diretor do Museu de Arte Moderna" ? ? ? ?
4-) Estes painéis são uma das maiores características do Masp, plenamente integrados à sua proposta arquitetônica, interna e externa. Sem o plástico fosco, é claro.
5-) Mas não estavam em uso.
6-) Um diretor anterior, "radicalmente contra os cavaletes de vidro", os mandou para o depósito, tempos atrás. Ora bolas. Se cada diretor vai confinar ao depósito peças não gosta, para que servem os Museus? Em resumo, parece que o Masp é tratado por seus administradores da mesma forma que foi por aquela pixadora que marcou suas paredes. Pena que todos não tenham o mesmo destino, tribunais e cadeia.
Ah: Os sublinhados e negritos aí embaixo foram postos por mim.
Ney Gastal, jornalista e ex-diretor de Museu.
28/04/2010 - 08h55
Projeto de Lina Bo Bardi vira divisória no restaurante do Masp



FERNANDA MENA


da Reportagem Local


De 1968 a 1995, eles sustentavam Van Goghs, Rembrandts e Caravaggios. Essa memória, no entanto, dificilmente é evocada pelo par de "biombos" de vidro que separam a cozinha e a fila do caixa no restaurante do Masp hoje.

É esse o destino que tiveram dois cavaletes de vidro projetados pela arquiteta italiana Lina Bo Bardi (1914-1992) como suporte para obras do museu.

"Isso aí não é original. Só colamos um plástico no vidro fosco para bloquear a visão da cozinha", explica uma funcionária do restaurante, que fica no subsolo do prédio concebido por Lina nos anos 60.

A administração do museu afirma que as peças são réplicas feitas pelo restaurante. "É para usar a mesma linguagem do museu", disse à Folha o diretor Luiz Pereira Barreto.




Danilo Verpa/Folha Imagem


"Réplicas" do cavelete de vidro de Lina usados como divisória no restaurante do museu
"Réplicas" do cavelete de vidro de Lina usados como divisória no restaurante do museu

Confrontado com o fato de as "réplicas" apresentarem quatro buracos na estrutura do vidro, úteis para fixar quadros, mas não para a função de biombo, Barreto disse que o restaurante "pode ter usado algum vidro que estava sobrando". "Aquilo é um cubo de concreto com vidro. Qualquer um faz", diz.

Ideário modernista

Para o arquiteto Marcelo Ferraz, que trabalhou com Lina por 15 anos, o argumento é uma "desculpa esfarrapada". "Réplica ou não, trata-se do projeto da Lina, que faz parte do Masp tanto quanto o edifício", avalia. "Essa utilização é uma violência contra um ideário modernista, que por si só precisa ser respeitado. É como se fizessem uma réplica de uma cadeira de design consagrado e a transformassem numa privada."

"É assustador! Mas infelizmente é essa a maneira como o Masp tem tratado a obra da Lina", lamenta Solange Farkas, diretora do Museu de Arte Moderna da Bahia, também projetado pela arquiteta.

A simplicidade da peça idealizada por Lina contrasta com a ousadia de sua proposta: libertar a obra de arte das paredes, criando a ilusão de que flutuam no espaço, numa convergência com o projeto do próprio prédio, suspenso na avenida Paulista.

Utilizados como suporte para o acervo do museu desde sua inauguração, em 1968, os cavaletes foram retirados do espaço expositivo e levados a um depósito durante a gestão do curador Luiz Marques, hoje professor de história da arte da Unicamp.

"Sou radicalmente contra os cavaletes de vidro, mas eles têm sua dignidade histórica e não devem virar móveis e utensílios pura e simplesmente", diz Marques.


quarta-feira, 24 de março de 2010

E na TV.....

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Um julgamento transformado em carnaval e a final do Big "Brodi", a audiência das TVs devem estar "bombando".

Até nas TVs pagas a coisa está assim, nos canais de jornalismo, um percentual significativo do tempo é gasto com isso.

Sem comentários, o populacho está nas nuvens com tanta diversão saudável e inteligente.