Na Argentina, moradores fazem “resistência pacífica” contra exploração de ouro nos Andes
Manifestantes bloqueiam estrada há 22 dias; governo deu concessão a multinacional canadense
Do Ópera Mundi
Acampados há 22 dias, os moradores de Famatina e Chilecito, cidades localizadas na província de La Rioja, no noroeste da Argentina, se revezam em barracas e dividem o chuveiro e o banheiro que foram montados com uma conexão improvisada de água. Em plena estrada de terra, bloqueiam o acesso ao morro Nevado de Famatina, localizado aos pés da Cordilheira dos Andes.
A medida, dizem os acampados, é uma “resistência pacífica” à assinatura de um convênio entre o governo de La Rioja e a multinacional canadense, e aos inícios das atividades de exploração de ouro e outros metais no morro Famatina.
A passagem somente é liberada para turistas e moradores da região. Funcionários do governo ou da empresa de mineradora Osisko Mining Corporation são barrados. “Esse é um movimento de toda a população. Toda a comunidade nos apóia, o prefeito, o padre, os clubes de futebol, as escolas e moradores”, disse ao Opera Mundi a professora de educação tecnológica Carolina Suffich, que participa do bloqueio.
“A mineração a céu aberto utiliza toneladas de cianureto, dinamites e um milhão de litros de água por dia. Perfuram e quebram glaciares que estão embaixo das pedras e contaminam o lençol freático, nossa fonte de água, porque moramos a apenas 20 quilômetros daqui”, afirmou Carolina.
Com uma altura de 6.250 metros acima do nível do mar, o morro é, há anos, cobiçado por empresas estrangeiras por suas jazidas minerais, o que deu aos moradores das cidades vizinhas à cordilheira experiência na luta pela preservação do patrimônio natural da região. As manifestações contra a atividade mineira chegam a reunir quatro mil pessoas, mais da metade da população de Famatina, de cerca de sete mil habitantes.
Governo mudou de posição
O manifestantes rejeitaram as declarações feitas nesta terça-feira (24/01) pelo governador de La Rioja, Luis Beder Herrera, de que a extração mineira em Famatina não provocará danos ao meio-ambiente. “A contaminação será zero, completamente nula, não tem possibilidade de que se permita nem muita, nem pouca”, garantiu, em uma coletiva de imprensa. Com opiniões pouco constantes no que diz respeito à mineração a céu aberto, Herrera, eleito pelo partido kirchnerista FPV (Frente para a Vitória), se manifestava contra o tipo de extração durante o conflito com a canadense Barrick Gold, quando ocupava o posto de vice-governador da província.
Já governador, o kirchnerista acabou revogando a lei anti-mineração que ele mesmo tinha impulsionado na legislatura provincial e criou uma empresa estatal que é, atualmente, o órgão encarregado de negociar os acordos com as multinacionais do setor. “Não vou ‘mariconear’ com isso [protestos contra a atividade mineira], vou tomar as decisões que nos permitam explorar a mineração e desenvolver a província”, afirmou, em dezembro, no ato de posse de segundo mandato como governador.
Comentário Politicamente (IN)correto
Lá como aqui, dá para notar que a grana e promessas já compraram o governador e os legisladores da província.
Aqui nem precisa, o governo se encarrega diretamente da negociação.
A medida, dizem os acampados, é uma “resistência pacífica” à assinatura de um convênio entre o governo de La Rioja e a multinacional canadense, e aos inícios das atividades de exploração de ouro e outros metais no morro Famatina.
A passagem somente é liberada para turistas e moradores da região. Funcionários do governo ou da empresa de mineradora Osisko Mining Corporation são barrados. “Esse é um movimento de toda a população. Toda a comunidade nos apóia, o prefeito, o padre, os clubes de futebol, as escolas e moradores”, disse ao Opera Mundi a professora de educação tecnológica Carolina Suffich, que participa do bloqueio.
“A mineração a céu aberto utiliza toneladas de cianureto, dinamites e um milhão de litros de água por dia. Perfuram e quebram glaciares que estão embaixo das pedras e contaminam o lençol freático, nossa fonte de água, porque moramos a apenas 20 quilômetros daqui”, afirmou Carolina.
Com uma altura de 6.250 metros acima do nível do mar, o morro é, há anos, cobiçado por empresas estrangeiras por suas jazidas minerais, o que deu aos moradores das cidades vizinhas à cordilheira experiência na luta pela preservação do patrimônio natural da região. As manifestações contra a atividade mineira chegam a reunir quatro mil pessoas, mais da metade da população de Famatina, de cerca de sete mil habitantes.
Governo mudou de posição
O manifestantes rejeitaram as declarações feitas nesta terça-feira (24/01) pelo governador de La Rioja, Luis Beder Herrera, de que a extração mineira em Famatina não provocará danos ao meio-ambiente. “A contaminação será zero, completamente nula, não tem possibilidade de que se permita nem muita, nem pouca”, garantiu, em uma coletiva de imprensa. Com opiniões pouco constantes no que diz respeito à mineração a céu aberto, Herrera, eleito pelo partido kirchnerista FPV (Frente para a Vitória), se manifestava contra o tipo de extração durante o conflito com a canadense Barrick Gold, quando ocupava o posto de vice-governador da província.
Já governador, o kirchnerista acabou revogando a lei anti-mineração que ele mesmo tinha impulsionado na legislatura provincial e criou uma empresa estatal que é, atualmente, o órgão encarregado de negociar os acordos com as multinacionais do setor. “Não vou ‘mariconear’ com isso [protestos contra a atividade mineira], vou tomar as decisões que nos permitam explorar a mineração e desenvolver a província”, afirmou, em dezembro, no ato de posse de segundo mandato como governador.
Comentário Politicamente (IN)correto
Lá como aqui, dá para notar que a grana e promessas já compraram o governador e os legisladores da província.
Aqui nem precisa, o governo se encarrega diretamente da negociação.
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